Crítica Emmanuelle: O que o reboot erótico da Noémie Merlant errou?

A crítica de Cinepoca sobre o novo filme ‘Emmanuelle’, estrelado por Noémie Merlant e Naomi Watts, mergulha nos desafios do reboot erótico. Apesar da cinematografia deslumbrante e do elenco talentoso, o longa-metragem falha em entregar uma visão genuína de empoderamento feminino, caindo na superficialidade e em clichês de fantasia masculina, desperdiçando seu grande potencial.

Se você chegou aqui procurando uma crítica Emmanuelle que te diga se o novo filme erótico vale a pena, prepare-se, porque a gente tem muito o que conversar! O reboot da clássica franquia, agora com a incrível Noémie Merlant e a lendária Naomi Watts, prometia revolucionar o gênero e trazer uma nova perspectiva para a personagem. Mas será que ele conseguiu? Infelizmente, a resposta não é tão simples, e a gente vai te explicar por que essa nova versão, apesar de todo o glamour, não decola como deveria.

O Legado Controverso de ‘Emmanuelle’ e a Expectativa do Reboot

A história de ‘Emmanuelle’ é um capítulo à parte no cinema. Baseada nos livros de Emmanuelle Arsan, a série original de filmes eróticos, que começou lá nos anos 70, sempre foi um fenômeno. Mesmo com a crítica especializada nem sempre sendo a mais gentil, os filmes conquistaram um público fiel e um sucesso financeiro notável. Basicamente, a galera queria ver as cenas mais quentes e as aventuras sensuais da protagonista. Era aquela coisa de “ama ou odeia”, mas que ninguém podia negar o impacto.

Essa franquia, que acompanhava uma mulher francesa explorando sua sexualidade em viagens exóticas pelo Oriente, construiu um legado de experimentação e tabus quebrados. Era uma saga que, para muitos, representava uma certa liberdade sexual, mesmo que de uma forma bastante explícita. Com essa bagagem, o anúncio de um novo filme ‘Emmanuelle’ com nomes de peso como Noémie Merlant – que a gente ama desde ‘Portrait de la jeune fille en feu’ – e Naomi Watts, gerou uma expectativa gigante. A promessa era de um drama erótico mais moderno, talvez com mais profundidade e uma visão feminina. Mas, como você vai ver, a realidade foi um pouco diferente.

Empoderamento em Teoria, Fantasia Masculina na Prática

Um dos pontos mais frustrantes da nova versão de ‘Emmanuelle’ é como ela lida com a ideia de empoderamento feminino. Na teoria, a protagonista, interpretada por Noémie Merlant, é uma executiva poderosa. Ela está em Hong Kong para avaliar um hotel cinco estrelas de sua empresa, com a missão de encontrar um motivo para demitir a gerente, Margot (Naomi Watts). É uma mulher em um cenário luxuoso, com todo o poder e os meios para se entregar a qualquer desejo.

No entanto, a forma como o filme se desenrola, especialmente no primeiro ato, dá a impressão de que estamos assistindo a uma fantasia masculina, e não a uma jornada de autodescoberta feminina. Pensa comigo: a cena de abertura, que remete a um “clássico” movimento de ‘Emmanuelle’, mostra a personagem convidando um estranho para fazer sexo no banheiro de um avião. A câmera foca em detalhes como ela ajustando a saia, tirando uma peça de roupa, caminhando pelo corredor… Tudo parece feito para o olhar de um homem, quase como se fosse uma projeção da fantasia dele, e não a dela.

Outros takes reforçam essa sensação: há momentos em que a câmera parece observá-la de longe, ou foca nela olhando para um homem específico. Essa abordagem é uma pena, porque Noémie Merlant tem um talento incrível e poderia ter entregue uma personagem realmente empoderada e complexa. Em vez disso, a execução falha em traduzir o potencial da atriz para a tela, deixando a impressão de uma oportunidade perdida de subverter o “male gaze” em um gênero que tanto precisaria disso.

A Beleza Desperdiçada: Quando a Estética Não Salva o Conteúdo

Se tem uma coisa que a nova ‘Emmanuelle’ acerta em cheio é na parte técnica. A cinematografia é de cair o queixo, a direção de arte é impecável, a iluminação é precisa e a ambientação em Hong Kong é deslumbrante. Cada cena parece cuidadosamente pensada, com enquadramentos que valorizam os personagens e o cenário, focando ou borrando elementos de um jeito super artístico. Algumas cenas de sexo, inclusive, conseguem ser atmosféricas e envolventes, transmitindo a sensualidade que se propõem.

É uma pena que todo esse capricho visual seja, no fim das contas, desperdiçado em uma narrativa tão superficial. Você olha para a tela e pensa: “Meu Deus, que fotografia linda! Que cenário incrível! Que jogo de luz e sombra espetacular!”. E aí você percebe que tudo isso está a serviço de um roteiro que não explora temas mais profundos sobre poder, prazer, ou relacionamentos. É como ter um carro de luxo com um motor que não funciona direito. A embalagem é perfeita, mas o conteúdo deixa a desejar. A beleza estética não consegue compensar a falta de uma história consistente e significativa, que pudesse realmente fazer jus ao potencial visual do filme.

Um Raio de Esperança? O Brilho de Naomi Watts e um Diálogo Chave

Apesar de tantos tropeços, o filme ‘Emmanuelle’ consegue ter um pequeno momento de redenção, e ele vem na forma da personagem de Naomi Watts, Margot. Enquanto a trama principal se arrasta com subtramas sobre a administração do hotel, que não fazem muito sentido temático, e com a protagonista sendo uma mulher pouco simpática que tem tudo nas mãos, eis que surge um diálogo que surpreende. É quando Margot confronta Emmanuelle diretamente, perguntando se ela encontrou algo de errado ou se “decidiu se divertir”.

Essa única linha consegue, por um breve instante, dar um certo sentido a tudo o que está acontecendo. De repente, você consegue enxergar a história como uma narrativa sobre o mundo corporativo estressante, onde mulheres são colocadas umas contra as outras. E, nesse ambiente, Emmanuelle encontra prazer e emoção no luxo e nas pessoas que conhece, usando seus privilégios. É um vislumbre de algo mais profundo, que o filme se recusa a explorar a fundo. É um momento em que a crítica Emmanuelle pode respirar, pois a personagem de Watts consegue trazer uma camada de complexidade que o roteiro, em geral, ignora.

Vale destacar que, mesmo com um roteiro irregular, o elenco entrega performances sólidas. Além de Noémie Merlant e Naomi Watts, nomes como Will Sharpe e Jamie Campbell Bower dão o seu melhor, entregando suas falas de forma convincente, mesmo quando as situações são um tanto quanto estranhas ou artificiais, criadas apenas para facilitar cenas de sexo espontâneo ou conversas provocantes. Eles não se intimidam com a tarefa, o que é um ponto positivo, mas não o suficiente para salvar o filme por completo.

Onde ‘Emmanuelle’ Tropeça de Vez nas Temáticas Eróticas

No fim das contas, a tese central do novo ‘Emmanuelle’ parece se resumir a um desejo de ser observado e desejado. O problema é como isso é traduzido: personagens femininas que parecem querer ser invadidas por homens de forma um tanto quanto estranha. A “resolução” da protagonista, inclusive, acontece quando ela finalmente encontra o “homem certo” para fazer sexo, encerrando sua sequência de encontros insatisfatórios. Isso é um tanto problemático, especialmente em um cenário atual onde o cinema erótico tem evoluído.

Pensemos em ‘Babygirl’, por exemplo, que saiu no mesmo ano e se propôs a ser um drama erótico. Filmes assim enfrentam um novo desafio: precisam mergulhar em temas maiores, explorar as dinâmicas dos relacionamentos sexuais de forma mais complexa e significativa. E ‘Emmanuelle’ simplesmente não faz isso. Ele fica na superfície, focado em uma visão que, como já dissemos, parece mais uma fantasia do que uma exploração genuína da sexualidade feminina ou das complexidades do desejo.

Apesar de todo o burburinho e do elenco de peso, a crítica Emmanuelle aqui no Cinepoca é clara: o reboot não consegue ir além do visual deslumbrante e de algumas cenas quentes. Ele falha em entregar um drama erótico significativo, que realmente empodere a mulher ou explore as nuances do prazer e do poder de uma forma inteligente. É um filme que, infelizmente, se perde na própria superficialidade, deixando a gente com a sensação de que uma grande oportunidade foi desperdiçada. Se você busca um filme erótico que te faça pensar e sentir, talvez seja melhor procurar em outras paradas.

Atualmente, ‘Emmanuelle’ está disponível para assistir sob demanda. E aí, você se arrisca a conferir?

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Perguntas Frequentes sobre a Crítica de ‘Emmanuelle’ (2024)

Qual é a proposta do reboot de ‘Emmanuelle’ com Noémie Merlant?

O novo filme ‘Emmanuelle’ prometia revolucionar o gênero erótico e trazer uma nova perspectiva para a personagem clássica, explorando a sexualidade feminina com nomes de peso como Noémie Merlant e Naomi Watts.

Quais são as principais falhas apontadas na crítica ao novo ‘Emmanuelle’?

A crítica aponta que o filme, apesar do potencial e da estética deslumbrante, falha em traduzir o empoderamento feminino, parecendo mais uma fantasia masculina. Além disso, a narrativa é considerada superficial e não explora temas profundos sobre poder e prazer.

Há algum ponto positivo no filme ‘Emmanuelle’ (2024)?

Sim, a crítica elogia a parte técnica, como a cinematografia deslumbrante, a direção de arte impecável e a iluminação precisa. As performances do elenco, especialmente de Naomi Watts, também são destacadas como pontos positivos.

Por que a abordagem do filme sobre empoderamento feminino é criticada?

O filme é criticado por apresentar a protagonista de forma que remete a uma “fantasia masculina”, com a câmera focando em detalhes que parecem feitos para o olhar de um homem, em vez de uma genuína jornada de autodescoberta feminina, desperdiçando o talento de Noémie Merlant.

Onde o filme ‘Emmanuelle’ está disponível para assistir?

Atualmente, ‘Emmanuelle’ está disponível para assistir sob demanda.

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Marina Souza
Marina Souza
Oi! Eu sou a Marina, redatora aqui do Cinepoca. Desde os tempos de criança, quando as tardes eram preenchidas por maratonas de clássicos da Disney em VHS e as noites por filmes de terror que me faziam espiar por entre os dedos, o cinema se tornou um portal para incontáveis realidades. Não importa o gênero, o que sempre me atraiu foi a capacidade de um filme de transportar, provocar e, acima de tudo, contar algo. No Cinepoca, busco compartilhar essa paixão, destrinchando o que há de mais interessante no cinema, seja um blockbuster que domina as bilheterias ou um filme independente que mal chegou aos circuitos. Minhas expertises são vastas, mas tenho um carinho especial por filmes que exploram a complexidade da mente humana, como os suspenses psicológicos que te prendem do início ao fim. Meu objetivo é te levar em uma viagem cinematográfica, apresentando filmes que talvez você nunca tenha visto, mas que definitivamente merecem sua atenção.

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