‘O Primata’: por que o novo terror de Johannes Roberts é o sucessor de ‘Cujo’

Analisamos por que ‘O Primata’ filme é o sucessor espiritual de ‘Cujo’. Entenda como o diretor Johannes Roberts abandonou o CGI em favor de efeitos práticos viscerais e como o uso de animatrônicos criou o terror mais realista de 2026.

‘O Primata’ filme chega aos cinemas em janeiro de 2026 com uma responsabilidade pesada: provar que o terror de criatura ainda pode ser visceral sem depender de pixels. Com impressionantes 92% de aprovação no Rotten Tomatoes após sua exibição no Fantastic Fest 2025, o novo projeto de Johannes Roberts não é apenas mais um ‘monster movie’. É um manifesto em favor do horror tátil, aquele que incomoda não pelo susto repentino, mas pela presença física da ameaça.

A herança maldita de ‘Cujo’ e o medo do real

A herança maldita de 'Cujo' e o medo do real

Johannes Roberts foi direto ao ponto em entrevista ao Bloody Disgusting: “Este filme vem de ‘Cujo’, ele carrega suas influências abertamente”. Para quem não se lembra, o clássico de 1983 baseado na obra de Stephen King é o ápice do terror de isolamento. Roberts, que já provou ser um mestre da claustrofobia em ‘Medo Profundo’ (47 Meters Down), entende que o verdadeiro pavor de ‘Cujo’ não vinha apenas da raiva do cão, mas da impossibilidade de escapar de algo tão… comum.

Em ‘O Primata’, essa lógica é transposta para um chimpanzé. Mas esqueça a doçura de documentários da National Geographic. Aqui, a natureza é implacável. Roberts utiliza a mesma estrutura que traumatizou gerações: um cenário limitado, personagens vulneráveis e um predador que não para até conseguir o que quer. A conexão com ‘Cujo’ vai além do roteiro; é uma escolha estética de filmar a violência como algo sujo e exaustivo, fugindo da higienização visual do cinema de gênero atual.

O triunfo dos efeitos práticos sobre o CGI

O grande diferencial de ‘O Primata’ filme é o chimpanzé Ben. Em uma era onde até figurantes são digitais, Roberts optou pelo caminho mais difícil: animatrônicos, trajes complexos e atores reais. Não há CGI no antagonista principal. Essa decisão anacrônica é o que eleva a tensão do filme a outro patamar.

Quando vemos a luz refletir nos olhos do primata ou o peso de seus movimentos contra o cenário, nosso cérebro processa aquilo como uma ameaça real, não como uma animação sobreposta. A atriz Johnny Sequoyah relatou que as mortes no set foram algumas das mais perturbadoras que já viu, e isso se deve à fisicalidade da produção. Quando o sangue espirra em um animatrônico de 80 quilos que está a centímetros do ator, a reação de pavor deixa de ser atuação para se tornar instinto.

Troy Kotsur: Um Oscar no meio do caos

Troy Kotsur: Um Oscar no meio do caos

A escalação de Troy Kotsur (vencedor do Oscar por ‘No Ritmo do Coração’) é o golpe de mestre de Roberts. Kotsur traz uma camada de humanidade e silêncio que intensifica o horror. Em um filme onde o som — ou a falta dele — é fundamental para a sobrevivência, ter um ator de seu calibre utilizando a linguagem de sinais para se comunicar em momentos de perigo extremo adiciona uma tensão quase insuportável.

O elenco, que conta ainda com Jessica Alexander e Victoria Wyant, foge do estereótipo de “vítimas descartáveis”. Roberts gasta tempo estabelecendo quem são essas pessoas antes de soltar o primata, garantindo que cada perda seja sentida pelo espectador. É o terror que se importa com suas peças antes de destruí-las.

Veredito: O terror que precisávamos

Para quem busca o chamado ‘pós-horror’ ou metáforas sociais densas, ‘O Primata’ pode parecer simples demais. Mas essa simplicidade é sua maior força. Johannes Roberts não quer reinventar a roda; ele quer que você sinta o mesmo medo primitivo que sentiu ao ver o São Bernardo de Stephen King rosnar pela primeira vez na tela.

É um filme recomendado para quem sente falta da era de ouro dos efeitos práticos e para quem entende que, às vezes, o monstro mais assustador é aquele que você pode, literalmente, tocar. Prepare-se: 9 de janeiro de 2026 marcará o retorno do horror animal em sua forma mais pura e sanguinária.

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Perguntas Frequentes sobre o filme ‘O Primata’

Qual a data de lançamento de ‘O Primata’ no Brasil?

O filme ‘O Primata’ tem estreia prevista para o dia 9 de janeiro de 2026 nos cinemas brasileiros, seguindo o cronograma de lançamentos globais de terror do início do ano.

O macaco em ‘O Primata’ é feito de computação gráfica (CGI)?

Não. O diretor Johannes Roberts optou por usar 100% de efeitos práticos, utilizando animatrônicos de última geração e atores com próteses reais para garantir um visual mais visceral e realista.

Quem está no elenco de ‘O Primata’?

O destaque do elenco é Troy Kotsur (vencedor do Oscar por ‘No Ritmo do Coração’). O filme também conta com Jessica Alexander, Johnny Sequoyah e Victoria Wyant.

‘O Primata’ é uma continuação de ‘Cujo’?

Não é uma continuação direta. Johannes Roberts descreve o filme como um “sucessor espiritual” ou uma homenagem, utilizando o mesmo estilo de suspense claustrofóbico e terror animal do clássico de 1983.

Qual a classificação indicativa do filme?

Devido ao nível de violência gráfica e cenas de horror intenso, a expectativa é que o filme receba uma classificação de 16 ou 18 anos, focada no público adulto fã de gore e suspense.

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Lucas Lobinco
Lucas Lobinco
Sou o Lucas, e minha paixão pelo cinema começou com as aventuras épicas e os clássicos de ficção científica que moldaram minha infância. Para mim, cada filme é uma nova oportunidade de explorar mundos e ideias, uma janela para a criatividade humana. Minha jornada não foi nos bastidores da produção, mas sim na arte de desvendar as camadas de uma boa história e compartilhar essa descoberta. Sou movido pela curiosidade de entender o que torna um filme inesquecível, seja a complexidade de um personagem, a inovação visual ou a mensagem atemporal. No Cinepoca, meu foco é trazer uma perspectiva única, mergulhando fundo nos detalhes que fazem um filme valer a pena, e incentivando você a ver a sétima arte com novos olhos.Tenho um apreço especial por filmes de ação e aventura, com suas narrativas grandiosas e sequências de tirar o fôlego. A comédia de humor negro e os thrillers psicológicos também me atraem, pela forma como subvertem expectativas e exploram o lado mais sombrio da psique humana. Além disso, estou sempre atento às novas vozes e tendências que surgem na indústria, buscando os próximos grandes talentos e as histórias que definirão o futuro do cinema.

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