‘Doctor Who’ Temporada 15: O furo de roteiro que volta 15 anos

A nova temporada de ‘Doctor Who’ reacendeu discussões sobre o Efeito de Limitação Blinovitch, uma regra de viagem no tempo da série que causa explosões ao encontrar versões idênticas da mesma coisa. Ao demonstrar explicitamente as consequências desse efeito, a série evidenciou um antigo furo de roteiro de 15 anos no especial ‘A Christmas Carol’, onde o abraço entre duas versões do mesmo personagem violou a regra sem sofrer as repercussões esperadas, destacando a flexibilidade das regras temporais na série.

Prepare-se para uma viagem no tempo que pode dar um nó na sua cabeça, Whovian! A nova temporada de ‘Doctor Who’ estreou com tudo, trazendo de volta um conceito das antigas que a gente adora ver em ação. Mas, junto com essa nostalgia, parece que veio à tona um furo de roteiro Doctor Who que estava quietinho há 15 anos, em um episódio clássico e emocionante da era do Décimo Primeiro Doutor, interpretado por Matt Smith.

O Que é o Efeito de Limitação Blinovitch?

Para entender o que rolou, precisamos falar de uma regra bem peculiar do universo de ‘Doctor Who’. É o tal Efeito de Limitação Blinovitch. Calma, o nome é complicado, mas a ideia é até simples no conceito. Basicamente, essa regra das Leis do Tempo diz que, se duas versões da mesma coisa – especialmente pessoas ou objetos feitos dos mesmos átomos – se encontram no mesmo espaço-tempo ou chegam muito perto, a coisa explode! Ou, como o Doutor explicou de um jeito mais… Doutor: “se você tiver os mesmos átomos no mesmo espaço duas vezes, as Leis do Tempo dizem não”.

Esse conceito não é novidade em ‘Doctor Who’. Ele apareceu pela primeira vez lá na era do Terceiro Doutor, em um episódio chamado ‘Day of the Daleks’. Depois, o Quinto Doutor deu uma definição mais clara em ‘Mawdryn Undead’. É uma daquelas regras de viagem no tempo que a série usa para criar drama, perigo ou justificar por que o Doutor não pode simplesmente voltar no tempo e consertar tudo de uma vez.

A ideia por trás do Blinovitch é evitar paradoxos temporais gigantescos. Pense bem: se você pudesse apertar a mão do seu “eu” do passado sem consequências, o tecido da realidade poderia simplesmente… ir “zap!”, como diz o Doutor. A série já mostrou que encontrar a si mesmo ou objetos idênticos pode ser perigoso por causa disso.

O Retorno Explosivo na Temporada 15

Na aguardada estreia da Temporada 15, no episódio ‘The Robot Revolution’, o Efeito de Limitação Blinovitch volta com força total. A nova companheira temporária do Doutor, Belinda Chandra, se vê em uma situação complicada envolvendo um presente inusitado do ex-namorado: uma estrela! Bem, na verdade, o certificado de propriedade de uma estrela.

Os robôs que a levam para o planeta que orbita essa estrela também têm uma cópia desse certificado. E é aí que a regra entra em cena. O Doutor e Belinda decidem usar o Blinovitch de propósito, juntando os dois certificados idênticos para causar uma reação e escapar da enrascada.

E adivinha? Funciona! Quando os certificados se tocam, acontece um “boom” e a regra Blinovitch é ativada. A série mostra que o efeito é poderoso, capaz de bagunçar as coisas seriamente. Embora Senhores do Tempo como o Doutor consigam amortecer o impacto até certo ponto, o episódio deixa claro que ainda é algo perigoso e doloroso para eles. Isso reforça que a regra está ativa e tem consequências reais dentro da narrativa atual da série.

O Detalhe em ‘A Christmas Carol’ Que Agora Salta Aos Olhos

E é justamente essa demonstração clara e impactante do Efeito Blinovitch na Temporada 15 que joga luz sobre um detalhe, ou melhor, um furo de roteiro Doctor Who, no especial de Natal de 2010, ‘A Christmas Carol’. Este episódio é um favorito de muitos fãs, com uma história emocionante onde o Décimo Primeiro Doutor tenta ensinar uma lição sobre compaixão ao rabugento Kazran Sardick, mostrando a ele seu passado, presente e futuro.

No clímax do episódio, em um momento de pura catarse e emoção, o Velho Kazran e o Jovem Kazran, suas versões do futuro e do passado, se encontram. E não é só um encontro visual ou próximo; eles interagem fisicamente. O Velho Kazran, superando o trauma de sua própria criação, abraça seu “eu” mais jovem em um gesto de carinho e redenção.

Aqui está o problema: de acordo com o Efeito de Limitação Blinovitch, esse contato direto entre duas versões da mesma pessoa – feitas dos mesmos átomos! – deveria ter causado um “boom” gigantesco, um paradoxo temporal ou, no mínimo, algum tipo de reação violenta e perigosa. Mas o que acontece? Nada. Absolutamente nada de explosivo ou paradoxal. O momento é puramente emocional e livre de consequências físicas relacionadas às Leis do Tempo.

Por Que Esse Furo de Roteiro se Destaca Agora?

Para alguns fãs mais atentos, essa inconsistência em ‘A Christmas Carol’ já era notada antes. Afinal, a regra Blinovitch existe há décadas na série. No entanto, a forma como a Temporada 15, em ‘The Robot Revolution’, *explicitamente* usa e demonstra o efeito, mostrando suas consequências (o “boom”, a dor para o Doutor), torna a ausência dessas consequências no abraço dos Kazrans muito mais gritante.

É como se a nova temporada tivesse dado um zoom na regra e dissesse: “Vejam só, isso aqui é sério, tem efeitos!”. E aí a gente olha para trás e pensa: “Espera aí, mas naquele episódio de Natal… nada aconteceu?”. A única forma de justificar seria se Kazran fosse secretamente um Senhor do Tempo, o que é extremamente improvável e nunca foi sugerido. Encontros entre diferentes encarnações do Doutor (todos Senhores do Tempo) ou entre Mestres (também Senhores do Tempo) podem ser explicados pela capacidade deles de “amortecer” esses efeitos, mas isso não se aplicaria a um humano como Kazran.

Portanto, a nova temporada, ao revisitar e aplicar a regra Blinovitch, involuntariamente transformou o final emocionante de ‘A Christmas Carol’ em um exemplo notável de furo de roteiro Doctor Who. É um lembrete de que, mesmo em uma série de mais de 60 anos, nem tudo se encaixa perfeitamente.

‘Doctor Who’ e as Regras do Tempo: Uma Bagunça Deliciosa?

Claro, essa inconsistência com o Efeito Blinovitch e o caso de ‘A Christmas Carol’ não é um evento isolado. ‘Doctor Who’ é famosa por ser… flexível com suas próprias regras de viagem no tempo. Ao longo de suas seis décadas no ar, a série já mudou, reescreveu e até ignorou princípios que estabeleceu anteriormente.

Por exemplo, o Primeiro Doutor disse lá atrás em ‘The Aztecs’ que você não pode reescrever a história, mas o Doutor e seus companheiros fazem isso o tempo todo! Às vezes, quando o passado muda, os viajantes do tempo lembram do que era antes; outras vezes, eles esquecem completamente. Quem não lembra da piada recente com “mavity”? Um exemplo divertido de como a série brinca com a maleabilidade da realidade.

Existem os “pontos fixos no tempo”, eventos que *não podem* ser mudados, não importa o quê. Mas a série nunca deu uma regra clara para a gente saber o que é um ponto fixo e o que pode ser alterado. A regeneração dupla (bigeneration) introduzida recentemente também levanta um monte de perguntas sobre linhas do tempo alternativas e como a viagem no tempo funciona nesse cenário – embora isso ainda esteja mais no campo das entrevistas do que da explicação clara na tela.

Recentemente, a série também apresentou conceitos como o “Time Hotel”, que supostamente conecta todos os tempos de uma vez, expandindo ainda mais (e talvez complicando) as ideias sobre como o tempo funciona nesse universo. Tudo isso só reforça que as regras são, na melhor das hipóteses, inconsistentes.

Talvez a melhor forma de encarar tudo isso seja com a filosofia do Décimo Doutor: “As pessoas presumem que o tempo é uma progressão rígida de causa e efeito, mas, na verdade, de um ponto de vista não linear e não subjetivo, é mais como uma grande bola de wibbly-wobbly, timey-wimey… stuff”.

Conclusão

A nova temporada de ‘Doctor Who’ nos lembrou do fascinante e perigoso Efeito de Limitação Blinovitch, mostrando com clareza suas consequências. No entanto, ao fazer isso, ela acabou destacando um furo de roteiro Doctor Who antigo e querido no especial ‘A Christmas Carol’, onde o abraço entre duas versões de Kazran Sardick desafiava essa mesma regra sem qualquer repercussão. É um lembrete divertido e um pouco frustrante de que, mesmo em uma série tão longa e amada, as regras do tempo podem ser tão confusas quanto o interior da TARDIS. Mas talvez seja exatamente essa imprevisibilidade que a torna tão cativante, não é?

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Perguntas Frequentes sobre Furos de Roteiro em Doctor Who

O que é o Efeito de Limitação Blinovitch em ‘Doctor Who’?

É uma regra das Leis do Tempo na série que afirma que se duas versões da mesma coisa (pessoas ou objetos com os mesmos átomos) se encontram no mesmo espaço-tempo, isso pode causar uma reação explosiva ou um paradoxo temporal.

Em que episódio da nova temporada o Efeito Blinovitch é mostrado?

O efeito é demonstrado no episódio de estreia da Temporada 15, intitulado ‘The Robot Revolution’, onde dois certificados de propriedade de uma estrela idênticos são usados para ativá-lo propositalmente.

Qual episódio clássico de ‘Doctor Who’ tem um furo de roteiro relacionado ao Blinovitch?

O especial de Natal de 2010, ‘A Christmas Carol’, é apontado por ter um momento onde o Velho Kazran e o Jovem Kazran se abraçam, violando a regra Blinovitch sem qualquer consequência.

Por que o encontro dos Kazrans em ‘A Christmas Carol’ é considerado um furo de roteiro?

De acordo com o Efeito Blinovitch, o contato físico entre duas versões da mesma pessoa (feitas dos mesmos átomos) deveria causar uma reação perigosa. No entanto, no episódio, o abraço entre os Kazrans acontece sem nenhuma consequência física ou temporal, contrastando com a demonstração do efeito na nova temporada.

As regras de viagem no tempo são sempre consistentes em ‘Doctor Who’?

Não, a série é conhecida por ter uma abordagem flexível e, às vezes, inconsistente com suas próprias regras de viagem no tempo ao longo de suas décadas de história.

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