Stallone: O real motivo por trás da polêmica de ‘Rambo 3’

Sylvester Stallone revelou o verdadeiro motivo por trás da recepção conturbada de ‘Rambo 3’: o lançamento do filme coincidiu com o fim da Guerra Fria, tornando sua abordagem anti-soviética politicamente anacrônica e controversa. Descubra como o contexto geopolítico impactou a crítica e a bilheteria, e a lição que a franquia aprendeu sobre o tempo e a topicalidade no cinema de ação.

Se você é fã de cinema de ação e já se perguntou qual foi o real motivo por trás da polêmica de Rambo 3, prepare-se para desvendar esse mistério! Sylvester Stallone, o eterno John Rambo, finalmente abriu o jogo sobre a recepção conturbada do filme, e a verdade é que o timing não poderia ter sido pior. Vem com a gente no Cinepoca para entender como o fim da Guerra Fria bagunçou tudo para o nosso herói de bandana!

A Polêmica de ‘Rambo III’: O Tempo é Tudo!

A Polêmica de 'Rambo III': O Tempo é Tudo!

Lançado em 1988, ‘Rambo III’ prometia mais uma dose cavalar de ação com o nosso amado John Rambo. Dirigido por Peter MacDonald, o filme colocava Stallone novamente no papel do soldado de um homem só, dessa vez enfrentando as forças soviéticas no Afeganistão. Parecia a receita perfeita para o sucesso, certo? Errado!

Stallone revelou em uma entrevista à GQ que o grande vilão de ‘Rambo III’ não foram os soviéticos, mas sim o calendário. O filme chegou aos cinemas exatamente no momento em que as tensões da Guerra Fria começavam a diminuir drasticamente, com os Estados Unidos e a União Soviética se aproximando de um período de paz e conciliação. De repente, um filme que retratava os soviéticos como inimigos intransigentes se tornou politicamente desfavorável e, para muitos, até ofensivo.

Imagina só a cena: você passa anos em uma Guerra Fria que parece não ter fim, e quando o mundo finalmente começa a respirar um ar de trégua, surge um filme que parece querer reacender as chamas. Stallone descreveu a situação como “muito, muito perigosa. Muito fervente”. Ele conta que, em coletivas de imprensa, as pessoas o vaiavam, questionando suas intenções. “O que você está tentando fazer, começar outra guerra com a Rússia?”, perguntavam. O ator, confuso, respondia: “Você já ouviu falar da Guerra Fria? O que estou tentando fazer?”. É um lembrete e tanto de como a arte e a política podem se chocar de maneiras inesperadas.

Do Trauma à Ação Pura: A Evolução de Rambo

Para entender a virada de ‘Rambo III’, é crucial olharmos para a trajetória da franquia. O primeiro filme, ‘Rambo: Programado Para Matar’ (1982), é uma obra seminal na carreira de Stallone. Ele foi aclamado por sua abordagem profunda e sensível sobre um veterano da Guerra do Vietnã traumatizado, lidando com o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) e a dificuldade de se reintegrar à sociedade.

No entanto, a sequência, ‘Rambo: Programado Para Matar: Part II’, lançada em 1985, marcou uma transição significativa. A franquia deixou de ser uma exploração psicológica do TEPT para se tornar um filme de ação mais direto, com Rambo retornando ao Vietnã em uma missão de resgate de prisioneiros de guerra. Embora ainda fosse um sucesso de bilheteria, a resposta crítica já era mais dividida, com alguns sentindo falta da profundidade do original.

‘Rambo III’ seguiu essa mesma linha, e até intensificou a direção de ação desenfreada, deixando para trás quase toda a complexidade emocional que definia o primeiro filme. Infelizmente, nem a crítica nem o público responderam de forma positiva. No Rotten Tomatoes, o filme amargou uma pontuação de 41% entre os críticos e um Popcornmeter de apenas 45% entre o público. Isso mostra que, por mais que a gente ame ver Rambo em ação, a falta de um enredo mais consistente e a desconexão com o momento político real pesaram bastante.

Um Retrato Simplista em Tempos Complexos

Um Retrato Simplista em Tempos Complexos

Uma das maiores críticas a ‘Rambo III’ foi sua representação excessivamente simplista da Guerra Afegã-Soviética, que ocorreu de 1979 a 1989. O filme foi acusado de pintar os Mujahideen afegãos como heróis unidimensionais da resistência e os soviéticos como vilões igualmente caricatos e sem nuances. Essa abordagem “preto no branco” pode funcionar em alguns contextos de ação, mas quando se trata de um conflito geopolítico real, a complexidade é essencial.

A Guerra Fria, que durou cerca de 40 anos, era um período de alta tensão, mas também de diplomacia intrincada. Quando ‘Rambo III’ foi lançado em 1988, a Guerra Fria estava em seus estertores, e o mundo estava se movendo em direção à paz, que seria oficialmente declarada em 1991. O filme, ao glorificar um lado e demonizar o outro de forma tão explícita, acabou parecendo anacrônico e insensível à nova realidade política que se desenhava.

É como se o filme estivesse atrasado para a própria festa, chegando com a mentalidade de uma década passada enquanto o mundo já estava virando a página. Essa desconexão entre a narrativa cinematográfica e o pulso da geopolítica global foi um fator decisivo para a fria recepção do público e da crítica.

O Impacto na Bilheteria e o Congelamento da Franquia

A resposta mista e o desempenho comercial decepcionante de ‘Rambo III’ tiveram um impacto direto e duradouro na franquia. Enquanto ‘Rambo: Programado Para Matar: Part II’ havia arrecadado impressionantes 300 milhões de dólares globalmente, ‘Rambo III’ conseguiu apenas cerca de 188 milhões de dólares. Uma queda considerável que ligou o sinal de alerta em Hollywood.

Essa performance abaixo do esperado, somada à polêmica política, colocou a franquia Rambo no gelo por duas longas décadas. Tivemos que esperar até 2008 para ver John Rambo novamente em ação, no quarto filme da saga. E, finalmente, Stallone se despediu do personagem icônico em ‘Rambo: Até o Fim’, lançado em 2019, marcando o que parecia ser o ponto final para a jornada de John.

Mas, como todo bom fã de cinema sabe, em Hollywood, “fim” nem sempre significa fim de verdade! Recentemente, surgiram notícias de que um prelúdio de Rambo está em desenvolvimento, com Noah Centineo cotado para o papel principal e Kitao Sakurai na direção. A ideia é explorar os anos de formação do personagem. Resta saber se os novos projetos aprenderão com os erros do passado.

O Futuro de Rambo: O Que Aprendemos com ‘Rambo III’?

A experiência de ‘Rambo III’ é uma lição valiosa sobre os perigos de abordar temas políticos atuais de forma simplista no cinema. O próprio Stallone, ao refletir sobre o ocorrido, sugere que futuros projetos da franquia Rambo talvez devessem evitar explorar conflitos do mundo real de maneira tão direta e pesada. Afinal, a realidade é fluida, e o que é relevante e aceitável hoje, pode ser obsoleto ou até controverso amanhã.

Ainda que tenha sido um tropeço em termos de recepção e bilheteria, ‘Rambo III’ permanece uma entrada significativa na franquia. Ele nos mostra como um filme, mesmo com boas intenções de ação e aventura, pode ser engolido pelo contexto histórico e político. É um lembrete poderoso de que o cinema não existe em um vácuo; ele reflete e é influenciado pelo mundo ao seu redor.

Seja com um prelúdio ou com novas sequências, a essência de Rambo, a luta por justiça e a busca por um lugar no mundo, certamente continuará a ressoar. Mas a lição de ‘Rambo III’ sobre o “tempo” e a “topicalidade” é algo que os criadores da franquia, e de qualquer filme com temas sensíveis, carregarão para sempre.

E aí, o que você achou dessa revelação de Stallone? Já tinha pensado que o fim da Guerra Fria poderia ter sido o verdadeiro inimigo de ‘Rambo III’? Conta pra gente nos comentários e continue ligado no Cinepoca para mais histórias e curiosidades do mundo do cinema!

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Perguntas Frequentes sobre ‘Rambo 3’

Qual foi o principal motivo da polêmica de ‘Rambo 3’?

O principal motivo foi o timing de seu lançamento em 1988, que coincidiu com o fim da Guerra Fria, tornando sua representação dos soviéticos como inimigos politicamente desfavorável e anacrônica.

Como o fim da Guerra Fria impactou a recepção de ‘Rambo 3’?

A diminuição das tensões entre EUA e União Soviética fez com que o filme, que retratava os soviéticos como vilões, parecesse querer reacender conflitos, gerando críticas e questionamentos sobre as intenções de Stallone.

Qual a diferença entre ‘Rambo 3’ e o primeiro filme da franquia?

Enquanto ‘Rambo: Programado Para Matar’ explorava o trauma de guerra e o TEPT, ‘Rambo 3’ seguiu a linha de ‘Part II’, focando em ação desenfreada e deixando de lado a complexidade emocional e psicológica do original.

Qual foi o desempenho de bilheteria de ‘Rambo 3’ em comparação com o anterior?

Rambo 3′ arrecadou cerca de 188 milhões de dólares globalmente, uma queda significativa em relação aos 300 milhões de ‘Rambo: Programado Para Matar: Part II’, o que contribuiu para o congelamento da franquia.

Por quanto tempo a franquia Rambo ficou “congelada” após ‘Rambo 3’?

A franquia Rambo ficou no gelo por duas longas décadas após ‘Rambo 3’, com o próximo filme sendo lançado apenas em 2008.

Há planos para o futuro da franquia Rambo?

Sim, há notícias de um prelúdio de Rambo em desenvolvimento, que explorará os anos de formação do personagem.

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Lucas Lobinco
Lucas Lobinco
Sou o Lucas, e minha paixão pelo cinema começou com as aventuras épicas e os clássicos de ficção científica que moldaram minha infância. Para mim, cada filme é uma nova oportunidade de explorar mundos e ideias, uma janela para a criatividade humana. Minha jornada não foi nos bastidores da produção, mas sim na arte de desvendar as camadas de uma boa história e compartilhar essa descoberta. Sou movido pela curiosidade de entender o que torna um filme inesquecível, seja a complexidade de um personagem, a inovação visual ou a mensagem atemporal. No Cinepoca, meu foco é trazer uma perspectiva única, mergulhando fundo nos detalhes que fazem um filme valer a pena, e incentivando você a ver a sétima arte com novos olhos.Tenho um apreço especial por filmes de ação e aventura, com suas narrativas grandiosas e sequências de tirar o fôlego. A comédia de humor negro e os thrillers psicológicos também me atraem, pela forma como subvertem expectativas e exploram o lado mais sombrio da psique humana. Além disso, estou sempre atento às novas vozes e tendências que surgem na indústria, buscando os próximos grandes talentos e as histórias que definirão o futuro do cinema.

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