‘Star Trek TOS’: Por que todos os finais de temporada decepcionaram?

Explore por que os finais Star Trek TOS, incluindo “Operation — Annihilate!”, “Assignment: Earth” e “Turnabout Intruder”, frequentemente decepcionaram os fãs. Entenda como o contexto da TV dos anos 60, o formato episódico e decisões de produção impactaram os desfechos da aclamada série original, que priorizava episódios independentes em vez de ganchos de temporada.

Se você é fã de ‘Star Trek: The Original Series’ (TOS), sabe que a série é um marco na ficção científica e na cultura pop. Capitão Kirk, Spock, McCoy… esse trio é lendário! A bordo da USS Enterprise, eles nos levaram a explorar cantos desconhecidos da galáxia, enfrentaram dilemas éticos e tecnológicos que ecoam até hoje, e nos presentearam com episódios simplesmente icônicos. A jornada foi épica, sem dúvida. Mas e os finais Star Trek TOS? Será que eles fizeram jus a essa aventura toda? Prepare-se, porque a gente vai mergulhar nos desfechos de cada temporada e entender por que, na boa, eles deixaram um pouco a desejar.

O Contexto da TV nos Anos 60: Por Que Finais Épicos Não Eram a Regra

Para entender por que os desfechos de temporada de ‘Star Trek TOS’ não eram aqueles ganchos de tirar o fôlego que vemos hoje, a gente precisa dar um pulinho no tempo. Imagine a televisão dos anos 1960. Era um mundo bem diferente do nosso, onde maratonar séries e esperar ansiosamente por um final de temporada cheio de reviravoltas simplesmente não era o padrão.

A maioria dos programas daquela época seguia um formato estritamente episódico. Isso significa que cada episódio contava uma história completa, com começo, meio e fim, geralmente resolvida dentro dos seus 40 e poucos minutos. Pensa bem: isso era ótimo para quem perdia um episódio ou outro, pois não ficava totalmente perdido na trama geral. Mas, por outro lado, limitava bastante o desenvolvimento de arcos longos para os personagens ou a construção de narrativas que se estendessem por uma temporada inteira.

Essa estrutura episódica tinha uma consequência direta nos “finais” de temporada. Eles não eram construídos para serem clímaxes grandiosos ou pontos de virada que deixariam o público roendo as unhas até a próxima leva de episódios. Eram, na verdade, apenas… o último episódio da temporada. Sem fogos de artifício narrativos, sem pontas soltas gigantescas para resolver depois. Era só mais uma aventura da Enterprise antes de um pequeno hiato.

É crucial ter isso em mente ao analisar os finais Star Trek TOS. Eles foram criados dentro de uma lógica televisiva onde o conceito de “finale” como conhecemos hoje simplesmente não existia. E, por isso, eles acabam parecendo episódios comuns, alguns até abaixo da média, em vez de desfechos dignos para as jornadas incríveis que as temporadas proporcionaram.

Primeiro Desfecho: A Morte do Irmão de Kirk em “Operation — Annihilate!”

Chegamos ao final da primeira temporada de ‘Star Trek: The Original Series’, e o episódio que encerra essa jornada inaugural é “Operation — Annihilate!”. A premissa é interessante: a Enterprise chega ao planeta Deneva e encontra uma colônia da Federação devastada por estranhos parasitas voadores unicelulares que controlam a mente de suas vítimas.

A tensão aumenta quando Kirk descobre que seu irmão, Sam Kirk, está entre as vítimas fatais. Sua cunhada, Aurelan, está viva, mas agindo de forma bizarra sob o controle dos parasitas, e seu sobrinho, Peter, está em coma. A situação fica ainda mais tensa quando Spock também é atacado por uma dessas criaturas.

A busca por uma solução leva Kirk, Spock e McCoy a descobrir que a luz ultravioleta é letal para os parasitas. Eles conseguem aplicar o tratamento nos sobreviventes e, claro, salvar o dia e o planeta. O episódio tem seus momentos de suspense e drama, especialmente com a ameaça à tripulação principal e a corrida contra o tempo para encontrar a cura.

No entanto, como final de temporada, “Operation — Annihilate!” tropeça. O evento mais significativo, a morte de Sam Kirk, não tem o impacto que poderia. Por quê? Simplesmente porque Sam nunca havia sido mencionado antes na série. Ele aparece apenas para morrer, o que diminui consideravelmente o peso emocional do acontecimento para o público na época.

É curioso notar que, com a introdução de Sam Kirk em ‘Star Trek: Strange New Worlds’, sua morte em TOS ganha uma nova camada de significado e tristeza para os fãs mais recentes, que conheceram o personagem antes de seu trágico fim. Mas, em 1967, era apenas a morte de um parente desconhecido do protagonista.

O episódio termina como qualquer outro: o problema é resolvido, a ameaça eliminada, e a Enterprise segue para sua próxima missão. Não há um gancho, uma grande revelação ou um evento que mude o status quo da série. É um episódio competente, sim, com uma história de ficção científica clássica de ‘Star Trek’, mas que falha completamente em soar ou parecer um final de temporada memorável. É apenas o último episódio da primeira leva, deixando os finais Star Trek TOS com um começo um tanto morno.

Segundo Desfecho: Uma Tentativa de Spin-off em “Assignment: Earth”

A segunda temporada de ‘Star Trek: The Original Series’ nos levou a mais aventuras inesquecíveis, consolidando a dinâmica entre Kirk, Spock e McCoy e apresentando alguns dos episódios mais aclamados da série. A expectativa para o final poderia ser alta, mas o episódio que encerrou essa temporada, “Assignment: Earth”, seguiu a tendência de não ser um desfecho grandioso.

Este episódio é particularmente único e até um pouco estranho dentro do cânone de TOS, porque ele não foi originalmente concebido para ser um episódio de ‘Star Trek’. A ideia por trás de “Assignment: Earth” era, na verdade, servir como um “backdoor pilot” – um episódio de uma série já existente usado para introduzir personagens e conceitos de uma *nova* série que os produtores esperavam vender para as emissoras.

A trama nos leva de volta a 1968, quando a Enterprise viaja no tempo para realizar pesquisas históricas. Lá, a tripulação encontra Gary Seven, um misterioso “supervisor” interestelar com a missão de proteger a linha do tempo da Terra. Kirk e Spock, sem saber se Gary Seven é uma ameaça ou um guardião, acabam se envolvendo em seus planos, que incluem sabotar um lançamento de míssil para impedir que os EUA desenvolvam armas nucleares orbitais no futuro. Uma secretária humana, Roberta Lincoln, também é pega no meio dessa confusão toda.

O episódio funciona razoavelmente bem como uma história autônoma, explorando temas de intervenção temporal e o destino da humanidade. Gary Seven é um personagem intrigante, e a dinâmica entre ele, Roberta e a tripulação da Enterprise rende bons momentos. No final do episódio, Spock chega a comentar que Gary Seven e Roberta Lincoln “terão algumas experiências interessantes pela frente”, uma clara deixa para a série que viria a seguir.

O problema é que essa série nunca aconteceu. Embora “Assignment: Earth” seja considerado por muitos um backdoor pilot competente, as redes de televisão não compraram a ideia do spin-off. Isso deixou o episódio como um final de temporada que, embora diferente, ainda não parecia um *verdadeiro* final para a tripulação da Enterprise. Ele se concentra em apresentar personagens para outra série, desviando o foco dos protagonistas e da jornada que acompanhamos por duas temporadas.

Portanto, o segundo dos finais Star Trek TOS, apesar de ser uma curiosidade interessante na história da produção televisiva, reforça a ideia de que os desfechos de temporada na época não eram prioridade para a narrativa principal da série. Era apenas o ponto onde a temporada acabava, muitas vezes com um episódio que servia a outros propósitos.

Terceiro Desfecho: Um Fim Controversso em “Turnabout Intruder”

Chegamos ao fim da linha para ‘Star Trek: The Original Series’. A terceira temporada foi, infelizmente, a última, e o episódio final, “Turnabout Intruder”, é frequentemente citado não apenas como um dos piores finais Star Trek TOS, mas também como um dos piores episódios de toda a série clássica. E, sim, ele falha miseravelmente em ser um desfecho digno para a incrível jornada da Enterprise.

A premissa de “Turnabout Intruder” envolve a Dra. Janice Lester, uma ex-amante de Kirk, que embarca na Enterprise e, usando uma tecnologia alienígena, troca de corpo com o Capitão. No corpo de Kirk, Lester assume o comando da nave, agindo de forma errática e defensiva sempre que alguém questiona suas decisões ou comportamento estranho.

Spock, é claro, percebe que algo está muito errado e começa a investigar, eventualmente descobrindo a verdade sobre a troca de corpos. A trama culmina com Lester sofrendo um colapso mental completo, aparentemente devido ao fracasso de seu plano de matar Kirk e se tornar uma capitã de nave estelar.

Este episódio é problemático por várias razões, e muitas delas vão além de simplesmente não parecer um final. A mais criticada é a implicação de que a Frota Estelar não permitia que mulheres fossem capitãs de naves estelares. Isso contradiz diretamente a filosofia progressista e inclusiva que ‘Star Trek’ tanto se esforçou para promover, mostrando um futuro onde gênero não seria uma barreira para alcançar posições de comando.

Além disso, o episódio emprega o antiquado e ofensivo tropo da “mulher histérica”, sugerindo que uma mulher que deseja poder ou autoridade é inerentemente instável mentalmente. A cena final, com Kirk de volta ao seu corpo, comentando que a vida de Dra. Lester “poderia ter sido tão rica quanto a de qualquer mulher”, é uma fala que envelheceu pessimamente e encerra a série com uma nota incrivelmente baixa e retrógrada.

“Turnabout Intruder” não apenas ignora a necessidade de um final de série emocionante ou conclusivo, como também mancha a reputação da série com suas mensagens problemáticas e um roteiro fraco. É um desfecho decepcionante que, felizmente, foi em grande parte eclipsado pelo sucesso e pela continuidade da história da tripulação original nos filmes de ‘Star Trek’ que vieram depois.

Por Que os Finais de Temporada de Star Trek TOS Decepcionaram?

Ao olharmos para os três finais Star Trek TOS – “Operation — Annihilate!”, “Assignment: Earth”, e “Turnabout Intruder” – fica claro que nenhum deles cumpriu o papel que esperamos de um desfecho de temporada hoje em dia. Eles não foram épicos, não trouxeram grandes reviravoltas, e não deixaram o público ansioso pela continuação da história principal.

A principal razão para isso, como já mencionamos, está no contexto da televisão dos anos 60, que priorizava episódios independentes em vez de arcos narrativos longos e finais grandiosos. As séries eram feitas para serem assistidas em qualquer ordem, e o conceito de “final de temporada” com um gancho chocante simplesmente não era parte do modelo.

No caso específico de TOS:

  • “Operation — Annihilate!” introduziu um evento potencialmente impactante (a morte do irmão de Kirk), mas falhou em dar a ele o peso necessário por falta de desenvolvimento prévio do personagem. Terminou como mais uma missão cumprida.
  • “Assignment: Earth” foi uma tentativa de lançar uma nova série, desviando o foco da Enterprise e seus tripulantes para apresentar novos personagens e uma premissa diferente. Serviu a um propósito de negócios, não de encerramento de temporada.
  • “Turnabout Intruder” não apenas ignorou a chance de um final emocionante, como também trouxe uma história controversa e mal executada que contradisse os próprios valores da série e terminou com uma fala infeliz.

É uma pena que uma série tão revolucionária e querida como ‘Star Trek: The Original Series’ não tenha tido finais de temporada à altura de seu legado. Cada um dos desfechos teve suas falhas, seja por ser apenas um episódio comum, por servir a interesses externos ou por apresentar um roteiro problemático.

Felizmente, a força de ‘Star Trek’ reside em seus inúmeros episódios brilhantes, na química inigualável de seu elenco principal e nas ideias visionárias que apresentou. Os finais Star Trek TOS podem ter decepcionado, mas a jornada como um todo continua sendo uma das mais importantes e amadas da história da ficção científica. E isso, no fim das contas, é o que realmente importa para os fãs que continuam explorando o universo de ‘Jornada nas Estrelas’ décadas depois.

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Perguntas Frequentes sobre Finais de Star Trek TOS

Quais foram os finais de temporada de ‘Star Trek: The Original Series’?

Os finais de temporada de TOS foram os episódios “Operation — Annihilate!” (1ª temporada), “Assignment: Earth” (2ª temporada) e “Turnabout Intruder” (3ª temporada).

Por que os finais de Star Trek TOS não eram épicos como os de hoje?

O contexto da televisão dos anos 1960 priorizava formatos episódicos, onde cada história se resolvia em um único episódio. Não era comum criar “ganchos” ou grandes clímaxes para o final da temporada, que era visto apenas como o último episódio antes do hiato.

“Assignment: Earth” era diferente dos outros finais?

Sim, “Assignment: Earth” foi concebido como um “backdoor pilot”, um episódio usado para tentar lançar uma nova série com os personagens Gary Seven e Roberta Lincoln, desviando o foco da tripulação principal da Enterprise.

Por que o final “Turnabout Intruder” é controverso?

Este episódio é criticado por sugerir que mulheres não podiam ser capitãs de naves estelares na Frota Estelar e por empregar o antiquado tropo da “mulher histérica”, contradizendo os valores progressistas da série.

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