‘Death Note’ e outros animes ‘demonizados’ pela TV brasileira

Programa da Record exibiu reportagem contraditória sobre o 'caderno da morte'.

No último dia 17 de outubro, uma matéria exibida no Domingo Espetacular fez um alerta sobre desenhos que produzem conteúdo violento às crianças, todavia, qual o problema nisso? O maior exemplo citado foi ‘Death Note’, de 2007, que atualmente está presente em diversos streamings. Essa não foi a primeira vez que ‘demonizaram’ um anime, entretanto, os argumentos pouco coerentes causam revolta nos fãs das produções japonesas.

O dominical apresentou uma séria denúncia ao título, informando que a obra influencia de maneira negativa não só o público infantil, como, acima de tudo, os adolescentes. “Especialistas denunciam que muitas crianças estão acessando material que tem uma aparência inofensiva, mas que trazem cenas de violência explícita capazes de chocar até a um adulto e provocar sérios danos à saúde mental”, narrou a apresentadora Carolina Ferraz ao anunciar a matéria de 11 minutos.

Death Note foi pauta de programa dominical.
Matéria sobre ‘Death Note’. Imagem: Reprodução/ TV Record)

Após a explicação sobre a história de ‘Death Note’, a narração apontou que a animação tem classificação etária entre 16 e 18 anos, ou seja, é imprópria para menores e nunca tentou esconder isso. A reportagem sobre a série poderia ter sido encerrada ali, pois uma pessoa mais nova não deve ter acesso ao anime, todavia, ignoraram essa questão.

Quem acompanha anime e mangá no Brasil, com certeza se lembra de outros casos em que apontaram as produções japonesas como algo ruim. No início dos anos 2000, por exemplo, Gilberto Barros alardeou o sucesso de ‘Yu-Gi-Oh’, afirmando que as cartinhas eram satanistas. Em contrapartida, até mesmo ‘Dragon Ball Z’ sofreu ataques do apresentador, entretanto, muitos apontam que a denúncia foi feita simplesmente porque pouco tempo antes, a Band havia perdido os direitos de exibição do anime para a Globo.

Gilberto Barros falando mal de 'Yu Gi Oh'.
Gilberto Barros atacando animes. (Imagem: Reprodução/ Band)

Matéria da Record usa termos perigosos ao falar de ‘Death Note’

Em 2004, um caso parecido aconteceu. O Ministério da Justiça proibiu a TV Globo de transmitir ‘InuYasha’, pois considerava o material violento demais para o período matinal. Na imprensa, noticiaram a informação como “Governo veta ‘demônio’ de manhã na Globo”. O SBT também sofreu problemas com a justiça quando tentou exibir ‘Naruto’ às 20 horas.

Voltando ao caso de ‘Death Note’, a emissora de Edir Macedo culpa o anime por crianças assistirem, ignorando a classificação indicativa, sendo que o apelo deveria servir como orientação aos pais. Além disso, a discussão está atrasada na TV aberta, pois o conteúdo em questão está longe de ser um dos mais violentos da atualidade. Sendo assim, não haveria motivos para usa-lo como exemplo.

Trecho da matéria exibida no 'Domingo Espetacular'.
‘Death Note’ foi apontado como um perigo para crianças e adolescentes. (Imagem: Reprodução/ TV Record)

É importante destacar, também, que não houve espaço para nenhuma entrevista que fosse contra a narrativa da emissora, para que houvesse um debate. Ao final da reportagem, uma declaração perigosa foi ao ar: “Isso é um lixo tóxico, é uma incivilidade”, apontou uma especialista.

Então, qual é o seu posicionamento sobre o assunto? Para ficar por dentro de tudo que acontece no universo dos filmes, séries e streamings, acompanhe o Cinepoca também pelo Facebook e Instagram.

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