‘Doctor Who’: Por que a UNIT ainda age diferente do Doutor após 55 anos?

Descubra por que a UNIT, a organização militar/científica de ‘Doctor Who’, mantém uma abordagem distinta do Doutor mesmo após décadas de colaboração. Exploramos como essa diferença fundamental, focada na proteção da Terra versus a compaixão universal do Doutor, cria conflitos morais essenciais e torna a série mais rica e dramática, como visto no episódio ‘Lucky Day’.

Se você é fã de ‘Doctor Who’, com certeza já se deparou com a UNIT Doctor Who. Essa organização militar/científica faz parte do universo do Doutor há décadas, mas mesmo depois de tanto tempo e tantas aventuras juntos, eles ainda agem de um jeito que o nosso querido Senhor do Tempo jamais agiria. Mas por que essa diferença persiste? E por que isso deixa a série ainda mais interessante?

A Longa Jornada de ‘Doctor Who’ e a Chegada da UNIT

‘Doctor Who’ é uma série com uma história GIGANTE, que começou lá em 1963. Muita coisa mudou desde o início: o Doutor já se regenerou várias vezes, aprendemos sobre os Senhores do Tempo e a própria TARDIS se tornou um ícone. Mas alguns elementos, mesmo que introduzidos depois, viraram parte fundamental da identidade da série.

A UNIT, por exemplo, apareceu pela primeira vez no início da era do Terceiro Doutor, no final dos anos 60. De lá para cá, a União de Inteligência das Nações Unidas (ou Força Tarefa Unificada de Inteligência, dependendo da época e da tradução) se tornou uma constante. Eles são, basicamente, a linha de defesa da Terra contra ameaças alienígenas que o Doutor vive encontrando (e às vezes, trazendo!).

Ao longo dos anos, a relação entre o Doutor e a UNIT evoluiu. Houve tempos de cooperação próxima, com o Doutor até mesmo trabalhando como consultor científico para eles. Mas, fundamentalmente, a UNIT sempre teve uma abordagem mais… digamos… “militar” para resolver problemas, o que nem sempre combinou com a filosofia do Doutor.

UNIT: Protegendo a Terra, do Jeito Deles

A missão da UNIT é clara: proteger o planeta Terra, custe o que custar. Isso significa que, na visão deles, usar força, armas e táticas de contenção é totalmente aceitável. Afinal, eles estão lidando com invasões alienígenas, monstros interdimensionais e outras coisas que querem acabar com a humanidade.

E é aí que o primeiro grande contraste com o Doutor aparece. O Doutor, na maioria das suas encarnações, detesta armas. Ele prefere resolver os conflitos com inteligência, conversa, negociação e, claro, seu fiel sonic screwdriver. Para ele, toda forma de vida tem valor, e destruir é sempre o último (e indesejado) recurso.

A UNIT, por outro lado, não tem essa mesma aversão. Eles são treinados para o combate e veem as ameaças como algo a ser neutralizado. Essa diferença de abordagem é uma fonte constante de tensão e drama na série, mostrando que nem sempre quem quer proteger o mundo concorda sobre a melhor forma de fazer isso.

O Caso Kate Stewart e Conrad em ‘Lucky Day’: Um Exemplo Recente

Um exemplo bem claro de como a UNIT (e seus líderes) podem agir de forma diferente do Doutor apareceu recentemente no episódio ‘Lucky Day’. Nele, vemos a icônica Kate Stewart, filha do lendário Brigadeiro Lethbridge-Stewart e atual chefe da UNIT, interagindo com Ruby Sunday.

Kate é geralmente uma pessoa calma, sensata e uma grande amiga do Doutor. Ela representa o lado mais razoável e científico da UNIT. No entanto, em ‘Lucky Day’, ela é provocada por um cara chamado Conrad, que, entre outras coisas, insulta o pai dela de uma forma bem pesada.

E o que Kate faz? Algo que surpreendeu muita gente! Ela não só se irrita (o que é compreensível), mas decide punir Conrad de uma maneira bem pública e, convenhamos, cruel. Ela usa as câmeras de segurança da UNIT para transmitir a “punição” nas redes sociais de Conrad e, pior, libera um alienígena perigoso que tinha uma rixa pessoal com ele.

Pensa bem: o Doutor, mesmo quando fica furioso (e ele fica!), raramente usaria uma criatura para se vingar de alguém, muito menos faria isso de forma pública para humilhar a pessoa. O Doutor pode ter momentos de raiva intensa, como vimos em algumas encarnações (tipo o Décimo ou o Décimo Primeiro Doutor), mas causar dano físico ou psicológico intencional a um humano, por vingança pessoal, está fora de cogitação para ele.

A atitude de Kate em ‘Lucky Day’ mostra que, mesmo sob a liderança de alguém que respeita e entende o Doutor, a UNIT opera sob um código moral diferente. Eles são, em última instância, uma organização governamental focada na segurança, e isso às vezes os leva a tomar decisões pragmáticas ou até mesmo questionáveis do ponto de vista ético do Doutor.

UNIT vs. Doutor: Um Conflito Moral Essencial

A diferença fundamental entre a UNIT Doctor Who e o Doutor reside em suas bases morais e operacionais. O Doutor é um alienígena, um viajante no tempo e espaço, cuja principal preocupação é a preservação da vida em *todas* as suas formas, em *qualquer* lugar do universo. Sua bússola moral é universalista.

A UNIT, por outro lado, é uma organização humana, criada por humanos, para proteger humanos na Terra. Sua preocupação primária é a segurança do planeta e de seus habitantes. Isso significa que, em um conflito onde é preciso fazer uma escolha difícil, a UNIT tende a priorizar a vida humana, mesmo que isso signifique sacrificar ou conter formas de vida alienígena.

Essa distinção se manifesta de várias maneiras. Enquanto o Doutor tenta entender, negociar ou encontrar soluções pacíficas para ameaças alienígenas, a UNIT muitas vezes parte para a contenção, o aprisionamento ou até mesmo a destruição, como vimos em episódios clássicos como “Doctor Who and the Silurians”, onde a UNIT explode uma base Siluriana contra a vontade do Doutor.

Além disso, a UNIT utiliza armamento pesado e táticas militares. Eles têm soldados, tanques, jatos e laboratórios equipados para analisar e combater ameaças. O Doutor, como já mencionamos, evita armas. Sua “arma” é sua inteligência e sua capacidade de ver o quadro geral, encontrando soluções criativas que não envolvam violência.

Outro ponto é o controle emocional. O Doutor pode ficar zangado, mas ele raramente perde o controle de suas ações de forma prejudicial. Ele age com base em seus princípios, mesmo sob pressão extrema. Os membros da UNIT, sendo humanos, são mais suscetíveis a emoções como medo, raiva ou frustração, o que pode influenciar suas decisões em momentos críticos, como aconteceu com Kate em ‘Lucky Day’.

Por Que Essa Diferença Torna ‘Doctor Who’ Mais Legal?

Ok, mas por que a série insiste em manter essa diferença entre a UNIT Doctor Who e o protagonista? Simples: porque isso torna a história muito mais interessante! Se a UNIT fosse apenas um bando de “seguidores” que obedecem a tudo que o Doutor manda, não haveria drama, não haveria conflito e, sinceramente, seria meio chato.

Ter a UNIT operando em uma “área moralmente cinzenta” cria situações complexas. O Doutor muitas vezes se vê em desacordo com seus próprios aliados, tendo que convencê-los a não tomar medidas drásticas ou a ver a “ameaça” sob uma nova perspectiva. Isso testa os limites do Doutor e força a UNIT a questionar seus próprios métodos.

Essa dinâmica também serve para destacar o quão único o Doutor realmente é. Sua moralidade inabalável e sua compaixão por todas as formas de vida brilham ainda mais quando comparadas com a abordagem mais pragmática e focada na segurança da UNIT. Eles são um espelho que reflete os princípios do Doutor, muitas vezes por contraste.

Além disso, a UNIT permite explorar diferentes tipos de histórias dentro do universo de ‘Doctor Who’. Às vezes, a série é uma aventura pura de viagem no tempo. Outras vezes, com a presença da UNIT, ela se transforma em algo mais parecido com um thriller militar de ficção científica, lidando com protocolos de segurança, cadeias de comando e as consequências de decisões em larga escala.

Kate Stewart, como líder atual, personifica essa dualidade. Ela tem o legado de seu pai (que tinha uma relação complexa, mas de respeito com o Doutor) e a responsabilidade de proteger o mundo. Ela admira o Doutor, mas também precisa fazer o que ela acredita ser melhor para a Terra, mesmo que isso signifique ir contra os métodos dele, como vimos em ‘Lucky Day’.

Essa independência da UNIT, essa capacidade de operar por suas próprias regras e com sua própria bússola moral (ainda que focada na Terra), é o que mantém a organização relevante e interessante após tantos anos. Eles não são apenas coadjuvantes; são um pilar do universo de ‘Doctor Who’, com seus próprios desafios e dilemas éticos.

Conclusão: A Diferença Que Soma

Após mais de 55 anos de história compartilhada, a UNIT Doctor Who continua sendo uma peça fundamental no quebra-cabeça da série. A persistência de suas diferenças morais e operacionais em relação ao Doutor não é um defeito, mas sim uma força. Essa tensão constante, esse contraste entre a compaixão universal do Doutor e o pragmatismo focado na Terra da UNIT, cria narrativas ricas e complexas.

Episódios como ‘Lucky Day’ nos lembram que, mesmo com laços de amizade e respeito, a UNIT e o Doutor veem o mundo e suas ameaças de ângulos distintos. E é exatamente essa diversidade de perspectivas e métodos que mantém o universo de ‘Doctor Who’ vibrante, imprevisível e, o mais importante, incrivelmente viciante para nós, fãs.

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Perguntas Frequentes sobre a UNIT em ‘Doctor Who’

O que é a UNIT em ‘Doctor Who’?

A UNIT (União de Inteligência das Nações Unidas ou Força Tarefa Unificada de Inteligência) é uma organização militar/científica terrestre que atua como linha de defesa contra ameaças alienígenas.

Quando a UNIT apareceu pela primeira vez na série?

A UNIT foi introduzida no final dos anos 60, no início da era do Terceiro Doutor, tornando-se um elemento constante na série desde então.

Por que a UNIT age diferente do Doutor?

A principal diferença está em suas bases morais e operacionais. Enquanto o Doutor valoriza toda forma de vida e evita violência, a UNIT é focada na segurança da Terra e seus habitantes, priorizando a contenção ou destruição de ameaças, e utilizando táticas militares e armas.

Quem lidera a UNIT atualmente na série?

Atualmente, a UNIT é liderada por Kate Stewart, filha do lendário Brigadeiro Lethbridge-Stewart.

Como a diferença entre a UNIT e o Doutor afeta a série?

Essa diferença cria tensão, drama e conflitos morais que enriquecem as narrativas. Ela destaca a singularidade da moralidade do Doutor e permite explorar diferentes tipos de histórias, desde aventuras no tempo até thrillers militares de ficção científica.

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