‘O Ritual’: O que é real e o que é ficção no novo filme de terror?

O filme ‘O Ritual’ explora a linha tênue entre realidade e ficção ao dramatizar um dos mais documentados casos de possessão demoníaca da história americana, o de Emma Schmidt. Estrelado por Al Pacino e Dan Stevens, a produção de David Midell mergulha no terror psicológico e espiritual, questionando a fé e a vulnerabilidade humana em meio a um exorcismo intenso e perturbador.

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Você já se perguntou o quanto de uma história de terror é real e o quanto é pura invenção cinematográfica? Pois bem, o filme ‘O Ritual’ chegou para bagunçar sua cabeça e te fazer questionar tudo sobre possessões demoníacas. Se você é fã de um bom susto e adora desvendar os mistérios por trás das telonas, prepare-se, porque vamos mergulhar fundo na história real que inspirou essa produção de arrepiar com Al Pacino e Dan Stevens!

A História Arrepiante por Trás de ‘O Ritual’

Muito antes de clássicos como ‘O Exorcista’ aterrorizarem plateias no mundo todo, a Igreja Católica já lidava com casos que pareciam ser possessões demoníacas. Um dos mais documentados e chocantes é o de Emma Schmidt. Essa mulher americana, conhecida por um tempo apenas pelo pseudônimo Anna Ecklund, teria enfrentado múltiplas possessões ao longo da vida, passando por diversos exorcismos.

O exorcismo final de Emma aconteceu em 1928. Durou incríveis quatro meses e foi conduzido principalmente pelo Padre Theophilus Riesinger. É exatamente essa janela de tempo, esses quatro meses intensos, que o filme ‘O Ritual’ escolhe explorar. A história real é um prato cheio para quem busca entender a profundidade do terror psicológico e espiritual.

No longa, somos apresentados ao Padre Joseph Steiger, um sacerdote de Iowa que é convocado por seu Bispo local. A missão? Ajudar no exorcismo de Emma e documentar tudo. É nesse ponto que ele se encontra com Riesinger, que na vida real já era seu amigo. Juntos, eles embarcam em um esforço desesperador para tentar salvar a alma de Schmidt. Dan Stevens dá vida a Steiger, enquanto o lendário Al Pacino interpreta Riesinger, trazendo uma intensidade única para a tela.

O elenco de ‘O Ritual’ ainda conta com Abigail Cowen no papel de Emma Schmidt, além de Ashley Greene, Patricia Heaton, María Camila Giraldo, Meadow Williams e Patrick Fabian, que muitos conhecem de ‘O Último Exorcismo’. Essa mistura de talentos promete uma experiência cinematográfica inesquecível, que te fará duvidar do que é real e do que não é.

Mergulhando na Produção: A Visão de David Midell

David Midell, o diretor e corroteirista de ‘O Ritual’, não é um novato quando o assunto é contar histórias baseadas em fatos reais. Ele já nos trouxe dramas como ‘NightLights’ (2014) e o aclamado thriller biográfico ‘The Killing of Kenneth Chamberlain’. O sucesso de ‘Kenneth Chamberlain’ inspirou Midell e seu parceiro de produção, Enrico Natale, a continuar explorando o gênero de “histórias verídicas”.

Mas eles queriam um novo desafio: experimentar um gênero diferente. Foi assim que se depararam com o subgênero do terror de exorcismo. A história de Emma Schmidt os fascinou de imediato. Midell achou que a narrativa levantava “perguntas realmente interessantes”, ecoando um tema que ele já havia explorado em seus filmes anteriores: “O que as pessoas estão dispostas a fazer para ajudar aqueles que são vulneráveis ao seu redor?”.

Para Midell, o coração de ‘O Ritual’ está exatamente aí. Ele descreve Emma como “uma mulher realmente vulnerável que estava sofrendo muito”. Do outro lado, temos “um grupo de pessoas, sacerdotes e freiras, que se unem e se colocam em grande risco pessoal, grande risco físico e grande risco espiritual para tentar aliviar seu sofrimento”. É essa dedicação e sacrifício que movem a trama e dão profundidade ao filme, indo além do mero susto.

Entre Fatos e Licença Poética: Onde ‘O Ritual’ Se Permite Criar

Quando se trata de adaptar uma história real para o cinema, sempre existe um equilíbrio delicado entre a fidelidade aos fatos e a necessidade de uma “licença dramática”. David Midell reconhece que isso é inevitável, especialmente quando os eventos aconteceram há quase 100 anos. Os arquivos de informações sobre o caso de Emma Schmidt são limitados, o que torna o trabalho ainda mais desafiador.

No entanto, o caso de Emma é um dos exorcismos mais documentados e amplamente divulgados na história americana. Isso deu a Midell e Natale uma base sólida, mesmo com as lacunas. O diretor explica que a Igreja tende a ser muito privada, principalmente para proteger a privacidade das pessoas envolvidas em exorcismos. Por isso, eles tiveram que ir a fundo na documentação existente e fazer algumas “suposições educadas”.

Por exemplo, havia registros do que aconteceu em certos momentos da vida de Emma, mas não em outros. “Com base no que estava acontecendo aqui, podemos fazer algumas suposições educadas sobre como esse período pode ter sido”, explica Midell. O mesmo vale para o impacto psicológico ou espiritual no grupo de padres e freiras. Eles precisavam imaginar como as manifestações do dia anterior poderiam ter afetado, por exemplo, os pensamentos do Padre Steiger à noite.

Esse processo de preencher as lacunas com criatividade e pesquisa é o que permite que ‘O Ritual’ não seja apenas um documentário, mas uma experiência cinematográfica envolvente. É a arte de contar uma história, mesmo quando os detalhes exatos se perdem no tempo, mantendo a essência e o impacto emocional dos eventos reais.

Os Segredos de Emma Schmidt: O Que Ficou Fora do Filme?

Uma das áreas onde David Midell e Enrico Natale mais usaram a licença dramática foi na representação da própria Emma Schmidt. Grande parte de sua história pregressa, incluindo detalhes de sua infância e casos anteriores de possessão, foi deixada de fora ou apenas mencionada de passagem. Midell admite que havia “informações realmente fascinantes” sobre Emma e os exorcismos anteriores de sua vida que não puderam ser incluídas no filme.

As razões para isso foram tanto “logísticas” quanto a preocupação em não “alienar o público”. O diretor temia que alguns dos “episódios realmente incríveis” presentes nos registros pudessem parecer “clichês”, “exagerados” ou até mesmo que os espectadores pensassem “já vimos isso antes”. É um desafio balancear a veracidade com a necessidade de manter a história fresca e impactante para o público moderno.

Ainda assim, Midell faz um convite intrigante: “Eles fazem parte do registro, então não quero dar spoilers nem nada, mas qualquer um que fizer uma busca rápida no Google encontrará informações adicionais realmente, realmente fascinantes sobre alguns dos episódios que não pudemos incluir no filme”. Isso só aumenta a curiosidade sobre a história real de Emma e o que mais a produção poderia ter explorado.

Apesar das omissões no roteiro, Abigail Cowen, a atriz que interpreta Emma, mergulhou fundo na pesquisa sobre sua personagem. Ela fez “muita pesquisa extra” para entender quem era Emma. A atriz elogiou Midell por fornecer muito material, e os dois “se prepararam meses antes”. Cowen “mergulhou fundo em aprender sobre o passado de Emma”, especialmente “como ela cresceu” e “o que ela suportou quando era jovem” com seus primeiros casos de possessão. Essa dedicação ajudou a construir uma personagem complexa e crível, mesmo com as lacunas do roteiro.

Dando Vida à Possessão: O Desafio Físico de Abigail Cowen

‘O Ritual’ não foge dos arrepios das cenas de exorcismo, e Abigail Cowen foi a fundo para retratar a possessão de sua personagem. Desde convulsões corporais até o uso de adereços e acrobacias físicas, a atriz se entregou completamente. Cowen lembra que Midell lhe enviou “muitos vídeos de certos exorcismos, convulsões e movimentos” para ajudá-la a determinar como seria a fisicalidade de Emma. Ela se sente “muito grata por termos tido tempo para ensaiar”.

Os ensaios foram cruciais. “David e eu entramos, e eu disse: ‘Ok, e isso? E isso? E essa posição?'”, compartilhou Cowen. “E ele dizia: ‘Gosto disso, e então faremos a transição para essa posição. Este pulso vai aqui.’ Nós realmente bloqueamos cada movimento físico, o que foi muito útil para mostrar a transição para a possessão, versus a Emma lúcida.” Essa atenção aos detalhes físicos é o que torna as cenas tão perturbadoras e realistas.

Um dos maiores objetivos de Midell e Cowen era “mostrar o aspecto de horror de uma pessoa possuída”, mas também “talvez flertar com a linha de: ‘Isso é um problema psicológico ou psiquiátrico?'”. Isso os levou a brincar com “pequenos movimentos dos olhos” e “pequenos ângulos” para criar essa dúvida nos espectadores. Eles “estudaram bastante” para garantir que as manifestações se parecessem com uma convulsão realista, elogiando o processo como um “esforço muito colaborativo” entre eles.

Essa abordagem adiciona uma camada de complexidade ao filme, fazendo com que o público reflita sobre a natureza do mal e da doença mental, e como elas podem se manifestar de maneiras assustadoras. É um toque de mestre que eleva ‘O Ritual’ além de um simples filme de terror, transformando-o em uma experiência que provoca a mente e o espírito.

Inspirações Clássicas e Modernas: De ‘O Exorcista’ a ‘O Último Exorcismo’

Desde que ‘O Exorcista’ popularizou o conceito, o cinema foi inundado com uma vasta gama de filmes baseados em exorcismos. Muitos, assim como ‘O Ritual’, também se inspiraram em histórias supostamente reais, como o sucesso ‘O Exorcista do Papa’, estrelado por Russell Crowe, e até mesmo o filme ‘O Ritual’ (2011) com Anthony Hopkins, além de diversas produções no universo de ‘Invocação do Mal’.

Com tanto material para se inspirar, David Midell admitiu que ‘O Exorcista’ foi uma grande influência. Ele descreve o clássico como “um dos meus filmes favoritos de todos os tempos” que teve “um impacto incrível em mim” na primeira vez que assistiu. É inegável a marca que essa obra deixou no gênero e em todos os que vieram depois.

O diretor e corroteirista também buscou inspiração em produções mais modernas. Scott Derrickson e seu ‘O Exorcismo de Emily Rose’ foi um dos citados. Midell sentiu que esse filme “realmente retrata seus personagens como pessoas totalmente tridimensionais e vulneráveis, por quem você realmente sente”, além de também ser baseado em uma história real. Outro filme que ele “realmente ama” é ‘O Último Exorcismo’, de 2010. Essa admiração chegou a render um reencontro, já que Patrick Fabian, que liderou o elenco do filme de 2010, foi escalado para ‘O Ritual’, fechando um círculo interessante na carreira de Midell.

Já Abigail Cowen, apesar de Midell ter sugerido que ela assistisse a esses filmes, optou por vê-los “levemente”. Ela “não queria fazer nada onde estivesse copiando”. Em vez disso, a estrela realmente queria ter certeza de que estava oferecendo “algo novo” e “algo mais fundamentado” ao subgênero do terror de exorcismo. Sua meta era “realmente se concentrar na história de Emma” e “o que ela estava passando” além de sua possessão, buscando uma interpretação mais profunda e única para ‘O Ritual’.

‘O Ritual’: Um Mergulho na Realidade do Medo

‘O Ritual’ é mais do que um simples filme de terror sobre possessão. É uma jornada complexa que nos convida a explorar as tênues fronteiras entre o que é real e o que é ficção, especialmente quando se trata de eventos tão extraordinários quanto um exorcismo. Ao mergulhar na história de Emma Schmidt, o filme não só nos entrega sustos genuínos, mas também nos faz refletir sobre a vulnerabilidade humana, a fé e o sacrifício.

A dedicação de David Midell em pesquisar os fatos e a entrega de Abigail Cowen em dar vida a uma personagem tão desafiadora mostram o compromisso da equipe em criar uma obra que seja ao mesmo tempo arrepiante e significativa. ‘O Ritual’ é uma prova de que as histórias mais aterrorizantes muitas vezes são aquelas que têm raízes na realidade, nos deixando com a dúvida inquietante: e se tudo isso for verdade?

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