O trailer da Supergirl do DCU revela uma Kara Zor-El movida por raiva e trauma, não esperança — uma diferenciação crucial que o Arrowverse ignorou por seis temporadas. Analisamos por que essa abordagem finalmente faz justiça ao personagem.
Existe uma diferença fundamental entre perder algo que você nunca conheceu e perder algo que você amava. O Superman foi enviado à Terra como bebê — Krypton é uma história que ele ouviu, não uma memória que ele carrega. Kara Zor-El, por outro lado, viveu sua infância e adolescência em Krypton. Ela conheceu as pessoas. Viu as cidades. E assistiu tudo ser destruído.
O trailer de Supergirl: Woman of Tomorrow finalmente entende essa distinção que adaptações anteriores ignoraram por anos. E a frase que resume tudo vem da própria Milly Alcock: “Ele vê o bem em todos… e eu vejo a verdade.”
O problema que o Arrowverse criou (e nunca resolveu)
Preciso ser honesto sobre a ‘Supergirl’ do Arrowverse: Melissa Benoist fez um trabalho excepcional com o que recebeu. O problema nunca foi a atriz — foi a concepção do personagem desde o início.
A série da CW não foi criada para contar a história de Kara Zor-El. Foi criada para preencher um buraco. Com o Superman ocupado no DCEU, a DC precisava de um kryptoniano poderoso para enfrentar vilões cósmicos no Arrowverse. Assim como Oliver Queen funcionava como o “Batman que podemos usar”, Supergirl virou o “Superman de saia”.
Os sinais estavam por toda parte: uma Luthor feminina criada especificamente para ser rival (até Lex aparecer), James Olsen transferido para National City sem motivo narrativo real, e uma Kara que incorporava esperança e justiça de forma quase idêntica ao primo. A série queria entregar um ícone inspirador — e conseguiu. Mas traiu as complexidades que tornam Supergirl um personagem único nos quadrinhos.
Por que raiva faz mais sentido que esperança para Kara
Pense na sua memória mais antiga. Agora imagine que tudo que você conhecia até os 13, 14 anos — sua casa, seus amigos, sua cultura inteira — foi obliterado enquanto você assistia, impotente, de uma nave de escape. Você chegaria à Terra irradiando otimismo?
A Supergirl do DCU, interpretada por Milly Alcock e baseada na HQ ‘Supergirl: Woman of Tomorrow’ de Tom King e Bilquis Evely, finalmente abraça essa realidade. O trailer mostra uma Kara amargurada, intensa, violenta quando necessário — e completamente disposta a usar seus poderes sem a hesitação moral que define Clark Kent.
Isso não a torna uma vilã. Torna ela humana. Ou melhor: torna ela uma sobrevivente de trauma que não teve o luxo de crescer em uma fazenda no Kansas sendo amada incondicionalmente pelos Kents.
O posicionamento estratégico que a DC finalmente acertou
‘Supergirl: Woman of Tomorrow’ será o segundo filme teatral do DCU, logo após ‘Superman’ em 2025. James Gunn claramente entendeu que colocar dois kryptonianos esperançosos lado a lado seria redundante — e fatal para a bilheteria do segundo filme.
A breve aparição de Kara no final de ‘Superman’ já estabelece o contraste. Enquanto Clark representa o ideal, Kara representa a consequência. Ele é o que Krypton poderia ter sido; ela é o lembrete do que Krypton realmente foi — e do custo de perdê-lo.
Essa dinâmica abre possibilidades narrativas que o Arrowverse nunca explorou. Como Clark reage a uma prima que não compartilha seu otimismo? Como Kara processa a culpa de sobreviver quando tantos morreram? Existe tensão dramática real aqui, não apenas dois heróis intercambiáveis.
O que o trailer revela sobre a direção do filme
Além do tom mais sombrio, o trailer de ‘Supergirl: Woman of Tomorrow’ mostra uma protagonista em conflito ativo com sua identidade. Ela não está tentando ser a versão feminina do Superman — está tentando descobrir quem Kara Zor-El é quando tudo que a definia foi destruído.
A escolha de adaptar ‘Woman of Tomorrow’ não é acidental. A HQ de Tom King é conhecida por desconstruir o arquétipo do herói esperançoso sem cair no cinismo vazio. Kara na história original é cínica, sim, mas sua jornada envolve redescobrir propósito através de conexão genuína — não através de discursos sobre esperança.
Se o filme seguir esse caminho, teremos algo raro: uma história de super-herói sobre luto processado, não ignorado.
O que isso significa para o DCU como um todo
A decisão de diferenciar radicalmente Supergirl do Superman sinaliza uma maturidade narrativa que o antigo DCEU nunca alcançou. Zack Snyder tentou fazer um Superman sombrio e foi criticado por “não entender o personagem”. Gunn está fazendo o oposto: mantendo Superman luminoso e canalizando a complexidade para Kara.
É uma divisão de trabalho inteligente. O DCU pode ter seu ícone inspirador E seu personagem atormentado sem forçar nenhum dos dois a ser algo que não são. Superman pode ser Superman. E Supergirl pode finalmente ser Supergirl — não uma substituta, não uma cópia, mas uma sobrevivente tentando encontrar razão para continuar em um universo que tirou tudo dela.
Depois de anos vendo Kara ser tratada como “Superman, mas mulher”, a Supergirl do DCU com Milly Alcock promete algo que fãs do personagem esperavam há décadas: uma Supergirl que existe por mérito próprio, com uma história que só ela pode contar.
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Perguntas Frequentes sobre Supergirl no DCU
Quem interpreta a Supergirl no novo DCU?
Milly Alcock, conhecida por interpretar a jovem Rhaenyra Targaryen em ‘House of the Dragon’, foi escalada como Kara Zor-El no DCU de James Gunn.
Quando estreia o filme da Supergirl do DCU?
‘Supergirl: Woman of Tomorrow’ está previsto para 2026, sendo o segundo filme teatral do novo DCU após ‘Superman’ (2025).
Preciso assistir ‘Superman’ antes de ‘Supergirl: Woman of Tomorrow’?
Kara Zor-El aparece brevemente no final de ‘Superman’ (2025), estabelecendo sua presença no DCU. Embora os filmes sejam conectados, ‘Supergirl: Woman of Tomorrow’ deve funcionar como história independente baseada na HQ de Tom King.
Em qual HQ o filme da Supergirl é baseado?
O filme adapta ‘Supergirl: Woman of Tomorrow’, minissérie de 2021-2022 escrita por Tom King com arte de Bilquis Evely. A HQ mostra uma Kara mais cínica e atormentada, em uma jornada de vingança pelo espaço.
A Supergirl do DCU é diferente da versão do Arrowverse?
Sim, radicalmente. Enquanto a Supergirl de Melissa Benoist no Arrowverse era otimista e esperançosa como o Superman, a versão de Milly Alcock é caracterizada por raiva, trauma e uma visão mais cínica — refletindo o fato de que Kara viveu em Krypton e testemunhou sua destruição.

