‘Vingadores: Doutor Destino’ resgata o Thor que realmente importa

Analisamos como ‘Vingadores: Doutor Destino’ promete resgatar a profundidade dramática de Thor, abandonando o excesso de comédia de ‘Amor e Trovão’. Entenda por que a direção dos Irmãos Russo é a chave para devolver ao herói o peso emocional visto em ‘Guerra Infinita’.

Existe um momento em ‘Vingadores: Guerra Infinita’ que define a essência do Deus do Trovão. Não é a entrada triunfal em Wakanda ao som de Alan Silvestri — embora esse seja o ápice do fan service bem executado. É a conversa silenciosa com Rocket Raccoon. Ali, Chris Hemsworth entrega um Thor que usa o humor como uma cicatriz mal curada, listando a perda de sua família com uma voz que oscila entre a fúria e o colapso. É a mentira mais dolorosa do MCU: ‘O que mais eu tenho a perder?’.

Essa versão do personagem, equilibrada entre a tragédia shakespeariana e a humanidade falível, parece ser o norte de ‘Vingadores: Doutor Destino’. Após o desvio tonal que dividiu opiniões em ‘Amor e Trovão’, os irmãos Russo assumem a tarefa de recalibrar o herói para o confronto contra Victor von Doom. A grande questão é se o Thor em Vingadores: Doutor Destino conseguirá recuperar a gravidade necessária para um vilão dessa magnitude.

A armadilha da autoconsciência em ‘Amor e Trovão’

A armadilha da autoconsciência em 'Amor e Trovão'

É preciso dar o crédito devido a Taika Waititi por ‘Thor: Ragnarok’. Ele resgatou um personagem que estava estagnado em uma seriedade genérica e injetou cor e personalidade. No entanto, a sequência ‘Amor e Trovão’ transformou essa personalidade em caricatura. O problema não foi a comédia em si, mas o timing: o filme parecia ter pavor do silêncio emocional. Momentos que exigiam peso, como a doença de Jane Foster ou a ameaça de Gorr, eram frequentemente interrompidos por piadas que serviam como válvulas de escape desnecessárias.

O próprio Hemsworth admitiu publicamente que o tom passou do ponto. Para o público, ficou a sensação de um herói que não levava mais o próprio universo a sério. Em um cenário onde Doutor Destino surge como uma ameaça existencial ao multiverso, esse Thor ‘brincalhão’ simplesmente não teria espaço narrativo.

O resgate da ‘Tragédia Heroica’ pelos Irmãos Russo

A força dos Russos em ‘Guerra Infinita’ foi entender que Thor funciona melhor quando sua força física é inversamente proporcional à sua estabilidade emocional. A fotografia de Trent Opaloch naquele filme frequentemente isolava Thor em enquadramentos que enfatizavam sua solidão, mesmo em meio aos Guardiões da Galáxia. É essa estética de ‘realismo fundamentado’ que o primeiro teaser de ‘Doutor Destino’ parece prometer de volta.

Na cena que mais chamou atenção no material divulgado, vemos um Thor vulnerável, buscando orientação em vestígios de Asgard. Não há metalinguagem ou ironia. A iluminação é fria, as sombras são profundas, e a atuação de Hemsworth parece focar em micro-expressões de cansaço — um contraste brutal com o herói vibrante de 2022. É o retorno do ‘Thor que sangra’, o único capaz de gerar empatia real diante de uma ameaça tão cerebral quanto a de Robert Downey Jr. como Victor von Doom.

Por que o tom de ‘Guerra Infinita’ é o ideal para o novo confronto

Por que o tom de 'Guerra Infinita' é o ideal para o novo confronto

O Doutor Destino não é um vilão de força bruta como Thanos; ele é um antagonista de vontade e intelecto. Para enfrentá-lo, o Thor em Vingadores: Doutor Destino precisa de algo além do Stormbreaker: ele precisa de propósito. Em ‘Guerra Infinita’, o propósito era a vingança; em ‘Ultimato’, era a redenção. Agora, o arco aponta para a liderança de um sobrevivente.

Analisando tecnicamente a progressão do personagem, os Russos costumam usar o som ambiente para ditar o peso de Thor. Em suas mãos, o trovão não é apenas um efeito visual, mas uma manifestação física de seu estado mental. Se o novo filme seguir essa linha, teremos sequências onde o poder de Thor volta a ser assustador, e não apenas um espetáculo de luzes coloridas.

O veredicto sobre a mudança de rumo

A Marvel parece ter entendido que a ‘fadiga de super-heróis’ está ligada à falta de consequências emocionais. Trazer os Russos de volta para comandar Thor é uma declaração de que o estúdio quer recuperar a substância. O Thor que realmente importa é aquele que carrega o peso de um mundo (ou vários) nos ombros, mas que ainda assim duvida se é digno de fazê-lo.

Se ‘Vingadores: Doutor Destino’ conseguir equilibrar a escala épica do multiverso com a jornada íntima de um deus tentando não falhar novamente, teremos não apenas um grande filme de ação, mas o encerramento digno de um ciclo que começou em 2011. A cautela ainda é necessária, mas os sinais indicam que o Deus do Trovão finalmente parou de contar piadas para voltar a fazer história.

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Perguntas Frequentes sobre Thor em Vingadores: Doutor Destino

Qual será o papel do Thor em Vingadores: Doutor Destino?

Thor deve atuar como um dos líderes veteranos dos Vingadores, trazendo uma abordagem mais séria e dramática, focada em sua experiência com ameaças cósmicas e no trauma de perdas anteriores.

Chris Hemsworth confirmou sua participação no filme?

Sim, o ator Chris Hemsworth retorna ao papel, tendo expressado em entrevistas o desejo de explorar uma versão mais madura e menos cômica do Deus do Trovão após ‘Thor: Amor e Trovão’.

Quem dirige ‘Vingadores: Doutor Destino’?

O filme é dirigido pelos irmãos Anthony e Joe Russo, os mesmos diretores responsáveis pelos sucessos ‘Capitão América: Guerra Civil’, ‘Guerra Infinita’ e ‘Ultimato’.

O filme terá o mesmo tom de ‘Thor: Amor e Trovão’?

Não. Os trailers e as declarações da produção indicam um retorno ao tom épico e dramático da Saga do Infinito, reduzindo o foco em comédia escrachada para priorizar a tensão contra o vilão Doutor Destino.

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Lucas Lobinco
Lucas Lobinco
Sou o Lucas, e minha paixão pelo cinema começou com as aventuras épicas e os clássicos de ficção científica que moldaram minha infância. Para mim, cada filme é uma nova oportunidade de explorar mundos e ideias, uma janela para a criatividade humana. Minha jornada não foi nos bastidores da produção, mas sim na arte de desvendar as camadas de uma boa história e compartilhar essa descoberta. Sou movido pela curiosidade de entender o que torna um filme inesquecível, seja a complexidade de um personagem, a inovação visual ou a mensagem atemporal. No Cinepoca, meu foco é trazer uma perspectiva única, mergulhando fundo nos detalhes que fazem um filme valer a pena, e incentivando você a ver a sétima arte com novos olhos.Tenho um apreço especial por filmes de ação e aventura, com suas narrativas grandiosas e sequências de tirar o fôlego. A comédia de humor negro e os thrillers psicológicos também me atraem, pela forma como subvertem expectativas e exploram o lado mais sombrio da psique humana. Além disso, estou sempre atento às novas vozes e tendências que surgem na indústria, buscando os próximos grandes talentos e as histórias que definirão o futuro do cinema.

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