O retorno de Chris Evans como Steve Rogers em ‘Vingadores: Doutor Destino’ é um movimento arriscado que pode comprometer o legado de ‘Ultimato’. Analisamos como a dependência da nostalgia sinaliza uma crise de confiança na nova geração de heróis do MCU.
A reação ao primeiro teaser de ‘Vingadores: Doutor Destino’ foi imediata, mas previsível. Ver Chris Evans novamente caracterizado como Steve Rogers em ‘Vingadores: Doutor Destino’, ainda que em uma breve cena de flashback ou realidade alternativa, gerou o barulho que a Disney precisava. No entanto, para quem acompanha a estrutura narrativa do MCU desde 2008, o retorno não soa como um presente para os fãs, mas como um pedido de socorro criativo.
O peso de um ‘ponto final’ ignorado
Poucos personagens no cinema blockbuster recente tiveram uma conclusão tão hermética quanto Steve Rogers em ‘Vingadores: Ultimato’. A dança final com Peggy Carter não foi apenas um encerramento emocional; foi a resolução do conflito central do personagem: a busca pelo pertencimento. Ao trazer Rogers de volta, a Marvel corre o risco de transformar esse desfecho em um ‘ponto e vírgula’ irrelevante.
O problema não é o ator — Evans possui um carisma que ancora o universo — mas o que essa escolha comunica. Quando Kevin Feige recorre ao Old Guard, ele admite tacitamente que a Fase 4 e a Fase 5 falharam em criar ícones com o mesmo poder de permanência. Rogers volta porque a Marvel não conseguiu fazer o público se importar o suficiente com quem ficou.
A sombra sobre Sam Wilson
A maior vítima dessa estratégia é, invariavelmente, Sam Wilson. O arco de Wilson em ‘Falcão e o Soldado Invernal’ foi subversivo e necessário, lidando com o peso político de um homem negro assumindo o manto da América. Contudo, a execução de ‘Capitão América: Admirável Mundo Novo’ diluiu esse protagonismo ao soterrar Sam em uma trama de conspiração que parecia mais interessada em introduzir o Hulk Vermelho do que em consolidar o novo Capitão.
Ao colocar Steve Rogers em ‘Vingadores: Doutor Destino’, o estúdio cria uma hierarquia perigosa. Sam Wilson deixa de ser o sucessor para se tornar o ‘substituto temporário’ aos olhos do público médio. É uma falha de planejamento de longo prazo em prol de um pico de bilheteria imediato.
Nostalgia como muleta técnica
O sucesso de ‘Deadpool & Wolverine’ ensinou a lição errada para a Marvel Studios. O filme funcionou porque era uma sátira cínica e metalinguística sobre o fim da era Fox. Tentar replicar essa fórmula em um filme dos Vingadores — que deveria ser o pilar de seriedade e progressão da história — sugere uma regressão.
Do ponto de vista técnico, o uso de Rogers em Doomsday parece servir apenas como contraponto emocional ao Doutor Destino de Robert Downey Jr. É o roteiro tentando fabricar uma conexão instantânea (Rogers vs. Stark/Destino) em vez de construir novas dinâmicas entre os heróis atuais e o vilão. É o caminho mais fácil, porém o menos recompensador artisticamente.
Para quem é este retorno?
Se você busca apenas o conforto visual de ver os rostos que definiram sua infância ou adolescência, a presença de Evans será satisfatória. Mas para quem espera que o MCU volte a ser uma narrativa expansiva e corajosa, este retorno é um sinal de alerta.
A Marvel construiu seu império apostando no desconhecido — de ‘Homem de Ferro’ a ‘Guardiões da Galáxia’. Hoje, ela parece ter medo do escuro, preferindo acender as luzes do passado para não encarar as incertezas do futuro. Steve Rogers merecia a paz que conquistou em 1945; a Marvel é quem precisa aprender a seguir em frente.
Para ficar por dentro de tudo que acontece no universo dos filmes, séries e streamings, acompanhe o Cinepoca também pelo Facebook e Instagram!
Perguntas Frequentes sobre Steve Rogers em ‘Vingadores: Doutor Destino’
Chris Evans está confirmado em ‘Vingadores: Doutor Destino’?
Sim, o ator retorna como Steve Rogers, embora os detalhes sobre se ele é uma variante do Multiverso ou uma versão do passado ainda não tenham sido totalmente revelados.
Como Steve Rogers pode voltar se ele envelheceu em ‘Ultimato’?
Dentro da lógica do MCU, o retorno pode ocorrer via viagem no tempo, variantes de outros universos trazidas pelo Doutor Destino ou através de flashbacks inéditos que impactam a trama atual.
Sam Wilson deixará de ser o Capitão América?
Não. Sam Wilson permanece como o Capitão América oficial da linha do tempo principal (Terra-616). O retorno de Steve Rogers é tratado como um evento extraordinário e possivelmente temporário.
Qual a data de estreia de ‘Vingadores: Doutor Destino’?
O filme está programado para chegar aos cinemas em maio de 2026, servindo como a primeira parte do clímax da Saga do Multiverso.

