‘O Dono de Kingstown’ 4×08: Callahan comete o imperdoável

O episódio 4×08 de ‘O Dono de Kingstown’ entrega a sequência mais brutal da temporada: Callahan foge, queima aliados vivos e assassina Tracy McLusky enquanto Kyle ouve pelo telefone. Analisamos por que poupar o bebê é o ato mais cruel do vilão.

Existem episódios de televisão que você assiste e esquece na semana seguinte. E existem episódios que te deixam olhando para a tela preta dos créditos, processando o que acabou de acontecer. O oitavo episódio da temporada 4 de ‘O Dono de Kingstown’ pertence definitivamente à segunda categoria — e não por motivos que qualquer fã gostaria.

Merle Callahan finalmente fez o que vinha prometendo desde que apareceu na tela: cruzou uma linha da qual não há retorno. E o mais perturbador não é apenas o ato em si, mas a frieza cirúrgica com que ele executa cada passo de sua vingança. Taylor Sheridan e sua equipe construíram um vilão que não grita, não faz discursos grandiosos — ele simplesmente destrói, com a calma de quem está cumprindo uma lista de tarefas.

A fuga de Callahan desencadeia o caos que Kingstown temia

Quando a diretora Nina Hobbs liga para Mike antes de qualquer outra pessoa para informar sobre a fuga de Callahan, o gesto diz mais do que qualquer diálogo poderia. Depois de uma temporada inteira em atrito com o “prefeito” não-eleito de Kingstown, Nina finalmente entendeu algo crucial: existem ameaças que transcendem disputas de poder. Callahan é uma delas.

A mudança de postura de Nina não é apenas conveniente para a trama — ela reflete o tipo de realinhamento que acontece quando o perigo se torna pessoal demais. A ameaça do Cartel à filha dela no início da temporada plantou a semente. A fuga de Callahan fez essa semente germinar em uma aliança improvável, mas necessária.

O problema é que, para Mike, essa aliança chega tarde demais. Callahan já está três passos à frente, e cada um desses passos deixa um rastro de destruição.

Richard Brake transforma Callahan em pesadelo puro

A cena na casa de Shaver é um masterclass de terror contido. Callahan não precisa gritar ou fazer ameaças elaboradas. Ele simplesmente aparece, confronta Shaver sobre comentários negativos que fez sobre a operação da Irmandade Ariana, e então queima o homem vivo. Sem hesitação. Sem segunda chance.

Richard Brake — que veteranos de cinema reconhecem como o Rei da Noite em ‘Game of Thrones’ e de papéis perturbadores em ’31’ de Rob Zombie — encontrou em Callahan o papel que define uma carreira. Existe algo profundamente inquietante na forma como ele entrega as falas mais ameaçadoras com tom quase casual. É o tipo de vilão que te faz querer olhar para outro lugar, mas você não consegue.

E ele não para por aí. O escritório de Mike é invadido. A casa da família McLusky é incendiada. Cada ato é calculado para arrancar de Mike tudo que ele construiu, pedaço por pedaço. Mas tudo isso — a casa, o escritório, as propriedades — são apenas aquecimento para o golpe final.

Mike orquestra contra-ataque, mas está jogando o jogo errado

Enquanto Callahan desmonta sua vida tijolo por tijolo, Mike está ocupado lidando com outra ameaça: Frank Moses. A descoberta de que Frank instalou Lamar como infiltrado para derrubar Bunny exigiu resposta, e Mike não decepcionou. Ele visita Lamar e o coage a matar o braço direito de Frank — um movimento que demonstra por que Mike McLusky é temido em Kingstown.

O problema é que Mike está jogando xadrez contra Frank enquanto Callahan joga um jogo completamente diferente. Frank quer poder, território, influência. Callahan quer algo mais primitivo: destruição. E você não negocia com destruição. Você não a contém com movimentos estratégicos. Você corre dela ou é consumido por ela.

Bunny, ainda confinado à cama do hospital, precisa fingir cordialidade quando Frank o visita. É uma das cenas mais tensas do episódio — dois homens que sabem exatamente o que o outro está planejando, forçados a sorrir e trocar amenidades. Mas mesmo essa tensão palidece diante do que está por vir.

Stevie finalmente libera a raiva que carregava desde a morte de Kareem

A visita de Mike, Ian e Stevie à Anchor Bay para interrogar os membros da Irmandade Ariana é o tipo de cena que ‘O Dono de Kingstown’ faz melhor que qualquer outra série no ar. Não há pretensão de devido processo aqui. Não há Miranda. Há apenas homens desesperados tentando extrair informação de outros homens que sabem que têm algo a perder.

Quando os prisioneiros são alinhados no pátio — o mesmo pátio onde o ex-diretor Kareem foi brutalmente assassinado — algo muda no rosto de Stevie. Hugh Dillon não precisa de diálogo para comunicar o que está acontecendo dentro do personagem. Anos de trauma, de raiva contida, de impotência diante da violência que consumiu alguém que ele respeitava.

Um dos membros da Irmandade provoca Stevie repetidamente. É o tipo de erro que só alguém que não entende o que está em jogo cometeria. Mike, reconhecendo o que está prestes a acontecer, não intervém. Ele permite. E Stevie descarrega toda aquela raiva acumulada em uma surra que beira o homicídio.

Eles conseguem pistas. Fragmentos. Não o suficiente. Nunca o suficiente.

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O telefonema que muda tudo para a família McLusky

Tracy McLusky passou a temporada escondida, protegendo o filho bebê dela e de Kyle. Era o plano mais seguro que tinham. Manter distância. Ficar fora do radar. Esperar a tempestade passar.

Callahan encontrou ela mesmo assim.

A cena do telefonema é devastadora em sua construção. Kyle, ainda preso em Anchor Bay, atende uma ligação que ele imediatamente sabe estar errada. O tom de Tracy está off. As palavras estão certas, mas a música está toda errada. E então a câmera revela Callahan, segurando o bebê, com Tracy completamente à sua mercê.

O que se segue é crueldade destilada. Callahan não mata Tracy imediatamente — ele faz Kyle ouvir. Faz ele entender o que está acontecendo. Faz ele experimentar a impotência absoluta de estar preso enquanto sua família é destruída. É tortura psicológica antes de ser qualquer outra coisa.

Quando Callahan desliga, Tracy implora pela vida do filho. A resposta dele é fria, quase entediada. E então o episódio corta para fora da casa. Um momento de silêncio. O choro de um bebê. Callahan caminhando para longe.

Tracy está morta. O bebê, inexplicavelmente, foi poupado.

Por que poupar o bebê é a escolha mais cruel de Callahan

Seria fácil interpretar a decisão de Callahan como um resquício de humanidade. Não é. É o oposto.

Matar Tracy e o bebê seria devastador para Kyle. Mas matar Tracy e deixar o bebê vivo? Isso é outra coisa. Isso é garantir que Kyle terá que viver com a memória do que aconteceu. Que toda vez que olhar para o filho, vai lembrar de como a mãe dele morreu. Que a criança crescerá como um lembrete constante do dia em que Kyle falhou em proteger sua família.

Callahan não quer apenas causar dor. Ele quer que essa dor dure gerações.

O que esperar do final da temporada 4

Com o episódio 8 estabelecendo este nível de devastação, o final de temporada tem uma tarefa impossível pela frente. Mike perdeu sua casa. Perdeu seu escritório. Perdeu a cunhada. E Kyle, preso e impotente, provavelmente perdeu qualquer resquício de sanidade que ainda tinha.

A aliança com Nina pode render frutos. O plano contra Frank Moses ainda está em movimento. Mas nada disso importa se Callahan continuar livre. E baseado no que vimos até agora, capturá-lo não será suficiente. Não depois do que ele fez.

‘O Dono de Kingstown’ sempre foi uma série sobre o preço de tentar manter ordem em um lugar que resiste ativamente a ela. A temporada 4 está provando que alguns preços são altos demais — e que algumas dívidas são cobradas em sangue.

O episódio 8 não é entretenimento fácil. É televisão que machuca. E é exatamente por isso que funciona.

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