‘Something Is Killing the Children’: o terror que promete ser o mais sangrento da TV

Analisamos por que a adaptação de ‘Something Is Killing the Children’ pela Blumhouse promete ser o projeto mais transgressor do terror atual. Entenda como a série pretende quebrar o tabu da violência gráfica infantil e manter a fidelidade visceral aos quadrinhos premiados.

Existe um limite moral no cinema de gênero que raramente é transpassado: a integridade física da infância. O horror convencional opera sob um contrato implícito onde adultos podem ser mutilados das formas mais criativas, mas crianças permanecem em uma redoma de violência sugerida ou cortes rápidos de montagem. A ‘Something Is Killing the Children’ série, nova aposta da Blumhouse, chega para rasgar esse contrato. Ao adaptar a obra visceral de James Tynion IV e Werther Dell’Edera, a produção não apenas flerta com o extremo; ela faz do infanticídio gráfico sua premissa fundamental.

A mitologia de Archer’s Peak: Por que Erica Slaughter não é uma heroína comum

A trama nos joga em Archer’s Peak, uma cidade onde o desaparecimento de crianças deixa de ser estatística para se tornar carnificina. Os sobreviventes relatam criaturas que ninguém mais vê — um trauma que a sociedade prefere rotular como psicose infantil. É aqui que entra Erica Slaughter. Diferente dos caçadores de monstros higienizados de Hollywood, Erica é uma agente da Ordem de São Jorge, uma organização milenar que opera nas sombras com uma ética profundamente questionável.

O que diferencia ‘Something Is Killing the Children’ de um terror genérico é o peso do trauma. James Tynion IV, que revitalizou o ‘Batman’ na DC Comics, injeta uma melancolia existencial na história. Erica não está salvando o dia; ela está limpando uma sujeira que o mundo adulto se recusa a admitir que existe. A violência aqui não é um espetáculo gratuito, mas uma representação física do medo que os adultos ignoram.

O desafio visual: Traduzindo a estética de Werther Dell’Edera

A Blumhouse optou por uma estratégia agressiva: uma série animada para adultos simultânea a um live-action. Essa escolha é tecnicamente estratégica. A arte de Dell’Edera nos quadrinhos é definida por um uso perturbador de espaços negativos e diagramações que forçam o leitor a encarar o detalhe do horror. Em animação, a liberdade para replicar os Duplicity Eaters (os monstros da série) sem as limitações de orçamento de CGI de um live-action comum é o que pode garantir a fidelidade prometida.

Se observarmos o que a Amazon fez com ‘Invincible’ ou a Netflix com ‘Blue Eye Samurai’, fica claro que a animação atingiu um patamar de maturidade onde o sangue tem textura e impacto. Dell’Edera atua como consultor visual, o que sugere que a paleta de cores frias e o design grotesco das criaturas não serão suavizados para o grande público.

Quebrando o maior tabu do terror mainstream

Quebrando o maior tabu do terror mainstream

Para ser fiel ao material original, a série precisará mostrar o que filmes como ‘IT: A Coisa’ ou ‘O Iluminado’ apenas sugeriram. Nos quadrinhos, os ninhos das criaturas são construídos com restos mortais de crianças de forma explícita. É um território que a TV americana, mesmo em canais de nicho como Shudder ou HBO, raramente explorou com tal centralidade.

A saída de Baran bo Odar e Jantje Friese (criadores de ‘Dark’) do projeto original na Netflix e a subsequente migração para a Blumhouse indica uma mudança de tom. Enquanto os alemães focariam no mistério cerebral, a produtora de Jason Blum é conhecida por entender a catarse do horror físico. O risco é real: se a série recuar na violência, perde sua identidade; se for fundo demais, corre o risco de ser banida de mercados publicitários conservadores.

Status da produção e o que esperar

Anunciada formalmente no final de 2025, a adaptação ainda atravessa as fases de pré-produção e design de personagens. Não espere um trailer antes de 2027. No entanto, o envolvimento direto dos criadores da HQ como produtores executivos é o selo de qualidade que os leitores exigiam. Eles são os guardiões de uma narrativa que não admite concessões.

‘Something Is Killing the Children’ não é apenas uma série de monstros. É um estudo sobre como a inocência é devorada pela negligência adulta. Se a Blumhouse tiver a coragem de manter o nível de brutalidade das páginas de boom! Studios, estaremos diante do projeto mais controverso e visualmente impactante da década no gênero terror.

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Perguntas Frequentes sobre a série ‘Something Is Killing the Children’

A série ‘Something Is Killing the Children’ será fiel aos quadrinhos?

Sim, os criadores da HQ, James Tynion IV e Werther Dell’Edera, estão envolvidos como produtores executivos e consultores visuais para garantir que a essência brutal e o design das criaturas sejam preservados.

Onde poderei assistir à série?

Embora o projeto tenha começado na Netflix, a nova fase sob o comando da Blumhouse ainda não confirmou o streaming oficial, mas espera-se que siga para plataformas como Prime Video ou a própria Netflix devido ao alcance global necessário.

Quem é Erica Slaughter?

Erica é a protagonista da história, uma caçadora de monstros ligada à misteriosa Ordem de São Jorge. Ela possui a habilidade rara de enxergar as criaturas que devoram crianças e dedica sua vida a exterminá-las.

A série terá classificação indicativa para menores?

Dificilmente. Devido ao conteúdo de violência extrema, horror gráfico e temas pesados, a expectativa é de uma classificação 18 anos (TV-MA), especialmente na versão animada.

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Lucas Lobinco
Lucas Lobinco
Sou o Lucas, e minha paixão pelo cinema começou com as aventuras épicas e os clássicos de ficção científica que moldaram minha infância. Para mim, cada filme é uma nova oportunidade de explorar mundos e ideias, uma janela para a criatividade humana. Minha jornada não foi nos bastidores da produção, mas sim na arte de desvendar as camadas de uma boa história e compartilhar essa descoberta. Sou movido pela curiosidade de entender o que torna um filme inesquecível, seja a complexidade de um personagem, a inovação visual ou a mensagem atemporal. No Cinepoca, meu foco é trazer uma perspectiva única, mergulhando fundo nos detalhes que fazem um filme valer a pena, e incentivando você a ver a sétima arte com novos olhos.Tenho um apreço especial por filmes de ação e aventura, com suas narrativas grandiosas e sequências de tirar o fôlego. A comédia de humor negro e os thrillers psicológicos também me atraem, pela forma como subvertem expectativas e exploram o lado mais sombrio da psique humana. Além disso, estou sempre atento às novas vozes e tendências que surgem na indústria, buscando os próximos grandes talentos e as histórias que definirão o futuro do cinema.

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