Com a vitória de ‘The Boy and the Heron’ em 2024 e novas regras de votação na Academia, o cenário para o Oscar anime está mais promissor. Descubra como a obrigatoriedade de assistir a todos os indicados pode impactar as chances das animações japonesas e os desafios que ainda precisam ser superados.
Se você é fã de animação japonesa, provavelmente já sentiu aquela pontinha de frustração quando chega a temporada de premiações. Por anos, parecia que o Oscar anime simplesmente não se misturava, com pouquíssimos filmes nipônicos conseguindo espaço na festa do cinema. Mas a maré pode estar mudando!
Com o burburinho em torno de filmes incríveis e novas regras na Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, parece que o cenário para as produções de anime no Oscar está mais promissor do que nunca. Vamos mergulhar nessa história e entender o que pode estar vindo por aí!
O Histórico Desafio do Anime no Oscar
Não é segredo para ninguém que o anime sempre teve uma relação complicada com o Oscar. Tirando as obras-primas do Studio Ghibli, como ‘A Viagem de Chihiro’ (que, aliás, ganhou o prêmio em 2003, um marco!), era super raro ver um filme japonês sequer ser indicado na categoria de Melhor Longa de Animação. E mesmo quando conseguiam uma indicação, a vitória quase sempre ia para as gigantes ocidentais como Disney, Pixar ou DreamWorks.
Essa falta de reconhecimento sempre foi um ponto dolorido para os fãs de anime no mundo todo. Afinal, o Japão produz filmes de animação com narrativas complexas, visuais de tirar o fôlego e temas super profundos, que muitas vezes rivalizam ou até superam as produções mais badaladas de Hollywood.
Parecia que havia uma barreira invisível, uma preferência automática por estilos e temas mais familiares aos votantes da Academia. Mas, como em todo bom filme, a esperança é a última que morre, e algumas mudanças recentes podem estar abrindo portas que antes pareciam trancadas a sete chaves.
A Nova Regra da Academia: Um Game Changer para o Oscar Anime?
A grande notícia que agitou o mundo do cinema, e especialmente os fãs de anime, foi a mudança nas regras de votação para as próximas edições do Oscar. A partir da 98ª cerimônia (que acontece em 2026, premiando filmes de 2025), os votantes terão uma obrigação que antes não era tão rígida: assistir a *todos* os filmes indicados em uma categoria para poder votar nela.
Sim, você leu certo! Antes, em muitas categorias, os membros da Academia podiam votar mesmo sem ter visto todos os concorrentes. Isso, segundo muitos críticos, contribuía para que filmes menos conhecidos ou de estúdios menores fossem ignorados em favor dos títulos mais populares ou das campanhas de marketing mais agressivas.
Agora, a regra é clara: viu tudo ou não vota. E é aí que o jogo pode virar a favor do Oscar anime. Pensa comigo: na categoria de Melhor Longa de Animação, onde o domínio de Disney/Pixar era quase absoluto, os votantes que antes talvez só assistissem aos filmes “da moda” agora *terão* que sentar e assistir a TUDO que for indicado.
Isso significa que, se um filme de anime de qualidade conseguir uma indicação (e a gente sabe que potencial para isso não falta!), ele será visto por um número muito maior de votantes do que antes. Eles terão a chance de se surpreender, de se conectar com a história, de apreciar a arte. Isso pode, finalmente, dar a essas produções uma chance justa de serem avaliadas por seus méritos, e não apenas pelo selo do estúdio.
É claro que a regra não garante um voto, mas garante a visualização. E, no fim das contas, ser visto já é um passo gigantesco para o anime no palco mais cobiçado do cinema mundial.
Nem Tudo São Flores: Os Desafios Continuam
Ok, a gente respira aliviado com a nova regra, mas é importante manter os pés no chão. Por mais que a obrigatoriedade de assistir a todos os indicados seja um avanço e tanto, ela não resolve todos os problemas que o anime enfrenta no Oscar.
O primeiro grande desafio ainda é a *indicação*. Muitos filmes de anime incríveis, que fazem um sucesso estrondoso com o público e a crítica especializada em animes, simplesmente não chegam a ser indicados. Por quê? Vários fatores podem estar envolvidos.
Às vezes, a distribuição internacional não é tão ampla quanto a dos grandes estúdios. Outras vezes, os filmes são continuações ou spin-offs de séries de anime super famosas no Japão (‘Jujutsu Kaisen 0’, ‘Demon Slayer: Mugen Train’), mas que o público e os votantes da Academia nos EUA podem não conhecer. Isso torna mais difícil para eles se conectarem ou se interessarem pelo filme na fase de indicação.
Mesmo com a nova regra, a seleção dos indicados ainda passa por um processo onde a visibilidade e o “know-how” de Hollywood podem pesar. Conseguir entrar na lista final de cinco ou seis indicados ainda é uma batalha árdua.
E o segundo ponto, e talvez o mais complicado, é a questão do gosto pessoal e do hábito de votação. A regra obriga a assistir, mas não obriga a *gostar* ou a *votar* no anime. Um votante pode assistir a todos os indicados, incluindo o filme japonês, e ainda assim preferir e votar no filme da Disney ou da Pixar por pura afinidade, por já estar acostumado com aquele estilo, ou simplesmente porque genuinamente gostou mais do outro filme.
Mudar hábitos e preferências de décadas é algo que leva tempo e não acontece da noite para o dia, apenas com uma nova regra. A cultura de votação na Academia em relação à animação ainda precisa evoluir para abraçar de fato a diversidade e a riqueza que o anime oferece.
Filmes como ‘Your Name’ ou ‘Look Back’, que são aclamados e mostram a versatilidade do anime, precisam de mais visibilidade e entendimento por parte dos votantes para que suas chances aumentem, tanto na indicação quanto na vitória.
A Mudança Já Estava Acontecendo? O Exemplo de ‘The Boy and the Heron’
Por mais que a nova regra seja um ponto positivo e um passo na direção certa para o Oscar anime, é justo dizer que a Academia já vinha mostrando sinais de abertura para animações fora do eixo tradicional mesmo *antes* dessa mudança ser anunciada.
Nos últimos anos, a categoria de Melhor Longa de Animação tem apresentado uma diversidade maior de vencedores, quebrando a hegemonia quase absoluta da Disney/Pixar que vimos por muito tempo. Tivemos a vitória merecidíssima de ‘Guillermo del Toro’s Pinóquio’ em 2023, uma animação stop-motion com um tom bem diferente do que costuma ganhar o Oscar.
E, mais recentemente, em 2024, vimos ‘The Boy and the Heron’ (‘O Menino e a Garça’, em português) do mestre Hayao Miyazaki e Studio Ghibli levar a estatueta, superando concorrentes fortes e mais “mainstream”. A vitória de ‘The Boy and the Heron’ em 2024 é um exemplo claro de que a cultura de votação *já* estava se tornando mais receptiva a estilos e origens diferentes de animação.
O filme de Miyazaki é uma obra de arte com uma narrativa poética e visual deslumbrante, que ressoou com os votantes e provou que há espaço para filmes que fogem do padrão Hollywoodiano.
Essa tendência de premiar a qualidade e a originalidade, independentemente do estúdio ou do estilo (desde que seja animação, claro), já estava em curso. A nova regra apenas potencializa essa abertura, garantindo que, se um filme de anime chegar lá, ele terá a atenção devida de todos os votantes.
O Futuro do Oscar Anime: Razões para Otimismo
Combinando a nova regra de votação obrigatória com a tendência recente da Academia em reconhecer e premiar animações diversas, o futuro para o Oscar anime parece mais brilhante do que nunca. Não é uma garantia de que todo ano teremos um vencedor japonês, longe disso.
Os desafios de distribuição, visibilidade e a concorrência com os gigantes da animação ocidental ainda existem. Mas agora, os filmes de anime de alta qualidade que conseguirem superar a barreira da indicação terão uma chance real de serem avaliados por um corpo de votantes que *precisou* assisti-los.
Isso pode levar a um maior reconhecimento, mais indicações e, quem sabe, mais vitórias no futuro. Para os fãs de anime, é um momento emocionante. Ver filmes que amamos tendo a oportunidade de brilhar no maior palco do cinema é algo que esperávamos há muito tempo.
A nova regra é um catalisador, mas a verdadeira mudança vem da evolução na forma como a animação é vista e valorizada pela indústria do cinema em geral. E essa evolução, felizmente, já está em curso. O Oscar pode estar, finalmente, começando a dar ao anime o respeito e a atenção que ele sempre mereceu.
Então, prepare a pipoca! Os próximos anos podem ser de grandes surpresas e celebrações para o anime na temporada de premiações.
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Perguntas Frequentes sobre Oscar e Anime
Por que o anime teve dificuldades no Oscar de Melhor Animação?
Historicamente, o domínio de grandes estúdios ocidentais como Disney e Pixar, a falta de visibilidade e distribuição de filmes japoneses, e a preferência dos votantes por estilos mais familiares dificultaram o reconhecimento do anime.
Qual é a nova regra do Oscar que pode ajudar o anime?
A partir de 2026, os votantes da categoria de Melhor Longa de Animação serão obrigados a assistir a *todos* os filmes indicados para poder votar. Isso garante que filmes de anime indicados terão mais visibilidade entre os votantes.
A nova regra garante que filmes de anime ganharão o Oscar?
Não há garantia de vitória. A regra aumenta a visibilidade, mas desafios como a indicação inicial, distribuição e o gosto pessoal dos votantes ainda são fatores importantes a serem superados.
O que a vitória de ‘The Boy and the Heron’ significa para o anime no Oscar?
A vitória de ‘The Boy and the Heron’ em 2024 demonstra que a Academia já está mais aberta a premiar animações de diferentes estilos e origens, reconhecendo a qualidade artística do anime fora do padrão Hollywoodiano.