Analisamos o ano sísmico de Star Trek em 2025: o fim acelerado de ‘Strange New Worlds’, o fracasso criativo de ‘Seção 31’ e a nova estratégia da Skydance que enterrou a era Kelvin para buscar um reboot total no cinema. Por que a franquia está trocando o cânone pelo mercado de massa.
A franquia que definiu a ficção científica na TV encerra 2025 em um estado de paradoxo absoluto. Star Trek 2025 não será lembrado apenas pelas histórias contadas, mas pelas manobras de bastidores que reconfiguraram o mapa estelar da Paramount. Entre o encerramento abrupto de ‘Strange New Worlds’ e o colapso final do quarto filme da linha Kelvin, a gestão de David Ellison (Skydance) começou a imprimir uma marca fria e pragmática: a era do experimentalismo de Alex Kurtzman está sendo substituída pela busca pelo blockbuster de massa.
O paradoxo de ‘Strange New Worlds’: o auge e o fim
Em dezembro de 2025, o clima no set de ‘Strange New Worlds’ era de funeral antecipado. A série que resgatou o otimismo de Roddenberry e o formato episódico clássico teve sua produção encerrada após cinco temporadas. O choque não foi o fim em si, mas a pressa: a Paramount+ reduziu a temporada final para apenas seis episódios, uma decisão claramente financeira para limpar o balanço antes da integração total com a Skydance.
A ironia é cruel. Enquanto a produção terminava, a terceira temporada (lançada em junho) mostrava uma série sofrendo de ‘excesso de confiança’. Episódios como ‘Four-and-a-Half Vulcans’ — uma farsa cômica que testou os limites da paciência dos puristas — provaram que até a melhor tripulação pode perder o rumo quando tenta abraçar todos os gêneros simultaneamente. Spock dançando e La’an em situações de sitcom geraram um ruído crítico que a série, até então intocável, não soube processar.
‘Seção 31’: a falha da ‘Marvelização’ de Star Trek
O lançamento de ‘Star Trek: Seção 31’ no streaming foi o maior erro tático do ano. O que deveria ser um veículo de prestígio para a vencedora do Oscar Michelle Yeoh acabou soando como um filme de ação genérico com nomes de Star Trek colados por cima. A direção falhou em capturar a ambiguidade moral que tornou a organização fascinante em ‘Deep Space Nine’.
O resultado foi uma estética de ‘sci-fi de aeroporto’: muita pirotecnia visual, pouca substância filosófica. A recepção fria selou o destino dos filmes exclusivos para streaming. David Ellison foi implacável: a partir de agora, Star Trek só volta ao cinema se for para ocupar 4 mil salas e disputar o topo da bilheteria. O experimento de ‘filmes médios’ morreu com a Imperatriz Georgiou.
O fim do Purgatório: o cancelamento de Star Trek 4
Após uma década de promessas vazias, o ‘Star Trek 4’ de Chris Pine foi oficialmente engavetado em novembro. O development hell mais famoso da ficção científica terminou não com uma explosão, mas com um comunicado corporativo. O elenco da era Abrams, agora na casa dos 40 e 50 anos, tornou-se caro demais para uma franquia que a Paramount não sabe mais como vender para o grande público.
A solução da Skydance é o ‘reboot do reboot’. A contratação de Jonathan Goldstein e John Francis Daley (‘Dungeons & Dragons’) para um filme totalmente desconectado do cânone atual sinaliza a intenção de Ellison: ele quer o ‘Star Wars’ da Paramount. Um filme que você possa assistir sem ter visto 900 episódios de TV. É uma aposta necessária, mas que corre o risco de alienar a base que manteve a marca viva por 60 anos.
O fator Scott Bakula: nostalgia como resistência
A única nota de esperança genuína veio da base de fãs. O projeto ‘Star Trek: United’, apresentado por Scott Bakula e o roteirista Michael Sussman, tornou-se o assunto mais comentado das convenções. A ideia de um thriller político focado nos primeiros anos da Federação, com um Jonathan Archer envelhecido e pragmático, é exatamente o tipo de conteúdo denso que falta na era atual.
Diferente de ‘Academia da Frota Estelar’ — que estreia em 2026 com um tom nitidamente voltado para o público Young Adult — o projeto de Bakula fala com o fã que sente falta da ‘ficção científica de ideias’. Se a Skydance der luz verde, será o sinal de que ainda há espaço para a complexidade na franquia.
Conclusão: 60 anos e uma folha em branco
O contrato de Alex Kurtzman expira em 2026, coincidindo com o 60º aniversário da saga. Star Trek 2025 foi o ano da limpeza de terreno. A Enterprise está voltando para a doca seca, e quem assumirá o comando não são exploradores, mas estrategistas de mercado. O futuro de Star Trek agora depende de uma pergunta fundamental: a franquia consegue ser um blockbuster global sem perder a alma intelectual que a tornou única? 2026 trará a resposta, mas o otimismo de Kirk nunca pareceu tão distante.
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Perguntas Frequentes sobre Star Trek 2025
Por que ‘Star Trek: Strange New Worlds’ foi cancelada?
A série não foi cancelada por baixa audiência, mas encerrada por uma mudança de estratégia da Paramount/Skydance, que busca reduzir custos de produção e focar em novos projetos que não dependam de contratos antigos e caros.
Onde assistir ao filme ‘Star Trek: Seção 31’?
O filme é um conteúdo original da Paramount+ e está disponível exclusivamente na plataforma de streaming desde seu lançamento em 2025.
Haverá um Star Trek 4 com o elenco de Chris Pine?
Não. Em novembro de 2025, a Paramount confirmou o cancelamento definitivo do projeto em favor de um novo filme de cinema dirigido por Jonathan Goldstein e John Francis Daley, que será um recomeço para a franquia nas telonas.
O que é o projeto ‘Star Trek: United’ de Scott Bakula?
É uma proposta de série/minissérie liderada pelo ator Scott Bakula (Capitão Archer) que exploraria a fundação da Federação. Atualmente, o projeto aguarda aprovação da nova gestão da Skydance.

