Por que o musical de ‘The Flash’ entrega mais coração que o cinema da DC

Analisamos como o ‘The Flash’ episódio musical superou o cinismo do cinema da DC ao unir talentos da Broadway e compositores premiados. Entenda por que a sinceridade de Barry e Kara em ‘Duet’ entregou mais verdade emocional do que muitos blockbusters de alto orçamento.

Existe um tropo na televisão que costuma ser o ‘beijo da morte’ para a credibilidade de uma série: o episódio musical. No papel, a ideia de colocar super-heróis para cantar no meio de uma temporada de 22 episódios soa como desespero criativo. No entanto, ‘The Flash’ episódio musical (intitulado ‘Duet’) desafiou essa lógica, entregando uma carga emocional que os blockbusters sombrios da DC nos cinemas raramente alcançaram.

O pedigree da Broadway no multiverso da CW

O pedigree da Broadway no multiverso da CW

Para entender por que ‘Duet’ funciona, é preciso olhar além do colante. O episódio não foi apenas um ‘show de talentos’ aleatório; ele foi construído sobre uma base técnica raramente vista na TV aberta. A música ‘Runnin’ Home to You’ foi escrita por Benj Pasek e Justin Paul (dupla vencedora do Oscar por ‘La La Land’), enquanto o número cômico ‘Super Friend’ teve a assinatura de Rachel Bloom (‘Crazy Ex-Girlfriend’).

Essa curadoria elevou o episódio de um simples filler para uma peça de dramaturgia musical legítima. Grant Gustin e Melissa Benoist, ambos egressos de ‘Glee’, não apenas ‘cantam bem’; eles utilizam a técnica teatral para expressar vulnerabilidades que o roteiro padrão da série muitas vezes mascara com jargões científicos sobre a Força de Aceleração.

A ‘arma secreta’ contra o cinismo do DCEU

Enquanto o universo cinematográfico da DC (o extinto DCEU) lutava para encontrar relevância através do realismo visceral de Zack Snyder, ‘The Flash’ apostava na sinceridade quase ingênua. ‘Duet’ é o ápice dessa filosofia. O vilão Music Meister, interpretado com um deleite contagiante por Darren Criss, não quer destruir o mundo — ele quer dar uma lição de moral sobre o amor.

Comparar a resolução de ‘Duet’ com o clímax de ‘Batman v Superman’ revela o abismo de tonalidades. Enquanto o cinema tentava forçar conexões emocionais através de coincidências (o infame momento ‘Martha’), o episódio musical usou a estrutura clássica dos musicais da era de ouro de Hollywood para forçar Barry e Kara a confrontarem seus próprios bloqueios emocionais. A vulnerabilidade de Barry ao pedir Iris em casamento através de uma canção tem mais peso dramático do que muitas explosões de CGI em Gotham.

Análise Técnica: Por que o teto de gastos não limitou a arte

Análise Técnica: Por que o teto de gastos não limitou a arte

Visualmente, ‘Duet’ é uma carta de amor ao cinema dos anos 40. A fotografia abandona os tons azulados e cinzentos de Central City para abraçar uma paleta quente, saturada e teatral. A direção de arte consegue transformar os sets reaproveitados da CW em um clube de jazz noir convincente, provando que a criatividade narrativa muitas vezes supera orçamentos de 200 milhões de dólares.

O destaque técnico vai para a mixagem de som. Frequentemente, episódios musicais sofrem com vozes que soam ‘desconectadas’ do ambiente (o efeito estúdio). Em ‘Duet’, há um esforço notável para manter a textura das vozes integrada aos cenários, o que ajuda o espectador a suspender a descrença de ver o Flash e a Supergirl em um número de sapateado.

O legado de ‘Duet’ para o futuro da DC

O sucesso desse crossover provou que o público da DC não quer apenas heróis torturados; eles querem humanidade. Projetos posteriores como ‘Peacemaker’ e ‘Doom Patrol’ beberam dessa fonte de ‘estranheza com coração’ que ‘The Flash’ explorou tão bem em 2017.

Ao final de 42 minutos, ‘Duet’ não apenas resolveu impasses românticos de duas séries distintas; ele reafirmou que o maior poder de Barry Allen não é a velocidade, mas sua capacidade de ser profundamente humano. Para quem busca entender a essência do que torna esses personagens icônicos, este episódio musical é uma parada obrigatória que ensina mais sobre heroísmo do que qualquer batalha épica contra o Lobo da Estepe.

Para ficar por dentro de tudo que acontece no universo dos filmes, séries e streamings, acompanhe o Cinepoca também pelo Facebook e Instagram!

Perguntas Frequentes sobre o episódio musical de ‘The Flash’

Qual é o nome e o número do episódio musical de ‘The Flash’?

O episódio se chama ‘Duet’ e é o 17º episódio da 3ª temporada de ‘The Flash’. Ele funciona como um crossover com a série ‘Supergirl’.

Quem escreveu as músicas de ‘Duet’?

As canções originais foram escritas por nomes de peso: ‘Runnin’ Home to You’ é de Pasek & Paul (La La Land) e ‘Super Friend’ é de Rachel Bloom (Crazy Ex-Girlfriend).

Onde assistir ao episódio musical de ‘The Flash’?

Atualmente, todas as temporadas de ‘The Flash’ estão disponíveis no catálogo da Netflix no Brasil.

Grant Gustin e Melissa Benoist realmente cantam no episódio?

Sim. Ambos os atores possuem formação em teatro musical e foram estrelas da série ‘Glee’ antes de assumirem seus papéis de super-heróis.

Mais lidas

Marina Souza
Marina Souza
Oi! Eu sou a Marina, redatora aqui do Cinepoca. Desde os tempos de criança, quando as tardes eram preenchidas por maratonas de clássicos da Disney em VHS e as noites por filmes de terror que me faziam espiar por entre os dedos, o cinema se tornou um portal para incontáveis realidades. Não importa o gênero, o que sempre me atraiu foi a capacidade de um filme de transportar, provocar e, acima de tudo, contar algo.No Cinepoca, busco compartilhar essa paixão, destrinchando o que há de mais interessante no cinema, seja um blockbuster que domina as bilheterias ou um filme independente que mal chegou aos circuitos.Minhas expertises são vastas, mas tenho um carinho especial por filmes que exploram a complexidade da mente humana, como os suspenses psicológicos que te prendem do início ao fim. Meu objetivo é te levar em uma viagem cinematográfica, apresentando filmes que talvez você nunca tenha visto, mas que definitivamente merecem sua atenção.

Veja também