O final da série ‘Você’ oferece uma resposta inteligente à crítica sobre a glorificação do serial killer Joe Goldberg. Através da personagem Bronte e de uma exploração meta do gênero “dark romance”, a temporada final aborda por que o público se sentiu atraído pelo protagonista, contextualizando esse fascínio como uma forma de lidar com a escuridão na ficção e validando o debate sem justificar as ações do personagem.
E aí, galera do Cinepoca! Preparados para mergulhar nos segredos de uma das séries mais comentadas dos últimos tempos? Se você acompanha ‘Você’, com certeza já se pegou pensando: “Mas por que a gente gosta tanto do Joe Goldberg, um cara tão sinistro?”. Essa é a grande questão, e o final da série ‘Você’ deu uma resposta surpreendente à maior polêmica envolvendo o personagem: a Você crítica Joe Goldberg, que apontava para uma suposta glorificação de suas ações. Vem com a gente entender essa reviravolta genial!
Desde que ‘Você’ estreou lá em 2018, a gente foi apresentado ao Joe Goldberg. Ele parecia um cara normal, charmoso, mas com um “pequeno” detalhe: ele era um stalker e serial killer de dar medo. Mesmo assim, por causa da forma como a série é contada (quase sempre pelo ponto de vista dele, ouvindo todos os seus pensamentos perturbadores) e, sejamos sinceros, pelo carisma do ator Penn Badgley, o Joe acabou virando uma espécie de anti-herói amado.
Era estranho, né? A gente via todas as atrocidades que ele cometia, mas ao mesmo tempo entendia (ou achava que entendia) as motivações dele, por mais doentias que fossem. Essa dualidade deixou muita gente confusa. Como torcer (mesmo que secretamente) por um cara desses?
Com o passar das temporadas de ‘Você’, o Joe só piorava. As mortes, as manipulações, a falta de remorso… tudo escalonava. Mas, incrivelmente, a legião de fãs só crescia. Era fácil encontrar na internet os famosos “thirst traps” — vídeos e edits que romantizavam o personagem, focando no charme dele e ignorando completamente o fato de ele ser um assassino em série. Essa reação do público gerou um debate enorme: será que a série estava, sem querer, glorificando um comportamento violento e perigoso?
A Polêmica da Glorificação: A Grande Você crítica Joe Goldberg
A crítica pegou no pé de ‘Você’ por causa disso. Muitos argumentavam que a série estava fazendo o público simpatizar com um monstro, tornando-o atraente e justificando (ainda que implicitamente) suas ações horríveis. Afinal, por que tanta gente se sentia atraída por um personagem tão detestável na vida real?
Essa crítica era super válida. Era desconfortável ver a forma como o Joe conseguia se safar, como ele sempre encontrava uma nova “obsessão” e como o ciclo de violência se repetia. Parecia que a série estava dizendo: “Olha, ele é mau, mas é charmoso, então tá tudo bem”. E isso, para muitas pessoas, era problemático. Estávamos, como audiência, caindo na mesma armadilha das vítimas do Joe, nos deixando levar pela fachada encantadora.
A série, contada quase inteiramente pelo olhar distorcido do Joe, nos colocava dentro da cabeça dele. A gente via o mundo através dos seus filtros, das suas justificativas malucas. Era como se fôssemos cúmplices dos seus pensamentos. E essa imersão era tão grande que, às vezes, esquecíamos que estávamos vendo a história de um predador.
Bronte Chega para Virar o Jogo no Final de ‘Você’
Então, chegamos à quinta e última temporada de ‘Você’. A série, que sempre teve um quê de satírica, decidiu abraçar essa crítica de frente. E a personagem Bronte foi fundamental nisso. Ela entra na história com um objetivo claro: expor Joe Goldberg, mostrar ao mundo quem ele realmente é, um assassino. Ela sabia do passado dele, das mortes, de tudo.
Mas aí acontece o inesperado (ou talvez não, considerando o histórico da série e do Joe): Bronte, mesmo sabendo de tudo, começa a cair nos encantos dele. Ela se sente atraída pela escuridão, pela intensidade que ele representa. É o perigo disfarçado de paixão. Ela, que era para ser a justiceira, se vê enredada na teia do Joe, assim como tantas outras antes dela.
A jornada de Bronte na temporada final reflete, de certa forma, a jornada da própria audiência. Ela sabia que ele era mau, mas se sentiu atraída mesmo assim. Ela tentou ignorar as evidências, se convencer de que ele era diferente, que o “amor” dele era real. É um espelho de como o público, por anos, se fascinou pelo Joe, apesar de saber a verdade.
No entanto, a Bronte tem um despertar. Depois de conversar com Marienne Bellamy, uma das poucas vítimas do Joe que conseguiu escapar e ver a verdade, Bronte finalmente lembra quem Joe Goldberg realmente é: não um príncipe encantado sombrio, mas um monstro.
A Fala Que Respondeu a Tudo: “A Fantasia… É Como Lidamos com a Realidade”
É no confronto final entre Bronte e Joe que a série entrega sua resposta mais direta e inteligente à Você crítica Joe Goldberg. Bronte, com uma arma apontada para ele, faz um discurso poderoso e revelador. Ela diz: “A fantasia de um homem como você é como lidamos com a realidade de um homem como você.”
Essa frase é a chave para entender o fenômeno Joe Goldberg e a própria série. Bronte se identifica como uma fã de “dark romance”, um gênero literário onde os protagonistas masculinos são frequentemente perigosos, abusivos e moralmente questionáveis, mas ainda assim são romantizados. Joe Goldberg se encaixa perfeitamente nesse molde.
O discurso de Bronte explica a psicologia por trás da atração por esses personagens. Não é que as pessoas que amam personagens como Joe *querem* ser maltratadas ou se envolver com pessoas perigosas na vida real. A fantasia permite explorar esses lados sombrios e intensos em um ambiente seguro, fictício. É uma forma de processar e entender (ou tentar entender) a existência de pessoas realmente terríveis no mundo real.
A série, ao colocar essa fala na boca de Bronte, uma personagem que representa a audiência que se sentiu atraída por Joe, está essencialmente dizendo: “A gente sabe que vocês acham ele atraente. E a gente sabe por quê. É porque ele se encaixa nesse arquétipo da fantasia sombria. E essa fantasia serve a um propósito.”
‘Você’ Abraçou o ‘Dark Romance’ de Forma Meta
A quinta temporada de ‘Você’ mergulhou de cabeça nos clichês e temas do “dark romance”. A própria forma como Joe via sua violência como algo “romântico” sempre foi um elemento central, e alguns espectadores pareciam concordar com essa visão distorcida. Bronte, com seu amor explícito pelo gênero, foi o veículo perfeito para explorar isso de forma meta.
Era como se a série estivesse olhando para o espelho, vendo a própria crítica (“vocês estão glorificando um serial killer!”) e respondendo com uma explicação interna: “Sim, ele é atraente, mas isso não é um erro da série, é o ponto principal. Estamos explorando *por que* personagens assim são atraentes na ficção e o que isso diz sobre nós e sobre a forma como lidamos com a escuridão.”
Teve até umas referências meio vampirescas, com Joe propondo algo insano para Bronte todo ensanguentado. A série não teve medo de ser exagerada e sombria, reforçando essa estética de “romance perigoso”. Mas, no final das contas, Bronte consegue sair dessa loucura. Ela entende a diferença crucial entre a fantasia e a realidade. Ela percebe que, por mais fascinante que a escuridão de Joe possa parecer na teoria, na prática é apenas violência e destruição.
Essa virada da Bronte é o que permite que a série responda à crítica. Ao mostrar que a fantasia tem seu lugar, mas que a realidade é outra coisa, ‘Você’ valida a atração do público, mas ao mesmo tempo a contextualiza e a critica de forma inteligente.
Joe Goldberg: O Experimento Social de ‘Você’
‘Você’ sempre foi, de certa forma, um experimento social disfarçado de série de suspense. Ao nos colocar na mente de Joe, a série nos forçou a confrontar nossos próprios vieses e a forma como somos facilmente seduzidos por charme, inteligência e uma narrativa bem construída, mesmo quando a verdade por baixo é monstruosa.
A crítica sobre a glorificação de Joe não estava errada. A série *foi* romanticizada pelo público. Mas o final sugere que isso não era um defeito não intencional, e sim parte do plano desde o início. Joe foi construído para ser atraente *exatamente* para ver como a audiência reagiria. Ele mata por um “bem maior” na cabeça dele, e a série, pela maior parte do tempo, nos mostrava isso da perspectiva dele, nos fazendo esquecer rapidamente os momentos em que sua violência atingia inocentes.
A mudança de ponto de vista para Bronte no final da série é crucial. Através dos olhos dela, a ilusão se desfaz. A gente para de ver o Joe como ele se vê e começa a vê-lo como ele realmente é. E aí, a crítica de que a série glorificava o personagem perde um pouco a força, porque o final mostra que a série estava ciente disso o tempo todo e usou o arco de Bronte para expor e explicar o fenômeno.
No fim das contas, o apelo de Joe era, sim, o ponto principal. A série queria nos mostrar o quão fácil é ser seduzido pela escuridão quando ela vem embalada em um pacote atraente. E a forma como o público reagiu, criando “thirst traps” e se apaixonando por ele, apenas provou o ponto da série.
Conclusão: Um Final Inteligente para a Você crítica Joe Goldberg
O final de ‘Você’ conseguiu algo raro: responder a uma crítica pesada sobre a série de uma forma orgânica e inteligente dentro da própria narrativa. Ao usar a personagem Bronte e seu discurso impactante, a série não negou a atração que Joe Goldberg exercia sobre o público. Em vez disso, ela explicou essa atração, conectando-a ao fascínio humano pela fantasia sombria e pela forma como usamos a ficção para lidar com as realidades assustadoras do mundo.
‘Você’ provou que estava ciente do debate o tempo todo e que o apelo de Joe Goldberg era uma peça fundamental do seu quebra-cabeça narrativo, um experimento sobre como a perspectiva e o carisma podem distorcer nossa percepção do mal. Foi um jeito esperto de encerrar a história, deixando a gente pensando não só sobre o destino de Joe, mas sobre por que, afinal, a gente se importou tanto com um cara tão terrível.
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Perguntas Frequentes sobre a Crítica a Joe Goldberg em ‘Você’
Qual foi a principal crítica recebida pela série ‘Você’ em relação a Joe Goldberg?
A principal crítica apontava que a série, intencionalmente ou não, estava glorificando ou romantizando o personagem de Joe Goldberg, um stalker e serial killer, devido à forma como ele era apresentado e ao carisma do ator, levando o público a simpatizar com ele apesar de suas ações horríveis.
Como a série ‘Você’ respondeu à crítica de glorificação de Joe Goldberg em seu final?
A série respondeu de forma meta, utilizando a personagem Bronte como um espelho da audiência fascinada por Joe. Através do discurso de Bronte e da exploração do gênero “dark romance”, o final sugere que o apelo de Joe era parte do plano, um experimento sobre por que as pessoas se sentem atraídas por personagens sombrios na ficção e como usam a fantasia para processar a realidade.
Qual a importância da personagem Bronte na temporada final de ‘Você’?
Bronte representa a audiência que se sentiu atraída por Joe apesar de saber quem ele é. Seu arco, que vai da fascinação ao despertar para a realidade brutal das ações de Joe, serve como veículo para a série abordar diretamente a crítica de glorificação e explicar o fenômeno de atração por personagens moralmente ambíguos ou perigosos na ficção.
O que a série ‘Você’ sugere sobre o fascínio do público por personagens como Joe Goldberg?
A série sugere que o fascínio vem da atração pela “fantasia sombria”, onde personagens perigosos são romantizados. Isso permite ao público explorar lados obscuros e intensos em um ambiente seguro (a ficção), usando essa fantasia como uma forma de lidar com a existência de pessoas terríveis na vida real.
O que é “dark romance” e como ele se relaciona com a série ‘Você’?
“Dark romance” é um gênero literário que frequentemente romantiza protagonistas masculinos perigosos, abusivos ou moralmente questionáveis. O artigo argumenta que Joe Goldberg se encaixa nesse arquétipo e que a série, especialmente no final, abraçou metaforicamente essa estética para explicar o apelo do personagem e a reação do público.

