Screen Awards 2025: os 5 atores que definiram a TV do ano

De Adam Scott em ‘Ruptura’ a Tim Robinson em ‘The Chair Company’, analisamos as cinco performances masculinas que disputam o Screen Awards 2025. Por que cada indicado representa um tipo diferente de excelência — e quem tem mais chances de levar.

Existe um tipo de performance televisiva que transcende a própria série. O ator não apenas interpreta um personagem — ele se torna a razão pela qual você volta toda semana, mesmo quando o roteiro vacila. Os indicados ao Screen Awards 2025 na categoria de Melhor Ator representam exatamente isso: cinco trabalhos que definiram o que significou assistir TV este ano.

O Screen Awards, premiação inaugural organizada por críticos do ScreenRant, Collider, CBR e MovieWeb, revelou sua lista de indicados a Melhor Ator em Série de TV. E o que chama atenção não é apenas a qualidade individual — é a diversidade de registros. Temos aqui um veterano de drama médico finalmente reconhecido após décadas, um comediante que inventou seu próprio gênero, e um rosto de sitcom que provou ser capaz de carregar um thriller distópico nos ombros.

Vamos analisar cada um.

Adam Scott em ‘Ruptura’: quando o minimalismo vira masterclass

Adam Scott em 'Ruptura': quando o minimalismo vira masterclass

Adam Scott construiu carreira sendo o cara mais engraçado da sala sem nunca levantar a voz. Em ‘Parks and Recreation’ e ‘Party Down’, ele aperfeiçoou a arte do timing seco, da reação contida. Mas ‘Ruptura’ exigiu algo diferente — e Scott entregou uma das performances mais controladas da televisão recente.

Como Mark Scout, funcionário da Lumon Industries que literalmente separa suas memórias de trabalho das pessoais, Scott opera em um registro quase impossível. Ele precisa interpretar duas versões do mesmo homem que não se conhecem, cada uma com sua própria jornada emocional. O Mark do trabalho descobre horrores corporativos com curiosidade infantil. O Mark de fora carrega um luto que mal consegue nomear.

A segunda temporada, lançada em janeiro após quase três anos de espera, elevou as apostas. Scott precisou navegar revelações que transformam tudo que sabíamos sobre seu personagem — e fez isso com uma economia de expressão que seria invisível se não fosse tão deliberada. Aquele olhar no final do episódio 7, quando Mark finalmente conecta os pontos? Não há diálogo. Não precisa.

Quatro indicações ao Emmy não mentem. Scott transformou o que poderia ser um protagonista passivo em alguém que você torce desesperadamente para ver acordar — em todos os sentidos.

Ethan Hawke em ‘Verdade Oculta’: o charme como ferramenta de investigação

Ethan Hawke poderia passar o resto da carreira fazendo filmes de prestígio com Richard Linklater e ninguém reclamaria. Mas ele escolheu Tulsa, Oklahoma, e um dono de livraria que resolve crimes nas horas vagas. A aposta pagou.

‘Verdade Oculta’, criação de Sterlin Harjo (de ‘Se Souber, Não Diga’), é uma série que quase passou despercebida no mar de lançamentos de 2025. Os 98% no Rotten Tomatoes e o prêmio AFI de Melhor Programa do Ano sugerem que quem encontrou, amou. E muito disso se deve a Hawke.

Lee Rayborn é um personagem que não deveria funcionar no papel. Charmoso demais para ser crível, desastrado demais para ser competente, idealista demais para o mundo cínico que habita. Hawke resolve essa equação impossível fazendo de Lee alguém genuinamente presente em cada cena. Ele escuta. Observa. Tropeça. E quando finalmente conecta as peças de um caso, você acredita — porque passou episódios vendo ele errar primeiro.

É o tipo de performance que parece fácil até você tentar imaginar outro ator no papel. Não funciona.

Noah Wyle em ‘The Pitt’: a redenção de uma carreira em uma temporada

Noah Wyle em 'The Pitt': a redenção de uma carreira em uma temporada

Cinco indicações ao Emmy por ‘E.R.’. Zero vitórias. Por mais de duas décadas, Noah Wyle foi o exemplo de ator consistentemente excelente que nunca levou a estatueta para casa. ‘The Pitt’ mudou isso — e como.

Dois Emmys em uma noite. Melhor Série Dramática. Melhor Ator em Drama. A série já figura no top 50 do IMDb após uma única temporada. E no centro de tudo está Wyle como Dr. Michael Robinavitch, um médico de trauma em Pittsburgh que carrega o peso de cada decisão impossível que a profissão exige.

O que diferencia essa performance do trabalho em ‘E.R.’? Maturidade, principalmente. John Carter era jovem, aprendendo. Dr. Robby já sabe — e esse conhecimento é um fardo. Wyle interpreta a exaustão moral de alguém que viu demais, perdeu demais, mas ainda escolhe voltar todo dia. Não há heroísmo grandioso aqui. Há um homem tentando fazer a coisa certa em um sistema que nem sempre permite.

Depois de tanto tempo, ver Wyle finalmente reconhecido tem um sabor de justiça poética. Mas o prêmio não foi por caridade — foi porque a performance exigiu.

Seth Rogen em ‘O Estúdio’: Hollywood rindo de si mesma (com dor)

Seth Rogen virou sinônimo de comédia americana desde ‘Superbad’ em 2007. Mas ‘O Estúdio’ representa algo novo em sua carreira: reconhecimento formal. Emmy de Melhor Série de Comédia. Emmy de Melhor Ator em Comédia. Para um cara que passou anos fazendo filmes que críticos adoravam odiar, é uma virada considerável.

A série, co-criada por Rogen, acompanha Matt Remick — um cinéfilo de verdade que consegue o emprego dos sonhos comandando um grande estúdio. O problema? Amar cinema e fazer cinema são habilidades completamente diferentes. Matt descobre isso da pior forma possível, episódio após episódio.

Hollywood adora premiar obras sobre si mesma (vide ‘La La Land’). Mas ‘O Estúdio’ não romantiza a indústria — escarnece dela. E Rogen encontra o equilíbrio exato entre a ingenuidade de Matt e sua crescente percepção de que o sistema está quebrado. Ele é engraçado, sim. Mas também é patético de um jeito que dói reconhecer.

É a performance mais vulnerável de sua carreira. E funcionou.

Tim Robinson em ‘The Chair Company’: o absurdo como forma de arte

Tim Robinson em 'The Chair Company': o absurdo como forma de arte

Tim Robinson não faz comédia convencional. Ele criou algo próprio — um universo onde o constrangimento é elevado a níveis quase insuportáveis, onde situações mundanas espiralam para o caos absoluto, onde você ri e se contorce ao mesmo tempo. ‘The Chair Company’ é a destilação perfeita desse estilo.

100% no Rotten Tomatoes. Cem por cento. Para uma série sobre um homem suburbano obcecado em expor uma fabricante de cadeiras corrupta. Parece piada, mas é exatamente o ponto.

William Ronald Trosper, interpretado por Robinson, é um personagem que não deveria gerar tensão. Mas gera. A série mistura comédia absurdista com thriller conspiratório de um jeito que não deveria funcionar — e funciona porque Robinson acredita completamente em cada escolha bizarra que seu personagem faz. Ele não pisca. Não quebra. Leva a obsessão de Trosper a sério, e isso torna tudo mais engraçado e mais perturbador.

É o tipo de trabalho que expande o que achamos possível em televisão. Robinson não está competindo com os outros indicados — está jogando um jogo diferente.

Quem leva?

Se eu tivesse que apostar: Wyle ou Scott. O primeiro tem a narrativa de redenção e os Emmys recentes como prova de consenso. O segundo carrega a série mais comentada do ano e uma performance que só cresce em rewatch.

Mas o mais honesto a dizer é que qualquer um dos cinco merece. São trabalhos que justificam o tempo investido em televisão — e isso, no fim das contas, é o que importa.

Os vencedores do Screen Awards 2025 serão anunciados em 24 de dezembro.

Para ficar por dentro de tudo que acontece no universo dos filmes, séries e streamings, acompanhe o Cinepoca também pelo Facebook e Instagram!

Perguntas Frequentes sobre o Screen Awards 2025

O que é o Screen Awards?

O Screen Awards é uma premiação inaugural de 2025, organizada por críticos de quatro grandes sites de entretenimento: ScreenRant, Collider, CBR e MovieWeb. Diferente do Emmy, que é votado pela indústria, o Screen Awards reflete exclusivamente a visão da crítica especializada.

Quando será a cerimônia do Screen Awards 2025?

Os vencedores do Screen Awards 2025 serão anunciados em 24 de dezembro de 2025.

Quem são os indicados a Melhor Ator no Screen Awards 2025?

Os cinco indicados são: Adam Scott por ‘Ruptura’, Ethan Hawke por ‘Verdade Oculta’, Noah Wyle por ‘The Pitt’, Seth Rogen por ‘O Estúdio’ e Tim Robinson por ‘The Chair Company’.

Onde assistir às séries indicadas ao Screen Awards 2025?

‘Ruptura’ está disponível no Apple TV+. ‘The Pitt’ e ‘O Estúdio’ estão na Max. ‘Verdade Oculta’ e ‘The Chair Company’ estão disponíveis em plataformas de streaming variadas — consulte o JustWatch para verificar disponibilidade no Brasil.

O Screen Awards é diferente do Emmy?

Sim. O Emmy é votado por membros da Television Academy (profissionais da indústria), enquanto o Screen Awards é decidido exclusivamente por críticos de entretenimento. Isso pode resultar em escolhas diferentes — o Screen Awards tende a valorizar trabalhos que a crítica considera subestimados pelo Emmy.

Mais lidas

Marina Souza
Marina Souza
Oi! Eu sou a Marina, redatora aqui do Cinepoca. Desde os tempos de criança, quando as tardes eram preenchidas por maratonas de clássicos da Disney em VHS e as noites por filmes de terror que me faziam espiar por entre os dedos, o cinema se tornou um portal para incontáveis realidades. Não importa o gênero, o que sempre me atraiu foi a capacidade de um filme de transportar, provocar e, acima de tudo, contar algo.No Cinepoca, busco compartilhar essa paixão, destrinchando o que há de mais interessante no cinema, seja um blockbuster que domina as bilheterias ou um filme independente que mal chegou aos circuitos.Minhas expertises são vastas, mas tenho um carinho especial por filmes que exploram a complexidade da mente humana, como os suspenses psicológicos que te prendem do início ao fim. Meu objetivo é te levar em uma viagem cinematográfica, apresentando filmes que talvez você nunca tenha visto, mas que definitivamente merecem sua atenção.

Veja também