Exploramos o catálogo do Tubi e encontramos ‘O Silêncio dos Inocentes’, ‘Mr. Robot’ e ‘Batman: O Cavaleiro das Trevas’ — de graça. Explicamos como o modelo funciona, o que vale assistir e por que esse streaming gratuito supera concorrentes pagos em qualidade de acervo.
Enquanto você paga R$ 55 no Netflix, R$ 34 no Max e ainda considera assinar mais um serviço, existe uma plataforma de streaming completamente gratuita com ‘O Silêncio dos Inocentes’, ‘Mr. Robot’ e ‘Batman: O Cavaleiro das Trevas’ no catálogo. Não é pirataria, não é pegadinha. É o Tubi streaming grátis — e a maioria dos brasileiros nunca ouviu falar dele.
Confesso que demorei para levar o Tubi a sério. Streaming gratuito? A expectativa era encontrar aquele limbo de filmes B que ninguém pediu e séries canceladas na primeira temporada. Passei duas semanas explorando o catálogo e preciso admitir: estava completamente errado.
O que é o Tubi e como ele consegue oferecer isso de graça
O Tubi funciona no modelo AVOD (advertising-based video on demand) — você assiste de graça, mas com intervalos comerciais. Desde 2020, pertence à Fox Corporation, o que explica parte da qualidade do catálogo. Diferente do Pluto TV ou do Freeve, que parecem depósitos de conteúdo esquecido, o Tubi opera como uma curadoria real.
A plataforma está disponível oficialmente em Estados Unidos, Canadá, México, Reino Unido, Austrália e alguns países da América Central. Para acessar do Brasil, você precisará de VPN — mas esse é um detalhe técnico que vale o esforço quando você vê o que está do outro lado.
Filmes que envergonham serviços pagos
Encontrar ‘O Silêncio dos Inocentes’ em um streaming gratuito me fez questionar por que ainda pago por três assinaturas. Anthony Hopkins devorando a tela como Hannibal Lecter, disponível sem custo. O filme que redefiniu o thriller psicológico nos anos 90 e levou os cinco principais Oscars — Melhor Filme, Diretor, Ator, Atriz e Roteiro Adaptado. Só o terceiro filme da história a conseguir isso.
‘Batman: O Cavaleiro das Trevas’ também está lá. Heath Ledger como Coringa naquela performance que transcendeu o gênero de super-heróis — a cena do truque de mágica com o lápis ainda é referência de como apresentar um vilão. Christopher Nolan provou que blockbuster e cinema de autor não são mutuamente exclusivos.
‘De Olhos Bem Fechados’, o último filme de Kubrick, aquela experiência desconcertante que você precisa ver pelo menos uma vez. Tom Cruise vagando por Nova York numa jornada que é parte thriller erótico, parte pesadelo surrealista. Kubrick morreu seis dias após a exibição final para o estúdio — o filme carrega esse peso.
‘O Mestre’, de Paul Thomas Anderson, com Joaquin Phoenix e Philip Seymour Hoffman em atuações que deveriam ser estudadas em escolas de cinema. A cena do interrogatório entre os dois, filmada em takes longos sem corte, é uma masterclass de tensão construída apenas com palavras e olhares.
‘Ex_Machina: Instinto Artificial’ completa a lista de destaques. Alex Garland criou o melhor filme sobre inteligência artificial da última década — e envelheceu assustadoramente bem considerando os avanços recentes em IA. A fotografia claustrofóbica do bunker de Nathan e aquele final que você não esquece.
Séries que justificam a plataforma
‘Mr. Robot’ no Tubi é quase um insulto aos serviços pagos. Rami Malek como Elliot Alderson, hackeando corporações e a própria sanidade, em uma das séries mais visualmente inventivas dos anos 2010. O diretor Sam Esmail usa enquadramentos assimétricos que colocam os personagens nos cantos do frame — desconfortável de propósito, como estar dentro da cabeça de alguém com transtorno dissociativo. Aquela cena do piloto onde ele confronta o pedófilo no café ainda me dá arrepios.
‘Community’ está disponível para quem quer comédia inteligente que não subestima a audiência. Dan Harmon criou algo único: uma sitcom que parodia gêneros cinematográficos inteiros enquanto desenvolve personagens genuinamente complexos. O episódio de paintball que vira filme de ação, o episódio de Dungeons & Dragons que é secretamente sobre depressão — ‘Community’ é televisão que recompensa atenção.
‘Broadchurch’ oferece drama britânico do mais alto nível. David Tennant investigando um assassinato em uma cidade costeira inglesa, com aquela atmosfera melancólica que só os britânicos conseguem. A trilha de Ólafur Arnalds amplifica a desolação da paisagem.
‘Deuses Americanos’, a adaptação de Neil Gaiman, é visualmente hipnótica mesmo quando o roteiro tropeça. A sequência de abertura — o navio viking — é das mais impressionantes já feitas para TV.
Os tesouros escondidos que ninguém menciona
‘Spaced’ é o tipo de descoberta que justifica explorar catálogos obscuros. Simon Pegg e Edgar Wright antes de ‘Todo Mundo Quase Morto’ e ‘Chumbo Grosso’. Uma sitcom britânica de 1999 que influenciou toda uma geração de comédia nerd e referencial. Se você gosta do estilo visual frenético de Edgar Wright — aqueles cortes rápidos, os zooms súbitos, as transições criativas — aqui está a origem.
‘Noite do Terror’ de 1968, o original de George Romero, está disponível. O filme que inventou o zumbi moderno, feito com US$ 114 mil e criatividade infinita. Romero filmou em preto e branco por necessidade, não escolha estética — e o resultado parece documental de pesadelo. Assistir no Tubi, de graça, enquanto produções de US$ 200 milhões fracassam nos cinemas, é um lembrete de que dinheiro nunca foi garantia de qualidade.
A matemática que os streamings pagos não querem que você faça
Netflix: R$ 55/mês (plano padrão). Max: R$ 34/mês. Disney+: R$ 43/mês. Prime Video: R$ 19/mês. Globoplay: R$ 24/mês. Somando tudo: R$ 175 por mês, R$ 2.100 por ano.
O Tubi cobra zero. Os intervalos comerciais existem — geralmente 2-3 minutos a cada 15-20 minutos de conteúdo. É irritante? Um pouco. É mais irritante que pagar R$ 175 mensais? Definitivamente não.
E os streamings pagos estão aumentando preços constantemente. O Netflix subiu três vezes nos últimos dois anos. O Tubi deve permanecer gratuito — é o modelo de negócio deles.
Por que o Tubi continua ignorado
Marketing. Os grandes streamings gastam fortunas em publicidade, em séries originais que viram evento cultural, em algoritmos que mantêm você rolando. O Tubi não compete nessa arena. Não tem ‘Stranger Things’ ou ‘The Last of Us’. Não produz conteúdo original que domina conversas.
Existe também um preconceito contra o gratuito. Se não custa nada, deve ser ruim — é o raciocínio automático. Mas o modelo de negócio do Tubi é simplesmente diferente: eles lucram com anúncios, não com assinaturas. O conteúdo não precisa ser pior; precisa apenas atrair olhos para os comerciais.
A limitação geográfica também atrapalha. Sem disponibilidade oficial no Brasil, o Tubi fica restrito a quem sabe usar VPN e está disposto ao pequeno inconveniente.
Para quem o Tubi faz sentido
Se você já assina três ou mais serviços e sente que não está aproveitando nenhum direito, o Tubi é uma alternativa real para pelo menos um deles. Se você quer explorar clássicos que nunca assistiu — e convenhamos, quantos de nós realmente vimos ‘O Mestre’ ou ‘De Olhos Bem Fechados’? — o catálogo entrega.
Se você tem paciência para comerciais em troca de economia significativa, a matemática fecha. Se você prefere qualidade de catálogo a quantidade de lançamentos semanais, o Tubi surpreende.
Agora, se você precisa de conteúdo original constante, de lançamentos simultâneos com os cinemas, de interface polida e algoritmo que conhece seu gosto — os serviços pagos ainda têm vantagens. O Tubi não é substituto completo; é complemento inteligente.
O veredito de quem explorou o catálogo
O Tubi não é perfeito. A interface é funcional, não elegante. A necessidade de VPN para brasileiros é um obstáculo real. Os comerciais interrompem o fluxo de filmes que dependem de tensão contínua — assistir ‘O Silêncio dos Inocentes’ com pausas para propaganda de seguro de carro quebra um pouco a magia.
Mas quando coloco na balança — catálogo de qualidade genuína, custo zero, disponibilidade de títulos que somem de plataformas pagas sem aviso — o Tubi merece atenção que não está recebendo. É o streaming gratuito que realmente funciona, escondido à vista de todos enquanto pagamos fortunas em serviços que aumentam preços e diminuem catálogos.
Talvez seja hora de reconsiderar quantas assinaturas você realmente precisa.
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Perguntas Frequentes sobre o Tubi
O Tubi está disponível no Brasil?
Não oficialmente. O Tubi opera em países como Estados Unidos, Canadá, México e Reino Unido. Para acessar do Brasil, é necessário usar uma VPN configurada para um desses países.
O Tubi é realmente gratuito ou tem pegadinha?
É realmente gratuito. O Tubi usa o modelo AVOD — você assiste de graça, mas com intervalos comerciais de 2-3 minutos a cada 15-20 minutos de conteúdo. Não exige cartão de crédito nem dados de pagamento.
Qual a diferença entre Tubi, Pluto TV e Freeve?
Todos são gratuitos com anúncios, mas o Tubi tem curadoria de catálogo superior. Enquanto Pluto TV foca em canais lineares e Freeve em conteúdo da Amazon, o Tubi oferece filmes clássicos e séries aclamadas como ‘O Silêncio dos Inocentes’ e ‘Mr. Robot’.
O Tubi tem legendas em português?
Depende do título e da região de acesso. Como o serviço não opera oficialmente no Brasil, a disponibilidade de legendas em português é limitada. Muitos títulos têm legendas em inglês e espanhol.
De quem é o Tubi?
O Tubi pertence à Fox Corporation desde 2020, quando foi adquirido por US$ 440 milhões. Essa aquisição explica a qualidade do catálogo, com acesso a títulos do acervo Fox.

