A princípio, os desenhos servem para entreter e educar crianças, contudo, muitos deles acabam fisgando o coração das pessoas mais velhas, e Pica-Pau é um exemplo clássico disso: a ave que adora atormentar seus algozes conquistou os espectadores de todas as idades, e um dos episódios mais marcantes, sem dúvidas, é o ‘Niagara Fools’ (Vamos às Cataratas).
Com lançamento em outubro de 1956, acompanha uma visita do pássaro às Cataratas do Niágara, quando um guarda canta vantagem por nunca ter deixado nenhum maluco descer as quedas d’água em um barril. Sendo assim, Pica-Pau decide infernizá-lo e leva diversos barris para descer, e o guarda tentando impedi-lo, acaba caindo sobre as cachoeiras por diversas vezes. Mais abaixo, uma plateia fiel usando capas de chuvas assiste cada um dos momentos, todavia, mesmo sendo algo engraçado, o episódio se baseia em uma atividade comum (e sinistra) no início do século XX.
A aposentada Annie Edson Taylor, de 63 anos, estava falida após seu esposo morrer durante a Guerra Civil Americana, então, para atrair mídia e, consecutivamente dinheiro, convocou a imprensa para que todos acompanhassem sua aventura. Acima de tudo, modificou um barril comum, com peças de couro e vedações, para que ele ficasse ‘apropriado’.
O primeiro teste foi com um gato, que surpreendentemente saiu ileso após a queda. Em seguida, foi a vez de Annie, em 24 de outubro de 1901. 17 minutos depois de cair sobre as intensas cachoeiras, o barril foi resgatado e Annie estava viva, entretanto, o espetáculo não rendeu o dinheiro esperado e ela ‘apenas’ entrou para a história como ‘Heroína das Cataratas do Niágara’. Ou seja, a ação teve final feliz, assim como na série do ‘Pica-Pau’.
Nem sempre as pessoas que inspiraram o icônico episódio do Pica-Pau se deram bem
Ao todo, 17 pessoas arriscaram suas vidas tentando descer as Cataratas. 11 casos foram bem-sucedidos, em contrapartida, algumas mortes trágicas também não deixaram de acontecer, como George Stathakis. O homem, em 1930, decidiu se aventurar na queda d’água, mas seu barril ficou preso atrás de uma cascata por 18 horas e ele morreu asfixiado, sem ar.
Em 2003, o dublê Kirk Jones decidiu reproduzir o feito das décadas passadas, onde pulou nas Cataratas apenas com as roupas do corpo e sobreviveu. Isso rendeu-lhe o título de ‘Maior Dublê do Mundo’ e muito dinheiro. Todavia, em 2017 decidiu saltar novamente, mas dessa vez em uma bola inflável, como se fosse hamster. Agora, o final da história não foi feliz: encontraram Kirk já sem vida há 19 quilômetros dali.
Mesmo com todos esses malucos ao longo dos anos, o Parque Nacional do Niágara só decidiu fiscalizar e proibir oficialmente tal atitude em 1951. Nesta data, William Red Hill Jr. tentou descer em um barril caseiro, enrolado por uma rede de pesca, mas terminou a experiência sem vida. Em outras palavras, nem sempre o que vemos em ‘Pica-Pau’ é ficção, como no episódio das Cataratas.
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