Além de ‘Yellowstone’: as séries de faroeste que definem 2025

Analisamos a nova safra de séries de faroeste em 2025, marcando a transição do domínio de Taylor Sheridan para a agressiva expansão da Netflix. Descubra por que ‘Terra Indomável’ é o novo padrão ouro do gênero e quais produções evitar.

O western na televisão está passando por uma mutação genética. Durante anos, Taylor Sheridan construiu um império autocrático — com ‘Yellowstone’ e seus derivados ditando o ritmo do que o público esperava de um cowboy moderno. Mas 2025 chegou para provar que o gênero sobrevive sem seu principal arquiteto. Mais do que isso: estamos vendo uma guerra de territórios onde a Netflix não quer apenas uma fatia do bolo, mas o rancho inteiro.

Se você busca as melhores séries de faroeste 2025, o cenário é de extremos. Temos desde o horror religioso visceral até o melodrama de catálogo que parece gerado por um algoritmo preguiçoso. Como editor, meu papel aqui é evitar que você perca tempo com o ‘fast-food’ televisivo e foque no que realmente expande a fronteira do gênero.

A Grande Migração: Por que a Netflix quer o trono de Taylor Sheridan

A Grande Migração: Por que a Netflix quer o trono de Taylor Sheridan

A Paramount Network sempre foi o solo sagrado do western contemporâneo, mas o domínio de Sheridan tem data de validade (2029). A Netflix, percebendo o vácuo de poder, parou de flertar com o gênero e partiu para a ofensiva. Das cinco grandes estreias de 2025, três carregam o selo do ‘N’ vermelho.

A estratégia é clara: ocupar o espaço emocional do espectador órfão dos Dutton. No entanto, quantidade raramente significa qualidade. Enquanto algumas produções tentam replicar a fórmula ‘homens rudes em cavalos caros’, as que realmente brilham este ano são aquelas que olham para o passado com uma lente mais suja e menos romantizada.

‘Terra Indomável’: O horror religioso que faz ‘Yellowstone’ parecer um passeio no parque

Vou ser pragmático: ‘Terra Indomável’ é o ponto fora da curva de 2025. A minissérie da Netflix ignora os clichês de duelos ao pôr do sol para focar na Guerra de Utah — um conflito entre colonos e a teocracia mórmon que a história oficial costuma varrer para debaixo do tapete.

Kim Coates entrega a performance de sua carreira como Brigham Young. Ele não é um vilão de desenho animado; é um líder carismático e aterrorizante que usa a fé como justificativa para o expansionismo violento. A fotografia da série merece destaque: esqueça os filtros dourados de Sheridan. Aqui, a paleta é fria, desaturada e agressiva, capturando a hostilidade de um território que não quer ser domado.

O som ambiente é outra arma narrativa. O silêncio das planícies é interrompido apenas pelo vento e pelo ranger de madeira velha, criando uma tensão quase física. É um western que flerta com o horror folk, e é exatamente por isso que funciona.

‘Sitting Bull’: A desconstrução necessária do mito

Produzida por Leonardo DiCaprio, ‘Sitting Bull’ (History Channel) é o antídoto para décadas de representação indígena estereotipada. Não é apenas um documentário; é uma reparação histórica com valores de produção de cinema.

O diferencial aqui é o uso da língua Lakota e o foco na diplomacia e espiritualidade do chefe indígena, indo muito além da famosa batalha de Little Bighorn. A série consegue ser educativa sem ser didática, usando reconstituições que focam no detalhe — a textura das vestimentas, o ritual da fumaça, a política interna das tribos. Se você quer entender o ‘velho oeste’ real, esta é a obra definitiva do ano.

‘Schwarzes Gold’: O western industrial alemão

A maior surpresa de 2025 vem da Alemanha. ‘Schwarzes Gold’ transporta a estética de ‘Sangue Negro’ para a Baixa Saxônia durante o boom do petróleo. É fascinante ver como os tropos do western — a terra sem lei, a ganância desenfreada, o forasteiro solitário — se traduzem perfeitamente para o solo europeu.

A direção é contida, quase clínica, lembrando o estilo de Anthony Mann. É uma aula de como o gênero pode ser universal sem precisar de um chapéu de cowboy em cada cena. O foco aqui é a lama, o ferro e o petróleo, mostrando que a fronteira é, acima de tudo, um estado de espírito movido pela exploração.

‘Os Abandonados’ e o problema do ‘Western de Vitrine’

No outro espectro, temos ‘Os Abandonados’. Ter Lena Headey no elenco deveria ser garantia de sucesso, mas a série sofre do que chamo de ‘anacronismo cosmético’. Tudo é limpo demais. Os figurinos parecem saídos da lavanderia, e os diálogos soam como um drama de rede social transportado para o século XIX.

Apesar de ser visualmente deslumbrante em termos de cenografia, falta ‘suor’ na narrativa. É o tipo de produção que a Netflix lança para preencher cota de gênero: bonito de ver, mas fácil de esquecer. Se você busca profundidade histórica, passe longe. Se quer apenas um melodrama de época para passar o tempo, talvez sirva.

Veredito: O que assistir primeiro?

2025 mostra que o western não morreu, ele apenas se fragmentou. Para quem busca excelência técnica e coragem narrativa, ‘Terra Indomável’ é obrigatória. Para quem quer verdade histórica, ‘Sitting Bull’ é a escolha certa. O gênero está se libertando da sombra de Taylor Sheridan, e essa diversidade de vozes — do terror religioso ao drama industrial alemão — é a melhor coisa que poderia ter acontecido ao faroeste moderno.

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Perguntas Frequentes sobre Séries de Faroeste 2025

Qual é a melhor série de faroeste para assistir em 2025?

Até o momento, ‘Terra Indomável’ (Netflix) é considerada a melhor estreia de 2025 pela crítica, devido à sua abordagem visceral e foco em conflitos históricos pouco explorados.

‘Yellowstone’ termina em 2025?

A série principal deve encerrar seu arco atual, mas o universo criado por Taylor Sheridan continuará com spin-offs como ‘6666’ e novas temporadas de ‘1923’.

Onde assistir à série ‘Sitting Bull’?

A série documental produzida por Leonardo DiCaprio é uma produção original do History Channel e está disponível em suas plataformas de streaming e canais por assinatura.

O que define um ‘Neo-Western’?

O Neo-Western utiliza temas clássicos do faroeste (justiça, isolamento, sobrevivência) mas ambientados em tempos modernos ou com sensibilidades contemporâneas, como vemos em ‘Yellowstone’ e ‘Ransom Canyon’.

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Lucas Lobinco
Lucas Lobinco
Sou o Lucas, e minha paixão pelo cinema começou com as aventuras épicas e os clássicos de ficção científica que moldaram minha infância. Para mim, cada filme é uma nova oportunidade de explorar mundos e ideias, uma janela para a criatividade humana. Minha jornada não foi nos bastidores da produção, mas sim na arte de desvendar as camadas de uma boa história e compartilhar essa descoberta. Sou movido pela curiosidade de entender o que torna um filme inesquecível, seja a complexidade de um personagem, a inovação visual ou a mensagem atemporal. No Cinepoca, meu foco é trazer uma perspectiva única, mergulhando fundo nos detalhes que fazem um filme valer a pena, e incentivando você a ver a sétima arte com novos olhos.Tenho um apreço especial por filmes de ação e aventura, com suas narrativas grandiosas e sequências de tirar o fôlego. A comédia de humor negro e os thrillers psicológicos também me atraem, pela forma como subvertem expectativas e exploram o lado mais sombrio da psique humana. Além disso, estou sempre atento às novas vozes e tendências que surgem na indústria, buscando os próximos grandes talentos e as histórias que definirão o futuro do cinema.

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