‘Lanterns’ da HBO aposta em crime drama — e isso é bom

‘Lanterns’ da HBO ignora o visual espacial tradicional dos Lanternas Verdes e aposta em crime drama no estilo ‘True Detective’. Analisamos por que essa escolha arriscada pode ser exatamente o que o DCU precisava para se diferenciar.

Quando James Gunn e Peter Safran anunciaram que ‘Lanterns’ da HBO seria uma série de crime drama ao invés de uma aventura espacial, a reação foi previsível: confusão. Afinal, estamos falando dos Lanternas Verdes — personagens conhecidos por construtos de luz, batalhas intergalácticas e todo aquele visual cósmico que define o conceito há décadas nos quadrinhos.

Mas aqui está a coisa: essa pode ser exatamente a decisão que o DCU precisava tomar.

Por que ‘Lanterns’ não se parece com nenhuma série de super-herói

Por que 'Lanterns' não se parece com nenhuma série de super-herói

Tudo que foi divulgado até agora sobre ‘Lanterns’ evita deliberadamente mostrar poderes. Nada de construtos verdes. Nada de uniformes icônicos. Nada que remotamente lembre magia ou ficção científica. O que vemos são dois homens — John Stewart (Aaron Pierre) e Hal Jordan (Kyle Chandler) — caminhando por estradas empoeiradas, investigando algo que parece muito mais com um caso de ‘True Detective’ do que com uma história da Liga da Justiça.

E isso é intencional. Os criadores da série têm comparado ‘Lanterns’ repetidamente a ‘True Detective’: um drama de crime denso, atmosférico e intenso, mas com elementos de ficção científica e espaço que o conectam ao universo de super-heróis. É uma proposta arriscada. Também é a proposta mais interessante que o gênero recebeu em anos.

O problema que ‘Lanterns’ está tentando resolver

Séries de super-heróis têm um problema estrutural. Quando você coloca personagens com poderes cósmicos no centro da narrativa, a tendência é que cada episódio precise escalar a ameaça. Mais vilões. Mais destruição. Mais efeitos especiais. O resultado? Fadiga. O espectador fica anestesiado porque tudo é extraordinário o tempo todo.

‘Lanterns’ parece estar apostando na direção oposta. Ao ancorar a história em um formato de investigação criminal — algo que a HBO domina como poucos — a série pode usar os elementos fantásticos como tempero, não como prato principal. Os poderes dos Lanternas Verdes entram quando necessário, não como espetáculo constante.

Isso muda completamente a dinâmica. Em vez de perguntar “qual será a próxima batalha épica?”, o espectador pergunta “o que está acontecendo nessa cidade?”. É uma troca de escala que pode fazer toda a diferença.

A dupla Hal Jordan e John Stewart funciona para esse formato

A dupla Hal Jordan e John Stewart funciona para esse formato

A escolha de protagonistas não é acidental. Hal Jordan, interpretado por Kyle Chandler, é o veterano — o cara que já viu de tudo e carrega o peso de décadas usando o anel. John Stewart, com Aaron Pierre, é o novato com passado militar, mais metódico e menos impulsivo. É uma dinâmica clássica de parceria policial, o tipo de relação que sustentou décadas de dramas procedurais.

Mas o que torna isso mais interessante é que ambos são personagens com histórias densas nos quadrinhos. John Stewart não é apenas “outro Lanterna Verde” — ele é um arquiteto, um ex-fuzileiro naval, um homem que pensa antes de agir. Hal Jordan é o oposto: instinto puro, às vezes para o bem, às vezes para o desastre. Colocar esses dois em uma investigação criminal cria tensão natural sem precisar de vilões cósmicos em cada episódio.

Guy Gardner vai aparecer — e isso confirma que os poderes virão

Para quem está preocupado que ‘Lanterns’ será “apenas” um drama policial, há um detalhe importante: Nathan Fillion retorna como Guy Gardner, o mesmo personagem que vimos em ‘Superman’. E Guy Gardner não é exatamente conhecido pela sutileza. No filme, ele já demonstrou usar seus poderes de forma frequente e, digamos, entusiasmada.

A presença de Gardner sugere que os elementos de super-herói não foram abandonados — apenas reservados. A série provavelmente está construindo para confrontos maiores, mas quer estabelecer primeiro o mistério, os personagens, a atmosfera. É uma estrutura narrativa que confia na paciência do espectador. Considerando o público da HBO, essa confiança pode ser bem colocada.

Misturar gêneros é o que funciona em 2025

Misturar gêneros é o que funciona em 2025

Olhe para as séries de super-heróis que realmente se destacaram nos últimos anos. ‘Pacificador’ misturou ação com comédia ácida e drama familiar. ‘Comando das Criaturas’ é praticamente um filme de terror com super-heróis. O padrão é claro: quando você pega o gênero de super-herói e cruza com outro gênero bem executado, o resultado é mais interessante do que simplesmente fazer “mais do mesmo”.

‘Lanterns’ está fazendo exatamente isso, mas com crime drama — um território que a HBO conhece melhor que qualquer outro estúdio. É a mesma emissora de ‘The Wire’, ‘True Detective’, ‘Mare of Easttown’. Se alguém sabe fazer investigação criminal com profundidade, é esse time.

O que isso significa para o DCU de Gunn

‘Lanterns’ é a primeira entrada do DCU que não foi escrita por James Gunn. Isso é significativo. ‘Comando das Criaturas’ e ‘Pacificador’ carregam a voz muito específica de Gunn — aquele humor irreverente, os personagens improváveis, a mistura de gore com emoção. ‘Lanterns’ será diferente por necessidade.

Mas talvez seja isso que o universo compartilhado precise. Um DCU onde cada projeto tem sua própria identidade tonal, conectado por personagens e eventos, mas não por uma fórmula repetida. ‘Superman’ foi épico e esperançoso. ‘Pacificador’ foi cínico e violento. ‘Lanterns’ será sombrio e investigativo. A variedade é o que pode manter o público engajado a longo prazo.

A aposta vale a pena?

Ainda é cedo para afirmar que ‘Lanterns’ será um sucesso. Subverter expectativas é arriscado — parte do público quer ver Hal Jordan voando pelo espaço e criando martelos gigantes de luz verde. Entregar um drama de crime no lugar disso pode frustrar quem esperava outra coisa.

Mas para quem está cansado de séries de super-heróis que parecem todas iguais, ‘Lanterns’ representa algo raro: uma tentativa genuína de fazer diferente. Não é diferente por acidente ou por limitação de orçamento. É diferente por design, por escolha criativa, por uma visão específica do que essa história pode ser.

Se funcionar, pode redefinir o que esperamos de adaptações de quadrinhos. Se não funcionar, pelo menos teremos a certeza de que alguém tentou. Em um gênero saturado de fórmulas repetidas, a tentativa já vale alguma coisa.

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Perguntas Frequentes sobre ‘Lanterns’ da HBO

Quando estreia ‘Lanterns’ na HBO?

‘Lanterns’ ainda não tem data de estreia confirmada. A série está em produção e deve chegar à HBO e Max em 2026, como parte da segunda fase do novo DCU de James Gunn.

Quem são os atores de ‘Lanterns’?

Kyle Chandler interpreta Hal Jordan e Aaron Pierre interpreta John Stewart. Nathan Fillion também aparece como Guy Gardner, reprisando o papel de ‘Superman’.

‘Lanterns’ faz parte do DCU de James Gunn?

Sim. ‘Lanterns’ é uma das séries principais do novo DCU e está conectada aos eventos de ‘Superman’. A presença de Guy Gardner (Nathan Fillion) em ambas as produções confirma essa conexão direta.

Quantos episódios terá ‘Lanterns’?

A primeira temporada de ‘Lanterns’ terá 8 episódios. O formato segue o padrão de séries dramáticas da HBO, com episódios de aproximadamente uma hora.

‘Lanterns’ vai mostrar os poderes dos Lanternas Verdes?

Sim, mas de forma diferente. A série prioriza o formato de investigação criminal, usando os poderes como elemento narrativo quando necessário, não como espetáculo constante. A presença de Guy Gardner indica que cenas com construtos de luz verde acontecerão.

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Marina Souza
Marina Souza
Oi! Eu sou a Marina, redatora aqui do Cinepoca. Desde os tempos de criança, quando as tardes eram preenchidas por maratonas de clássicos da Disney em VHS e as noites por filmes de terror que me faziam espiar por entre os dedos, o cinema se tornou um portal para incontáveis realidades. Não importa o gênero, o que sempre me atraiu foi a capacidade de um filme de transportar, provocar e, acima de tudo, contar algo.No Cinepoca, busco compartilhar essa paixão, destrinchando o que há de mais interessante no cinema, seja um blockbuster que domina as bilheterias ou um filme independente que mal chegou aos circuitos.Minhas expertises são vastas, mas tenho um carinho especial por filmes que exploram a complexidade da mente humana, como os suspenses psicológicos que te prendem do início ao fim. Meu objetivo é te levar em uma viagem cinematográfica, apresentando filmes que talvez você nunca tenha visto, mas que definitivamente merecem sua atenção.

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