‘City of Shadows’: thriller espanhol que dominou a Netflix em 48h

Série espanhola de 6 episódios sobre serial killer em Barcelona alcançou Top 5 global da Netflix em 48 horas e 100% no Rotten Tomatoes. Analisamos por que o thriller funciona tão bem e para quem é recomendado.

Existe um tipo de série que te prende nos primeiros dez minutos e não te larga até os créditos finais do último episódio. ‘City of Shadows’ é exatamente isso — e o fato de ter alcançado o Top 5 global da Netflix em menos de 48 horas após o lançamento não é coincidência. É consequência.

A produção espanhola estreou na sexta-feira, 12 de dezembro, e quando acordei no domingo já estava no quarto lugar do ranking mundial, atrás apenas de fenômenos como ‘Stranger Things’ e ‘Sean Combs: O Acerto de Contas’. Mas números são só parte da história. O que realmente chamou minha atenção foi o 100% no Rotten Tomatoes — algo raro para qualquer série, ainda mais para um thriller de crime que poderia facilmente cair em clichês do gênero.

Terminei os seis episódios em duas noites. Não por falta de sono, mas porque simplesmente não consegui parar.

A premissa que faz ‘City of Shadows’ se destacar no catálogo da Netflix

Barcelona como cenário de thriller não é novidade. Mas ‘City of Shadows’ usa a cidade de uma forma que eu não tinha visto antes: os marcos históricos mais icônicos da cidade se tornam, literalmente, palcos de horror. O serial killer da série não apenas mata suas vítimas — ele as queima vivas no topo dos monumentos mais visitados da cidade.

É uma premissa que poderia soar gratuita ou sensacionalista. Não é. A série constrói uma mitologia perturbadora em torno desse modus operandi, conectando os locais escolhidos a uma lógica interna do assassino que só vai se revelando aos poucos. Cada novo crime não é apenas mais um corpo — é uma peça de um quebra-cabeça que os detetives (e nós) tentamos montar.

O formato de seis episódios, com duração entre 42 e 53 minutos cada, é cirúrgico. Não há enchimento. Não há aquele episódio do meio que claramente existe só para esticar a temporada. Cada cena serve à investigação ou ao desenvolvimento dos personagens — frequentemente às duas coisas ao mesmo tempo.

Por que a fórmula de dois detetives ainda funciona (quando bem executada)

‘City of Shadows’ não reinventa a roda. A estrutura de dois investigadores com personalidades contrastantes trabalhando juntos em um caso complexo é tão antiga quanto o próprio gênero policial. Mas há uma razão para essa fórmula ter funcionado em ‘True Detective’, em ‘Broadchurch’, e funcionar aqui também: ela permite que a investigação seja também uma exploração de caráter.

O que diferencia uma boa série de crime de uma medíocre não é a originalidade do formato — é a execução. E ‘City of Shadows’ executa com precisão. A dinâmica entre os detetives não é forçada, os conflitos entre eles surgem organicamente das pressões do caso, e suas falhas pessoais impactam diretamente a investigação.

Se você assistiu ‘True Detective’ esperando apenas resolver o mistério e saiu pensando sobre Rust Cohle por semanas, vai entender o tipo de construção de personagem que essa série espanhola consegue alcançar. Em escala menor, claro — são seis episódios, não oito. Mas a densidade está lá.

O visual noir de Barcelona que transforma a série em experiência cinematográfica

O visual noir de Barcelona que transforma a série em experiência cinematográfica

Uma das surpresas de ‘City of Shadows’ é como a direção de fotografia eleva o material. Barcelona é uma cidade ensolarada, vibrante, associada a turismo e arquitetura modernista. A série pega essa expectativa e a subverte completamente.

As cenas noturnas dominam. As sombras são personagens. A paleta de cores é fria mesmo quando o sol aparece — como se a cidade inteira estivesse sob uma nuvem permanente de ameaça. É um trabalho de atmosfera que lembra o melhor do cinema noir, mas adaptado para uma sensibilidade contemporânea.

Isso não é apenas estética pela estética. O visual reforça a premissa: estamos vendo Barcelona através dos olhos de um predador. Os monumentos que normalmente associamos a férias e fotos de Instagram se tornam sinistros, ameaçadores. É desconfortável — e é exatamente esse o ponto.

100% no Rotten Tomatoes: o que isso realmente significa

Vou ser honesto sobre o que uma pontuação perfeita no Rotten Tomatoes representa. Não significa que todos os críticos acharam a série uma obra-prima. Significa que nenhum crítico achou ruim o suficiente para dar uma avaliação negativa. É uma distinção importante.

As reviews são, em sua maioria, positivas moderadas — não delirantes. Os críticos reconhecem a competência técnica, o ritmo eficiente, as atuações sólidas. Poucos chamam de revolucionária ou transformadora do gênero. E tudo bem. Nem toda série precisa reinventar o thriller policial para valer seu tempo.

‘City of Shadows’ faz algo igualmente valioso: entrega exatamente o que promete, com qualidade acima da média, sem desperdiçar o tempo do espectador. Em uma era de séries infladas para oito, dez, doze episódios quando a história caberia em seis, isso é quase radical.

Para quem ‘City of Shadows’ é (e para quem não é)

Preciso ser direto: essa não é uma série para relaxar. Se você quer algo leve para assistir enquanto mexe no celular, ‘Homem X Bebê’ — atualmente a série mais assistida da Netflix — provavelmente é uma escolha melhor.

‘City of Shadows’ exige atenção. Os detalhes importam. As conversas entre os detetives frequentemente contêm pistas que só fazem sentido episódios depois. Se você é do tipo que gosta de pausar, voltar, prestar atenção nos diálogos, vai aproveitar muito mais.

Para fãs de crime thriller que sentem falta de séries que respeitam a inteligência do espectador — que não explicam demais, que confiam que você vai acompanhar — essa é uma das melhores opções que apareceram na Netflix nos últimos meses. A tensão é constante, o mistério é bem construído, e o payoff final não decepciona.

Seis episódios. Duas noites. Uma das experiências de binge-watching mais satisfatórias que tive esse ano. Se thriller é seu gênero, ‘City of Shadows’ merece estar na sua lista.

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Perguntas Frequentes sobre ‘City of Shadows’

Quantos episódios tem ‘City of Shadows’ na Netflix?

‘City of Shadows’ tem 6 episódios, com duração entre 42 e 53 minutos cada. A temporada completa pode ser assistida em aproximadamente 5 horas.

‘City of Shadows’ é baseada em história real?

Não. A série é uma produção ficcional original espanhola. A trama sobre um serial killer que atua nos monumentos de Barcelona é inteiramente criada para a série.

‘City of Shadows’ tem dublagem em português?

Sim. A Netflix disponibiliza ‘City of Shadows’ com dublagem em português brasileiro e legendas. O áudio original é em espanhol.

‘City of Shadows’ vai ter segunda temporada?

Até o momento, a Netflix não confirmou uma segunda temporada. A primeira temporada tem um final conclusivo, mas deixa espaço para continuação caso a plataforma renove a série.

Qual a classificação indicativa de ‘City of Shadows’?

A série tem classificação 16 anos na Netflix Brasil devido a cenas de violência, linguagem forte e temas adultos relacionados aos crimes investigados.

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Lucas Lobinco
Lucas Lobinco
Sou o Lucas, e minha paixão pelo cinema começou com as aventuras épicas e os clássicos de ficção científica que moldaram minha infância. Para mim, cada filme é uma nova oportunidade de explorar mundos e ideias, uma janela para a criatividade humana. Minha jornada não foi nos bastidores da produção, mas sim na arte de desvendar as camadas de uma boa história e compartilhar essa descoberta. Sou movido pela curiosidade de entender o que torna um filme inesquecível, seja a complexidade de um personagem, a inovação visual ou a mensagem atemporal. No Cinepoca, meu foco é trazer uma perspectiva única, mergulhando fundo nos detalhes que fazem um filme valer a pena, e incentivando você a ver a sétima arte com novos olhos.Tenho um apreço especial por filmes de ação e aventura, com suas narrativas grandiosas e sequências de tirar o fôlego. A comédia de humor negro e os thrillers psicológicos também me atraem, pela forma como subvertem expectativas e exploram o lado mais sombrio da psique humana. Além disso, estou sempre atento às novas vozes e tendências que surgem na indústria, buscando os próximos grandes talentos e as histórias que definirão o futuro do cinema.

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