‘Stranger Things 5’: por que a cena de Will foi a mais difícil para os Duffer

Analisamos os bastidores da cena mais aguardada de Will Byers em ‘Stranger Things 5’. Entenda por que os irmãos Duffer levaram meses para escrever quatro palavras e como a performance de Noah Schnapp no primeiro take definiu o tom emocional do final da série.

Dez anos. Esse é o intervalo entre o desaparecimento de um garoto no subúrbio de Indiana e o momento em que ‘Stranger Things’ finalmente endereça sua maior pendência narrativa. Para os irmãos Duffer, o desafio da temporada final não foi orquestrar a queda de Hawkins ou o destino de Vecna, mas sim garantir a integridade de uma conversa de poucos minutos: o coming out de Will Byers em ‘Stranger Things 5’.

A Escrita: Por que quatro palavras levaram meses para serem lapidadas

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Em entrevistas recentes, Matt Duffer admitiu que o roteiro do episódio 7 foi o que mais gerou ansiedade na sala de roteiristas. O motivo? O equilíbrio tonal. A frase escolhida — “Eu não gosto de garotas” — precisava soar como algo dito em 1986, não em 2025. Não há o vocabulário moderno de identidade de gênero ou orientações específicas; há apenas a negação de uma expectativa que o sufocava desde a infância.

A pressão dos criadores residia no fato de que Will é o epicentro emocional da série. Se essa cena falhasse, dez anos de construção seriam reduzidos a um fan service vazio. Os Duffer trataram o diálogo com o mesmo rigor técnico de uma cena de suspense, eliminando excessos para focar no que não é dito — o silêncio que precede a confissão.

A Verdade no Primeiro Take: A técnica por trás da emoção

No set, a abordagem foi cirúrgica. Ao contrário das sequências de ação que exigem dezenas de ângulos e storyboards complexos, a cena de Will foi filmada com foco na intimidade. Os Duffer optaram por um plano fechado em Noah Schnapp, permitindo que a câmera capturasse as microexpressões de hesitação.

O que vemos no corte final é, em grande parte, o primeiro take. Noah Schnapp, que cresceu sob os holofotes junto com o personagem, entregou uma vulnerabilidade que não pode ser coreografada. A escolha técnica de manter a câmera estática, sem cortes frenéticos, força o espectador a habitar o desconforto e o alívio de Will. É um raro momento onde a direção de ‘Stranger Things’ se torna minimalista para amplificar o impacto.

O Subtexto de 1986: A aceitação em tempos de crise

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Um dos pontos mais fortes da análise é o contexto histórico. Em 1986, o mundo estava no auge da crise da AIDS e do pânico moral conservador. Quando o grupo de amigos abraça Will, a cena transcende o drama adolescente. Ela se torna um ato de rebeldia política silenciosa.

A série não ignora que, fora daquele porão, o mundo de Will Byers é hostil. Ao fundamentar a cena na amizade pura, os Duffer conectam o arco de Will à tese central da série: o amor platônico e a lealdade são as únicas armas capazes de enfrentar monstros, sejam eles do Mundo Invertido ou da sociedade da época.

Veredito: O fim de uma jornada de dez anos

A jornada de Will começou com o seu silêncio forçado no Mundo Invertido e termina com a sua voz sendo finalmente ouvida. Ao priorizar a verdade emocional sobre o espetáculo visual, ‘Stranger Things 5’ prova que entende seus personagens melhor do que qualquer algoritmo. A cena mais difícil da temporada foi, ironicamente, a mais simples — e é por isso que ela define o legado da série.

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Perguntas Frequentes sobre Will Byers em Stranger Things 5

Will Byers se assume gay em Stranger Things 5?

Sim, no episódio 7 da quinta temporada, Will Byers verbaliza sua sexualidade para seus amigos em um momento de profunda vulnerabilidade, confirmando as teorias construídas desde a primeira temporada.

Qual é a frase exata que Will diz na cena?

Will utiliza a frase “Eu não gosto de garotas”, uma escolha dos roteiristas para refletir o vocabulário e a repressão social típica do ano de 1986.

O que os irmãos Duffer disseram sobre essa cena?

Os criadores revelaram que esta foi a cena mais difícil de escrever e filmar de toda a temporada, devido à pressão de entregar um desfecho honesto para um arco de dez anos.

Noah Schnapp realmente se emocionou durante as gravações?

Sim, os diretores confirmaram que a performance usada no episódio veio majoritariamente do primeiro take, onde o ator entregou uma reação genuína e emocionante que surpreendeu a equipe.

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Marina Souza
Marina Souza
Oi! Eu sou a Marina, redatora aqui do Cinepoca. Desde os tempos de criança, quando as tardes eram preenchidas por maratonas de clássicos da Disney em VHS e as noites por filmes de terror que me faziam espiar por entre os dedos, o cinema se tornou um portal para incontáveis realidades. Não importa o gênero, o que sempre me atraiu foi a capacidade de um filme de transportar, provocar e, acima de tudo, contar algo.No Cinepoca, busco compartilhar essa paixão, destrinchando o que há de mais interessante no cinema, seja um blockbuster que domina as bilheterias ou um filme independente que mal chegou aos circuitos.Minhas expertises são vastas, mas tenho um carinho especial por filmes que exploram a complexidade da mente humana, como os suspenses psicológicos que te prendem do início ao fim. Meu objetivo é te levar em uma viagem cinematográfica, apresentando filmes que talvez você nunca tenha visto, mas que definitivamente merecem sua atenção.

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