Com o retorno de Jon Bernthal em ‘Homem-Aranha: Um Novo Dia’, analisamos como o MCU pode adaptar a cena mais icônica da Guerra Civil dos quadrinhos. Entenda por que a relação entre o Justiceiro e o Peter Parker de Tom Holland é a chave para o novo tom urbano da Marvel.
Existe uma vinheta específica em ‘Civil War #5’ (2006), ilustrada por Steve McNiven, que permanece como um dos momentos mais humanos da bibliografia de Frank Castle: o Justiceiro emergindo dos esgotos de Nova York carregando um Peter Parker ensanguentado e inconsciente. Não há a glória das grandes batalhas dos Vingadores; é um resgate sujo, silencioso e desesperado. Com a confirmação de Jon Bernthal no elenco de ‘Homem-Aranha: Um Novo Dia’, o MCU tem a oportunidade de ouro de adaptar essa dinâmica de proteção relutante que define o respeito mútuo — e impossível — entre esses dois extremos.
O peso da misericórdia na Guerra Civil de Mark Millar
Nos quadrinhos, o contexto é a ruína de Peter Parker. Após desertar do lado pró-Registro de Tony Stark, o Aranha é caçado pelos Thunderbolts (vilões agindo como força policial). Ele é brutalmente espancado pelo Jack O’Lantern e pelo Polichinelo em um beco, chegando ao limite absoluto de sua resistência física. É o Justiceiro quem intervém, executando os agressores e levando o herói para o refúgio do Capitão América.
O que torna essa cena vital para o cinema não é a violência, mas o contraste de ideologias. Frank Castle vê em Peter Parker a pureza que ele mesmo perdeu no Central Park. Para o Justiceiro, o Aranha é o “bom soldado” que merece ser poupado do inferno que Castle habita. No MCU, onde o Peter de Tom Holland terminou ‘Sem Volta Para Casa’ em um isolamento social absoluto, essa conexão com uma figura marginal como Frank faz todo o sentido narrativo.
Por que o Peter Parker pós-‘No Way Home’ precisa de Frank Castle
Diferente das iterações anteriores, o Aranha atual do MCU não tem mais a rede de segurança das Indústrias Stark ou o suporte emocional de Happy Hogan. Ele é um herói de rua operando em um apartamento de aluguel barato e costurando o próprio traje. Essa vulnerabilidade o coloca diretamente na órbita de personagens como o Demolidor e o Justiceiro.
A estética de ‘Homem-Aranha: Um Novo Dia’ deve se afastar do espetáculo multiversal para abraçar a textura do asfalto. Se o filme incluir o Escorpião (Michael Mando) — um vilão que não tem escrúpulos em usar força letal — Peter precisará de alguém que entenda a linguagem da brutalidade urbana. Imagino uma sequência onde a câmera de Jon Watts (ou de seu sucessor) use sombras e silêncio, fugindo do CGI excessivo para focar na fisicalidade de Bernthal. O Justiceiro não é um herói de poses; ele é uma força da natureza que limpa o caminho para que o Aranha possa continuar sendo o símbolo de esperança que Frank nunca será.
A técnica de Jon Bernthal e a química do ‘Street-Level’
O retorno de Bernthal em ‘Daredevil: Born Again’ prova que a Marvel Studios entendeu o valor da interpretação física do ator. Bernthal traz uma intensidade que exige que Tom Holland eleve o tom dramático de Peter. A relação entre os dois não deve ser de mentor e aprendiz, como foi com Stark, mas de sobreviventes em lados opostos de uma linha moral.
Tecnicamente, a fotografia do filme precisa refletir essa mudança. Esperamos um uso mais agressivo de luz natural e ambientes claustrofóbicos. Se a Marvel tiver a coragem de replicar o momento em que Frank Castle é expulso pelos Vingadores por seus métodos, logo após salvar o Aranha, teremos o conflito ético mais interessante do MCU desde ‘Capitão América: Guerra Civil’.
O futuro: Uma Nova York mais densa e perigosa
A integração definitiva do Justiceiro em ‘Homem-Aranha: Um Novo Dia’ serve como o alicerce para o núcleo urbano da Marvel. Ao honrar a conexão de 1974 (onde Castle estreou justamente em ‘The Amazing Spider-Man #129’), o estúdio valida os fãs de longa data e prepara o terreno para um confronto futuro com o Rei do Crime (Vincent D’Onofrio).
O filme não precisa de invasões alienígenas. Ele precisa de um beco escuro, um herói ferido e um homem com uma caveira no peito que, por um breve momento, decide que o mundo ainda precisa de um Homem-Aranha.
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Perguntas Frequentes sobre ‘Homem-Aranha: Um Novo Dia’ e o Justiceiro
O Justiceiro de Jon Bernthal está confirmado em ‘Homem-Aranha 4’?
Sim, diversas fontes da indústria e o histórico de produção indicam que Jon Bernthal reprisará seu papel como Frank Castle, conectando o filme diretamente aos eventos de ‘Daredevil: Born Again’.
Qual é a relação do Homem-Aranha com o Justiceiro nos quadrinhos?
O Justiceiro apareceu pela primeira vez em uma HQ do Homem-Aranha em 1974. Embora tenham métodos opostos, eles frequentemente se unem contra vilões comuns, com Frank mantendo um respeito relutante pela integridade moral de Peter.
Quando estreia ‘Homem-Aranha: Um Novo Dia’?
A data oficial ainda não foi fixada pela Sony/Marvel, mas a previsão é que o filme chegue aos cinemas entre o final de 2025 e meados de 2026, iniciando uma nova trilogia para o herói.
Preciso assistir às séries da Netflix para entender o filme?
Embora as séries originais (Demolidor e Justiceiro) forneçam o contexto do personagem, o MCU deve reintegrá-los de forma que novos espectadores possam acompanhar, especialmente após os eventos de ‘Echo’ e ‘Born Again’.

