Wagner Moura sempre brilhou na televisão com personagens fantásticos em novelas, revelando que nasceu mesmo para atuar. Todavia, agora trilha um novo caminho dentro da dramaturgia e ‘Marighella’ é sua grande estreia como diretor, algo diferente de tudo que já fez.
A trama nos lembra sobre um importante episódio que aconteceu no período da ditadura no Brasil, mas não foi fácil trazer o longa para o território nacional. A princípio, o título, que traz Seu Jorge como protagonista, precisou passar por cima da censura, conforme alega Wagner.
Acima de tudo, a produção já está pronta desde 2019, quando seria lançada, entretanto, conseguiu liberação de estreia apenas para 4 de novembro de 2021. Existe um momento muito oportuno para a escolha da data: o aniversário de 62 anos da morte de Marighella. “Foi muito angustiante o filme não ter estreado quando queríamos que estreasse. Foi muito difícil pra mim particularmente. Todo esse sucesso, esses prêmios, essa alegria, isso é tudo muito bom”, explicou o diretor.
“Em contrapartida, nada disso fazia sentido sem chegar nesses dias que chegou agora, de entregar esse filme no Brasil e a gente ter recebido esse amor tão grande desde a nossa estreia em Salvador, no teatro Castro Alves, na terra de Marighella”, finalizou ele. De acordo com Moura, o adiamento aconteceu simplesmente pela demora da Ancine.
“Eu tenho falado bastante sobre a censura. Eu não tenho a menor dúvida de que o filme foi censurado. Os pedidos negados pela Ancine, feitos pela O2 (produtora), foram negados em um momento em que (Jair) Bolsonaro falava abertamente sobre filtragem na Ancine, ‘Ou vai ter filtragem na Ancine, ou vai ter que acabar'”.
‘Marighella’ reúne elenco de peso e já rodou por diversos países
“Não foi só com a gente, era uma época que falavam que filme da Bruna Surfistinha não pode ter, editais LGBTQs eram cancelados inexplicavelmente, que o Crivella (ex-prefeito do Rio de Janeiro) nessa mesma onda cancelou as HQs que tinham uns caras se beijando na boca, enfim era um contexto”, concluiu.
Além de Seu Jorge, o filme traz um elenco com nomes que todos os brasileiros conhecem. Adriana Esteves, Bruno Gagliasso, Herson Capri, Humberto Carrão e Ana Paula Bozas são alguns dos atores que fazem a história ganhar vida.
De antemão, antes de chegar em solo brasileiro, ‘Marighella’ passou por diversos festivais ao redor do mundo, em cidades como Seattle, Hong Kong, Istambul, Estocolmo, Berlim, Sydney, dentre outras. Mesmo com exibição em diferentes países, há críticas negativas:
“Moura potencializa a imagem de outsider nobre com o fato de seu protagonista ser o único negro do elenco, e isso apesar de Carlos Marighella, com suas raízes indígenas e africanas, não exatamente se diferenciar de seus compatriotas pela cor da pele. Ele era um mestiço, como 38% dos brasileiros. Ou seja, apresentá-lo como negro – e transformá-lo em alvo com uma frase como “matar um negro significa matar um vermelho” – é sair do conflito político e transformá-lo num conflito racista. E de uma maneira que todos assim o percebem”, afirmou os críticos do jornal alemão Der Tagesspiegel. Além disso, há críticas sobre a suposta tentativa de transformar Marighella em um herói.
Trailer:
Mocinho ou vilão, ele marcou seu nome na história do país. Então, você acredita que o título fará sucesso? Para ficar por dentro de tudo que acontece no universo dos filmes, séries e streamings, acompanhe o Cinepoca também pelo Facebook e Instagram!
