O que lembrar de ‘Avatar’ antes de ‘Fogo e Cinzas’

Antes de ‘Avatar: Fogo e Cinzas’, relembramos o essencial: a morte de Neteyam, o mistério de Kiri e sua conexão com Eywa, a relação tensa entre Spider e Quaritch, e a chegada dos Mangkwan — Na’vi que rejeitam a entidade que conecta Pandora.

Três anos se passaram desde que saímos encharcados (emocionalmente) do cinema após ‘Avatar: O Caminho da Água’. Agora, com ‘Avatar: Fogo e Cinzas’ finalmente chegando, é hora de fazer aquele exercício que todo mundo finge que não precisa: lembrar o que diabos aconteceu nos filmes anteriores.

Porque sejamos honestos: você lembra que Jake Sully virou Na’vi permanentemente? Provavelmente. Lembra o nome dos filhos dele? Talvez um ou dois. Lembra por que os humanos estão caçando baleias gigantes em outro planeta? Aí já complica.

Este guia existe para isso. Não vou recontar cada cena dos dois filmes — isso levaria mais tempo do que assistir de novo. O objetivo aqui é diferente: identificar os fios narrativos que certamente vão importar em ‘Avatar: Fogo e Cinzas’ e garantir que você entre no cinema sabendo exatamente o que está em jogo.

Jake Sully: de soldado quebrado a líder de clã (e pai devastado)

Jake Sully: de soldado quebrado a líder de clã (e pai devastado)

A jornada de Jake Sully (Sam Worthington) é o coração de toda a franquia. No primeiro filme, ele chega a Pandora como um ex-fuzileiro paraplégico, substituto de última hora no programa Avatar após a morte do irmão gêmeo. O plano original? Infiltrar-se entre os Na’vi para coletar informações para a RDA, a corporação que explora os recursos do planeta.

O que acontece é o oposto de infiltração: Jake se apaixona — pela cultura Na’vi, por Pandora, e especialmente por Neytiri (Zoe Saldaña). Ele passa por todo o treinamento para se tornar um membro pleno do clã Omatikaya, incluindo domar um banshee e, no clímax do primeiro filme, conseguir algo que pouquíssimos Na’vi alcançaram: montar um Toruk, a criatura voadora mais temida de Pandora.

No final do primeiro filme, Jake faz uma escolha irreversível. Através de um ritual na Árvore das Almas, sua consciência é transferida permanentemente para seu corpo Avatar. O humano Jake Sully deixa de existir. O que resta é um Na’vi completo — com todas as memórias, traumas e lealdades de um ex-soldado humano.

Em ‘O Caminho da Água’, encontramos Jake anos depois, agora como líder do clã Omatikaya e pai de uma família numerosa. A dinâmica mudou: ele não é mais o novato tentando provar seu valor. É o cara que todo mundo olha esperando respostas — e que carrega o peso de saber que sua presença coloca todos em perigo.

A família Sully: quem são e por que cada um importa

Se você só lembra vagamente que “Jake tem filhos”, aqui está o detalhamento que vai importar para ‘Avatar: Fogo e Cinzas’:

Neteyam era o filho mais velho, o primogênito responsável que sempre tentava fazer a coisa certa. Uso o pretérito porque — e isso é crucial — Neteyam morre no final de ‘O Caminho da Água’. É a perda mais devastadora que a família Sully sofre, e certamente vai reverberar no terceiro filme. Jake e Neytiri perderam um filho. Esse luto não desaparece.

Lo’ak é o segundo filho, o rebelde que vivia à sombra do irmão mais velho. No segundo filme, ele forma um vínculo improvável com Payakan, um tulkun (as baleias gigantes sencientes de Pandora) banido de seu grupo por ter atacado caçadores humanos. Esse relacionamento não é só fofo — é narrativamente importante, já que Payakan retorna no clímax para ajudar na batalha final. Com a morte de Neteyam, Lo’ak agora é o filho mais velho. Essa mudança de posição na família deve pesar.

Tuktirey (Tuk) é a caçula, ainda criança. No segundo filme, ela serve principalmente como motivação emocional — a inocente que precisa ser protegida.

Kiri é o caso mais intrigante — e provavelmente o mais importante para onde a franquia está indo. Ela é adotada, filha biológica do corpo Avatar de Grace Augustine (Sigourney Weaver) — a cientista do primeiro filme que morreu durante a transferência de consciência. O mistério? Ninguém sabe quem é o pai de Kiri. O Avatar de Grace nunca teve relação com ninguém nos filmes. Kiri simplesmente… nasceu.

Mais importante: Kiri demonstra uma conexão sobrenatural com Eywa. Ela consegue controlar criaturas marinhas, sentir a presença da entidade de formas que outros Na’vi não conseguem. Quando tenta perguntar sobre sua origem através de uma conexão espiritual na Árvore dos Espíritos, sofre uma convulsão quase fatal. O filme corta antes de qualquer resposta. Esse mistério está longe de ser resolvido — e Sigourney Weaver não está interpretando uma adolescente Na’vi por acaso.

Quaritch 2.0: o vilão que voltou em corpo azul

Quaritch 2.0: o vilão que voltou em corpo azul

Miles Quaritch (Stephen Lang) foi o antagonista do primeiro filme — o coronel da RDA obcecado em destruir os Na’vi. Neytiri o mata com duas flechas no peito no clímax. Fim da história, certo?

Não no universo de James Cameron.

Em ‘O Caminho da Água’, descobrimos que a RDA mantinha backups de consciência de seus soldados mais valiosos. A mente de Quaritch foi copiada antes da batalha final e implantada em um corpo Avatar — um híbrido Na’vi criado especificamente para ele. O resultado é um vilão que combina o ódio visceral do Quaritch original com as capacidades físicas de um Na’vi de três metros.

O detalhe que complica tudo: Spider. Esse adolescente humano que foi deixado em Pandora (bebês não sobrevivem à viagem de volta para a Terra em criosono) é filho biológico de Quaritch. O original, não o recombinante. Spider foi criado entre os Na’vi, considera-se um deles, mas carrega o DNA do maior inimigo do povo que ele ama.

A relação entre Quaritch 2.0 e Spider é o fio narrativo mais tenso do segundo filme. Quaritch usa Spider para rastrear Jake. Spider, mesmo odiando o pai, acaba desenvolvendo uma conexão relutante com ele — vê traços de humanidade que não esperava encontrar. No final, quando Quaritch está se afogando no navio em chamas, Spider o salva. Mesmo sabendo que deveria deixá-lo morrer. Mesmo sabendo que está libertando o homem que matou Neteyam.

Spider volta para a família Sully carregando essa culpa. Quaritch escapa para lutar outro dia. Esse conflito vai explodir em ‘Avatar: Fogo e Cinzas’.

Os clãs Na’vi: da floresta aos recifes, e agora às cinzas

Pandora não é um planeta com uma única cultura. Os Na’vi se dividem em clãs distintos, cada um adaptado ao seu ambiente:

Os Omatikaya são o clã da floresta, os Na’vi do primeiro filme. Viviam na Árvore-Lar gigante que a RDA destruiu. Seu animal totêmico é o Toruk. Jake e Neytiri são seus líderes — ou eram, antes de fugirem para proteger o clã de Quaritch.

Os Metkayina são o clã dos recifes, introduzidos em ‘O Caminho da Água’. Vivem em vilas construídas sobre a água, têm caudas mais largas para nadar, braços mais fortes para remar, e uma conexão espiritual profunda com os tulkun. São liderados por Tonowari (Cliff Curtis) e Ronal (Kate Winslet). Quando a família Sully foge da floresta, são os Metkayina que oferecem refúgio — primeiro com relutância, depois como família.

E agora, para ‘Avatar: Fogo e Cinzas’, teremos os Mangkwan — também chamados de Povo das Cinzas. Baseado no que sabemos até agora, eles representam algo novo na franquia: Na’vi que rejeitam Eywa. Seu lar foi destruído por um vulcão, e eles perderam a fé na entidade que supostamente conecta e protege toda a vida em Pandora. Se Eywa não os salvou, por que deveriam adorá-la?

Isso os torna potenciais aliados dos humanos — e uma ameaça diferente de tudo que vimos até agora. Pela primeira vez, os vilões podem incluir Na’vi.

Eywa: a entidade que conecta tudo (e pode explicar Kiri)

Eywa: a entidade que conecta tudo (e pode explicar Kiri)

Se você saiu dos filmes anteriores achando que Eywa é “tipo a Força, mas de árvore”, você não está errado — mas está simplificando demais.

Eywa é uma rede neural biológica que conecta toda a vida em Pandora. Literalmente. Cada planta, cada animal, cada Na’vi está ligado a esse sistema através de conexões físicas — as “tranças” neurais que os Na’vi usam para se conectar com suas montarias são parte dessa rede. As memórias dos mortos são preservadas nesse sistema. Os Na’vi podem acessar essas memórias em locais sagrados como a Árvore das Almas ou a Árvore dos Espíritos.

No primeiro filme, Eywa intervém diretamente na batalha final, fazendo com que todas as criaturas de Pandora ataquem as forças da RDA simultaneamente. Não é metáfora — é a entidade agindo através de seus “neurônios” biológicos espalhados pelo planeta.

A conexão de Kiri com Eywa sugere algo maior. Seria ela filha da própria entidade? Uma manifestação direta? Uma espécie de avatar (com a minúsculo) de Eywa? O segundo filme levanta a questão sem responder. Se os Mangkwan de ‘Fogo e Cinzas’ rejeitam Eywa, Kiri pode ser a ponte — ou o campo de batalha — entre fé e descrença.

Por que os humanos não desistem de Pandora

A motivação humana evoluiu entre os filmes, e isso importa para entender o que está em jogo:

No primeiro filme, o objetivo era unobtânio — um mineral supercondutor raro que vale uma fortuna na Terra. A RDA estava disposta a cometer genocídio para extraí-lo. Quando Jake e os Na’vi vencem a batalha, os humanos são expulsos do planeta.

Em ‘O Caminho da Água’, a missão mudou. Agora há dois objetivos: primeiro, estabelecer uma colônia permanente para a humanidade. A Terra está morrendo — superpopulação, colapso ambiental, recursos esgotados. Pandora é o plano B da espécie. Segundo, coletar amrita — um líquido dourado encontrado no cérebro dos tulkun que paralisa completamente o envelhecimento humano.

Leia de novo: um líquido que torna humanos imortais. Um único frasco vale mais do que a maioria das pessoas verá em toda a vida. Agora você entende por que a RDA está disposta a caçar baleias gigantes sencientes em outro planeta. E por que não vai parar.

O tabuleiro antes de ‘Avatar: Fogo e Cinzas’

Quando os créditos de ‘O Caminho da Água’ sobem, aqui está a situação:

A família Sully está reunida, mas devastada pela morte de Neteyam. Eles decidiram ficar com os Metkayina em vez de fugir novamente — Jake finalmente entendeu que correr só transfere o problema para outros. “O pai protege. É o que dá sentido à vida dele”, diz a narração. Mas dessa vez, proteger significa parar de fugir.

Quaritch escapou, salvo por Spider. A relação entre os dois está em um limbo estranho — não são aliados, não são inimigos declarados. Spider voltou para a família Sully, mas carrega a culpa de ter salvado o homem que matou seu irmão de criação.

A RDA continua operando em Pandora. A colônia humana está crescendo. A caça aos tulkun provavelmente continua. E agora eles podem ter aliados nativos nos Mangkwan — Na’vi que não veem os humanos como invasores, mas como parceiros potenciais contra uma entidade que os abandonou.

Dezesseis anos depois do primeiro filme, a saga de Pandora continua expandindo. Agora você está pronto para ‘Avatar: Fogo e Cinzas’.

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Perguntas Frequentes sobre Avatar: Fogo e Cinzas

Preciso assistir os outros filmes de Avatar antes de ‘Fogo e Cinzas’?

Sim, é altamente recomendado. ‘Avatar: Fogo e Cinzas’ é continuação direta dos dois primeiros filmes e assume que você conhece os personagens, especialmente a família Sully, Quaritch e o mistério de Kiri. Sem esse contexto, muitos conflitos emocionais não farão sentido.

Quem morreu em ‘Avatar: O Caminho da Água’?

Neteyam, o filho mais velho de Jake e Neytiri, morre no final do segundo filme durante o resgate de seus irmãos. Essa perda é central para o estado emocional da família em ‘Fogo e Cinzas’.

Quem são os Mangkwan em Avatar?

Os Mangkwan, ou Povo das Cinzas, são um novo clã Na’vi introduzido em ‘Fogo e Cinzas’. Diferente dos outros clãs, eles rejeitam Eywa após terem seu lar destruído por um vulcão. Isso os torna potenciais aliados dos humanos.

Quem é Kiri e por que ela é importante?

Kiri é filha adotiva de Jake e Neytiri, nascida do corpo Avatar de Grace Augustine sem pai conhecido. Ela demonstra uma conexão sobrenatural com Eywa, conseguindo controlar criaturas de formas que outros Na’vi não conseguem. Sua origem misteriosa é um dos principais fios narrativos da saga.

Quaritch morreu no primeiro Avatar?

O Quaritch original morreu, sim — Neytiri o matou com duas flechas. Porém, a RDA havia feito backup de sua consciência, que foi implantada em um corpo Avatar. Esse “Quaritch 2.0” é o vilão de ‘O Caminho da Água’ e continua em ‘Fogo e Cinzas’.

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Marina Souza
Marina Souza
Oi! Eu sou a Marina, redatora aqui do Cinepoca. Desde os tempos de criança, quando as tardes eram preenchidas por maratonas de clássicos da Disney em VHS e as noites por filmes de terror que me faziam espiar por entre os dedos, o cinema se tornou um portal para incontáveis realidades. Não importa o gênero, o que sempre me atraiu foi a capacidade de um filme de transportar, provocar e, acima de tudo, contar algo.No Cinepoca, busco compartilhar essa paixão, destrinchando o que há de mais interessante no cinema, seja um blockbuster que domina as bilheterias ou um filme independente que mal chegou aos circuitos.Minhas expertises são vastas, mas tenho um carinho especial por filmes que exploram a complexidade da mente humana, como os suspenses psicológicos que te prendem do início ao fim. Meu objetivo é te levar em uma viagem cinematográfica, apresentando filmes que talvez você nunca tenha visto, mas que definitivamente merecem sua atenção.

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