Do ‘gore’ ao sobrenatural: os melhores filmes de terror de 2025

De ‘Pecadores’ a ‘Extermínio: A Evolução’, analisamos como os melhores filmes de terror de 2025 abandonaram os clichês para unir prestígio autoral e impacto visceral. Descubra por que este foi o ano em que o gênero se tornou o centro das discussões cinematográficas.

2025 não foi apenas um ano de bons sustos; foi o ano em que o gênero finalmente rompeu a barreira entre o ‘terror de prestígio’ e o espetáculo de massas. Se em anos anteriores o debate girava em torno do chamado pós-horror, a safra atual provou que é possível unir a densidade temática de diretores autorais com o impacto visceral que o público de cinema exige. De Ryan Coogler resgatando o gótico sulista a Danny Boyle retornando às suas raízes digitais, os melhores filmes de terror de 2025 redefiniram as fronteiras do medo.

O pavor histórico de ‘Pecadores’: Ryan Coogler e o terror de prestígio

O pavor histórico de 'Pecadores': Ryan Coogler e o terror de prestígio

‘Pecadores’ (Sinners) é a prova de que o orçamento de um blockbuster nas mãos de um autor pode gerar algo perturbador. Ryan Coogler transporta Michael B. Jordan para o Mississippi de 1932, mas esqueça os clichês de época. O filme utiliza a estética do Southern Gothic para mascarar uma narrativa de sobrevivência sobrenatural onde o som é o protagonista silencioso. A sequência do juke joint, onde a música diegética se funde aos gritos e ao design de som industrial, é um exercício de tensão que poucas vezes vimos no cinema comercial recente.

Jordan, interpretando os gêmeos Smokestack, entrega uma dualidade física impressionante. Não é apenas um truque de câmera; é uma performance que ancora o horror em um trauma histórico real, tornando a ameaça sobrenatural quase secundária ao peso da ambientação.

‘A Hora do Mal’ e a fragmentação do medo de Zach Cregger

Depois do fenômeno ‘Noites Brutais’, Zach Cregger tinha a tarefa hercúlea de provar que não era um milagre de um filme só. Com ‘A Hora do Mal’ (Weapons), ele faz mais: ele desconstrói a estrutura narrativa do gênero. O filme, que acompanha o desaparecimento coletivo de uma turma escolar, utiliza uma montagem fragmentada que lembra o estilo de Paul Thomas Anderson aplicado ao terror puro.

Julia Garner carrega o peso emocional de uma trama que se recusa a entregar respostas fáceis. A força do filme reside no que não é visto — na escuridão para a qual as crianças correm. Cregger entende que o medo do inexplicável é mais duradouro do que qualquer jumpscare bem executado. É um filme que exige múltiplas visualizações para absorver todas as pistas deixadas na fotografia fria e desoladora.

A visceralidade emocional dos irmãos Philippou em ‘Faça Ela Voltar’

A visceralidade emocional dos irmãos Philippou em 'Faça Ela Voltar'

Danny e Michael Philippou confirmam em ‘Faça Ela Voltar’ (Bring Her Back) que sua maior virtude é a economia narrativa. Ao contrário de sequências infladas, este filme foca na claustrofobia de uma dinâmica familiar distorcida. Sally Hawkins entrega uma atuação que beira o insuportável — no melhor sentido cinematográfico. Sua transição de mãe enlutada para algo inominável é feita através de micro-expressões e uma linguagem corporal que evoca o melhor do horror físico dos anos 80.

O uso de efeitos práticos em vez de CGI excessivo dá ao filme uma textura orgânica e suja. Os Philippou não têm medo de ferir seus personagens emocionalmente antes de destruí-los fisicamente, o que torna o clímax do ritual ocultista genuinamente doloroso de assistir.

‘Extermínio: A Evolução’: Danny Boyle e o retorno ao digital cru

Vinte e oito anos depois, Danny Boyle retorna ao universo que ajudou a criar, e o faz ignorando a polidez das câmeras modernas. ‘Extermínio: A Evolução’ resgata a estética granulada e urgente do original, mas em uma escala continental. O salto temporal permite uma análise sociológica fascinante: como uma sociedade se reconstrói sobre as cinzas da raiva?

A atuação de Jodie Comer é o pilar central, trazendo uma vulnerabilidade que contrasta com a brutalidade do mundo exterior. Boyle utiliza planos abertos e uma montagem frenética para mostrar que o perigo não são apenas os infectados, mas a apatia de quem sobreviveu. É um retorno triunfal que justifica cada ano de espera.

O adeus dos Warren e o terror de estúdio

O adeus dos Warren e o terror de estúdio

‘Invocação do Mal 4: O Último Ritual’ funciona como uma elegia para Patrick Wilson e Vera Farmiga. Embora a fórmula da franquia mostre sinais de exaustão, a química entre os protagonistas ainda é o que mantém o interesse. O caso Smuri é tratado com uma reverência gótica que remete ao primeiro filme de James Wan, embora falte a inventividade técnica de outrora. É um encerramento digno para o casal que se tornou o rosto do terror moderno em Hollywood.

Joias escondidas: do body horror norueguês ao slasher satírico

O ano também foi generoso com produções menores que desafiaram convenções. ‘The Ugly Stepsister’, da Noruega, é uma obra-prima de body horror e sátira social, transformando a busca pela beleza em um pesadelo plástico e sangrento. Já ‘Juntos’ (Together), protagonizado por Alison Brie e Dave Franco, usa a fusão física de seus corpos como uma metáfora visceral para a codependência, lembrando o cinema de David Cronenberg em sua fase mais provocativa.

Até franquias veteranas surpreenderam: ‘Final Destination: Bloodlines’ conseguiu o impossível ao dar profundidade mitológica a uma série conhecida apenas por suas mortes criativas. Ao situar a origem da ‘morte’ em 1969, o filme ganha uma camada de fatalismo histórico que renova o fôlego da marca.

O veredito: Por que 2025 mudou o terror

O que unifica os sucessos deste ano é a recusa em sentar no muro. Seja através do comentário social de Coogler ou do niilismo de Boyle, o terror de 2025 abraçou sua natureza política e emocional. O gênero deixou de ser um nicho de sustos fáceis para se tornar o palco onde as discussões mais urgentes sobre trauma, sociedade e identidade estão acontecendo. Se você sobreviveu a essa maratona, sabe que o horror nunca esteve tão vivo.

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Perguntas Frequentes sobre os Melhores Filmes de Terror de 2025

Qual é o filme de terror mais assustador de 2025?

Embora subjetivo, ‘A Hora do Mal’ (Weapons) de Zach Cregger tem sido apontado pela crítica como o mais perturbador devido à sua atmosfera inexplicável e narrativa não-linear que foge dos sustos previsíveis.

‘Pecadores’ de Ryan Coogler é sobre vampiros?

Sem entregar spoilers pesados, o filme aborda uma mitologia sobrenatural clássica sob uma nova ótica histórica e cultural, focando na sobrevivência de dois irmãos no Mississippi de 1932.

Preciso assistir aos filmes anteriores para entender ‘Extermínio: A Evolução’?

Embora o filme funcione de forma independente por se passar 28 anos depois, ter assistido ao ‘Extermínio’ (2002) ajuda a entender o peso do legado e a evolução do vírus da raiva neste novo mundo.

‘Invocação do Mal 4’ é realmente o último filme da franquia?

O filme é anunciado como o capítulo final da jornada de Ed e Lorraine Warren (Patrick Wilson e Vera Farmiga), mas o universo expandido pode continuar através de spin-offs de outras entidades.

Onde posso assistir aos filmes de terror de 2025?

A maioria dos títulos citados, como ‘Pecadores’ e ‘Extermínio: A Evolução’, teve lançamento exclusivo nos cinemas. Filmes menores como ‘The Ugly Stepsister’ e ‘Heart Eyes’ podem ser encontrados em plataformas de VOD e streaming especializado como MUBI ou Shudder.

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Marina Souza
Marina Souza
Oi! Eu sou a Marina, redatora aqui do Cinepoca. Desde os tempos de criança, quando as tardes eram preenchidas por maratonas de clássicos da Disney em VHS e as noites por filmes de terror que me faziam espiar por entre os dedos, o cinema se tornou um portal para incontáveis realidades. Não importa o gênero, o que sempre me atraiu foi a capacidade de um filme de transportar, provocar e, acima de tudo, contar algo.No Cinepoca, busco compartilhar essa paixão, destrinchando o que há de mais interessante no cinema, seja um blockbuster que domina as bilheterias ou um filme independente que mal chegou aos circuitos.Minhas expertises são vastas, mas tenho um carinho especial por filmes que exploram a complexidade da mente humana, como os suspenses psicológicos que te prendem do início ao fim. Meu objetivo é te levar em uma viagem cinematográfica, apresentando filmes que talvez você nunca tenha visto, mas que definitivamente merecem sua atenção.

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