O papel de Zooey Deschanel em ‘Um Duende em Nova York’ era de outra atriz

Analisamos como o acaso tirou Katie Holmes de ‘Um Duende em Nova York’ e abriu caminho para Zooey Deschanel. Descubra como essa troca de última hora mudou o tom do filme e por que a química do elenco original é impossível de replicar hoje.

Existem produções que transcendem o rótulo de ‘filme sazonal’ para se tornarem instituições culturais. ‘Um Duende em Nova York’ (Elf) é o exemplo máximo: uma comédia que sobrevive ao cinismo moderno através de uma pureza quase anacrônica. No entanto, a química que sustenta o filme — especificamente o contraponto entre o entusiasmo de Buddy e a melancolia de Jovie — quase teve uma configuração radicalmente diferente. O elenco de ‘Um Duende em Nova York’ foi definido por um acaso de agenda que envolveu uma estrela em ascensão da DC.

O ‘não’ que virou ‘sim’: Como Katie Holmes quase mudou a cara de ‘Elf’

O 'não' que virou 'sim': Como Katie Holmes quase mudou a cara de 'Elf'

Durante uma participação no podcast Call Her Daddy, Zooey Deschanel revelou os bastidores de um dos testes mais inusitados de sua carreira. Ao chegar para se encontrar com o diretor Jon Favreau, ela foi recebida com uma honestidade brutal: o papel de Jovie já havia sido oferecido a Katie Holmes. Na época, Holmes era o rosto de ‘Dawson’s Creek’ e a escolha lógica para uma ‘garota comum’ de Nova York.

O diferencial foi a reação de Deschanel. Acreditando que a vaga já estava preenchida, ela eliminou a ansiedade da performance. Essa postura desprendida e autêntica permitiu que Favreau enxergasse nela algo que o roteiro original ainda não tinha: uma personalidade excêntrica e vocal. Quando Holmes precisou recusar o projeto devido a conflitos de agenda (ela estava no auge da série adolescente e se preparava para viver Rachel Dawes em ‘Batman Begins’), Favreau não hesitou em chamar a atriz que não tentou impressioná-lo.

A voz de Jovie: Como Zooey alterou o DNA da personagem

A entrada de Deschanel não foi apenas uma substituição de nomes; foi uma reescrita tonal. No roteiro original, Jovie era descrita de forma mais genérica, uma funcionária ranzinza da Gimbels que servia apenas como interesse amoroso. Ao escalar Zooey, Favreau — que anos depois provaria ser um mestre em adaptar talentos ao MCU — decidiu moldar a personagem em torno das habilidades musicais da atriz.

A icônica cena do dueto em ‘Baby, It’s Cold Outside’ no vestiário da loja só existe porque Zooey é cantora (metade do duo She & Him). Sem esse elemento, a jornada de Jovie seria desprovida de sua ‘redenção’ através da música, que é o tema central do clímax do filme. A escalação de Holmes teria resultado em uma Jovie mais dramática e contida, possivelmente perdendo o charme ‘indie’ que Deschanel trouxe para o elenco de ‘Um Duende em Nova York’.

A alquimia improvável do elenco de ‘Um Duende em Nova York’

A alquimia improvável do elenco de 'Um Duende em Nova York'

O sucesso de ‘Elf’ reside na colisão de mundos. Jon Favreau teve a audácia de cercar o humor físico e explosivo de Will Ferrell com atores conhecidos pela gravidade dramática. James Caan, eterno Sonny Corleone de ‘O Poderoso Chefão’, interpreta Walter Hobbs com uma frieza que nunca ‘pisca’ para a câmera, o que torna as palhaçadas de Ferrell ainda mais eficazes.

A presença de veteranos como Ed Asner (Papai Noel) e o recentemente falecido Bob Newhart (Papa Elf) confere ao filme uma autoridade emocional rara em comédias pastelão. Eles tratam a mitologia do Polo Norte com seriedade absoluta, ancorando a fantasia. É essa mistura de cinismo (Caan), doçura melancólica (Deschanel) e absurdo puro (Ferrell) que impede o filme de se tornar enjoativo.

Por que uma sequência nunca aconteceu (e por que isso é bom)

Ao contrário de quase todos os sucessos de bilheteria dos anos 2000, ‘Um Duende em Nova York’ nunca teve uma continuação. Will Ferrell recusou uma oferta de 29 milhões de dólares para ‘Elf 2’, alegando que não conseguiria promover o filme honestamente se a história fosse apenas uma repetição forçada. Com o falecimento de pilares como Caan, Asner e Newhart nos últimos quatro anos, o filme tornou-se uma cápsula do tempo intocável. A escalação acidental de Zooey Deschanel foi o último ingrediente necessário para criar um clássico que, 21 anos depois, permanece como o padrão ouro do cinema natalino contemporâneo.

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Perguntas Frequentes sobre o elenco de ‘Um Duende em Nova York’

Quem quase interpretou Jovie em ‘Um Duende em Nova York’?

A atriz Katie Holmes (Batman Begins) foi a primeira escolha do diretor Jon Favreau e chegou a receber a proposta oficial para o papel, mas teve que recusar por conflitos de agenda com a série ‘Dawson’s Creek’.

Onde assistir ‘Um Duende em Nova York’ no streaming?

Atualmente, o filme está disponível em plataformas como Max (antiga HBO Max) e Prime Video, além de estar disponível para aluguel e compra no Apple TV+ e Google Play.

Por que Will Ferrell não quis fazer ‘Um Duende em Nova York 2’?

Will Ferrell recusou uma oferta de US$ 29 milhões para uma sequência porque acreditava que o roteiro não era bom o suficiente e que tentava apenas replicar o sucesso do original sem uma história genuína.

Zooey Deschanel realmente canta no filme?

Sim. Zooey Deschanel é uma cantora profissional e faz parte da dupla She & Him. O diretor Jon Favreau incluiu as cenas de canto de Jovie especificamente para aproveitar o talento da atriz.

Qual a classificação indicativa de ‘Um Duende em Nova York’?

O filme tem classificação Livre (L) no Brasil, sendo recomendado para todas as idades, o que contribuiu para seu status de clássico familiar.

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Marina Souza
Marina Souza
Oi! Eu sou a Marina, redatora aqui do Cinepoca. Desde os tempos de criança, quando as tardes eram preenchidas por maratonas de clássicos da Disney em VHS e as noites por filmes de terror que me faziam espiar por entre os dedos, o cinema se tornou um portal para incontáveis realidades. Não importa o gênero, o que sempre me atraiu foi a capacidade de um filme de transportar, provocar e, acima de tudo, contar algo.No Cinepoca, busco compartilhar essa paixão, destrinchando o que há de mais interessante no cinema, seja um blockbuster que domina as bilheterias ou um filme independente que mal chegou aos circuitos.Minhas expertises são vastas, mas tenho um carinho especial por filmes que exploram a complexidade da mente humana, como os suspenses psicológicos que te prendem do início ao fim. Meu objetivo é te levar em uma viagem cinematográfica, apresentando filmes que talvez você nunca tenha visto, mas que definitivamente merecem sua atenção.

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