‘Black Mirror’ S7 e a Inesperada Conexão com ‘Being John Malkovich’

A sétima temporada de ‘Black Mirror’, com o episódio “USS Callister: Into Infinity”, estabelece uma fascinante conexão temática com o filme cult ‘Being John Malkovich’, explorando a complexa ideia de vivenciar ou observar a realidade através da perspectiva e da mente de outra pessoa.

E aí, galera do Cinepoca! Preparados para mais uma viagem pelo universo bizarro e genial de ‘Black Mirror’? Se você já maratonou a sétima temporada, provavelmente ficou chocado com o final de “USS Callister: Into Infinity”. Mas, peraí… aquele desfecho te lembrou alguma coisa? Se a resposta for sim, talvez você tenha pego a Conexão Black Mirror Filme mais inesperada de todas: a bizarra similaridade com o clássico cult ‘Being John Malkovich’.

Pra quem não lembra (ou ainda não viu, corre lá!), o episódio original “USS Callister”, da quarta temporada de ‘Black Mirror’, foi um verdadeiro divisor de águas. Ganhou Emmys, aclamado pela crítica… e nos apresentou ao assustadoramente brilhante Robert Daly (Jesse Plemons), um gênio da programação que criava cópias digitais de seus colegas de trabalho para torturá-los em um jogo de Star Trek que ele mesmo comandava. A Nanette Cole (Cristin Milioti) foi uma dessas vítimas que, no final, conseguiu liderar uma rebelião e prender Daly dentro do próprio jogo, enquanto a tripulação digital escapava para a vastidão da internet.

O Que Rolou em “USS Callister: Into Infinity”?

Agora, a sétima temporada nos trouxe a aguardada continuação: “USS Callister: Into Infinity”. E sim, a maior parte do elenco original voltou para essa nova aventura, incluindo Cristin Milioti, Jimmi Simpson, Billy Magnussen e o próprio Jesse Plemons, de uma forma… diferente.

A história continua com a tripulação digital navegando pelo universo online. Mas o grande plot twist acontece quando eles se deparam com uma cópia da consciência de Robert Daly, que de alguma forma sobreviveu e está presa no coração do jogo. A Nanette digital, sempre a líder, bola um plano para finalmente destruir Daly e o jogo de uma vez por todas.

O plano dá certo, mas a fuga para a “realidade” não é tão simples quanto parecia. Precisavam de um lugar para ir. E o destino (sempre ele!) colocou a Nanette original, a do mundo real, em uma situação dramática: ela sofreu um grave acidente de carro e ficou entre a vida e a morte. É nesse ponto que a “Conexão Black Mirror Filme” começa a se desenhar de forma clara.

A solução encontrada para salvar a tripulação digital foi transferir as consciências deles para… adivinha? A mente da Nanette real. Sim, todos aqueles personagens que a gente acompanhou no jogo agora estão vivendo dentro da cabeça dela, compartilhando seus pensamentos, suas emoções e, o mais importante para a nossa ‘Conexão Black Mirror Filme’, a sua visão de mundo.

É uma virada de roteiro chocante e, sejamos sinceros, perturbadora. Ter uma galera inteira morando no seu cérebro, vendo tudo o que você vê, ouvindo tudo o que você ouve… parece coisa de filme, né? Bem, é exatamente aí que entra a nossa comparação.

‘Being John Malkovich’: O Portal Para Outra Mente

Antes de ‘Black Mirror’ nos mostrar a tripulação do Callister vivendo na mente da Nanette, o cinema já tinha explorado essa ideia de um jeito… peculiar. Em 1999, o mundo foi apresentado a ‘Being John Malkovich’, um filme dirigido por Spike Jonze e escrito por Charlie Kaufman, dois mestres em criar realidades distorcidas e narrativas que fazem a gente questionar tudo.

O filme é estrelado por John Cusack como Craig Schwartz, um marionetista genial, mas sem sucesso, que arranja um emprego bizarro em um escritório com um andar super baixo. E é nesse andar que ele descobre um pequeno portal escondido atrás de um arquivo. Esse portal não leva para outro lugar comum. Ele leva para um túnel que te joga diretamente na mente do famoso ator John Malkovich.

Por 15 minutos exatos, quem entra no portal é John Malkovich. Você vê o mundo pelos olhos dele, sente o que ele sente, experimenta a vida como uma celebridade de Hollywood. É uma experiência de voyeurismo e imersão total, uma chance de literalmente “andar nos sapatos de outra pessoa”.

A premissa é tão absurda quanto fascinante. O filme explora temas como identidade, fama, controle e o desejo de ser outra pessoa. Charlie Kaufman, com seu roteiro labiríntico e cheio de camadas, e Spike Jonze, com sua direção visualmente inventiva, criaram uma obra que se tornou um cult instantâneo e foi indicada a vários Oscars.

E é essa ideia central de ‘Being John Malkovich’ – a possibilidade de habitar a mente de outro e experimentar a vida através da perspectiva dele – que cria um paralelo tão forte e inesperado com o final de “USS Callister: Into Infinity”, formando a base da nossa ‘Conexão Black Mirror Filme’.

A Essência da Conexão Black Mirror Filme: Vendo o Mundo Pelos Olhos de Outro

A similaridade mais gritante entre o desfecho de “USS Callister: Into Infinity” e a premissa de ‘Being John Malkovich’ reside na experiência de ver o mundo através dos olhos de outra pessoa. Em ambos os cenários, os personagens perdem (ou abdicam de) sua própria perspectiva física e passam a habitar a mente e a visão de um “hospedeiro”.

No filme de 1999, os personagens se tornam John Malkovich por um curto período. Eles veem o que ele vê, reagem ao que ele reage. É uma fusão temporária de consciência e percepção. A porta para a mente de Malkovich oferece uma fuga da própria realidade e uma chance de experimentar a vida de alguém famoso e bem-sucedido.

Em ‘Black Mirror’, a situação é mais permanente e mais populosa. Não é apenas uma pessoa entrando na mente de outra, mas uma tripulação inteira. Eles não se tornam a Nanette, mas coexistem dentro dela. A ‘Conexão Black Mirror Filme’ aqui é sobre essa visão compartilhada, essa janela única para o mundo exterior que agora é o único meio de interação da tripulação com a realidade.

Imagine a sensação: você está preso em um “lugar” que não é um lugar físico, mas a mente de alguém. Sua única forma de “ver”, “ouvir” e “sentir” o mundo exterior é através dos sentidos dessa pessoa. Você vê o que ela vê quando ela abre os olhos, ouve o que ela ouve, sente o que ela sente. É uma forma extrema de empatia forçada, misturada com uma total falta de controle sobre a própria “existência” física.

Essa experiência de “visão compartilhada” é o coração da ‘Conexão Black Mirror Filme’ entre as duas obras. Ambas usam essa ideia como ponto de partida para explorar as fronteiras da consciência, da identidade e da relação entre mente e corpo. No entanto, como ‘Black Mirror’ sempre faz, a série adiciona um twist sombrio a essa premissa.

A grande diferença, e que muda completamente a dinâmica, é a questão do controle. Em ‘Being John Malkovich’, os personagens que entram no portal podem, com o tempo e a prática, aprender a controlar o corpo de Malkovich. Eles podem fazer ele falar o que querem, ir onde querem. O próprio Malkovich perde a autonomia sobre si mesmo.

Já em “USS Callister: Into Infinity”, a tripulação digital está à mercê da Nanette. Eles não podem simplesmente assumir o controle do corpo dela. O episódio mostra que para fazer algo simples, como ligar a televisão, eles precisam pedir para a Nanette. Ela é a “dona” do corpo e da mente, e eles são apenas “convidados” permanentes (e indesejados?).

Essa distinção transforma a ‘Conexão Black Mirror Filme’ de uma simples similaridade de premissa para uma exploração de diferentes tipos de horror. Em ‘Malkovich’, o horror vem da invasão e da perda de si para o invasor. Em “USS Callister”, o horror é o do aprisionamento e da total dependência de outra pessoa para experimentar qualquer forma de interação com o mundo que eles tanto lutaram para alcançar.

É uma inversão interessante: em um, você rouba o controle; no outro, você está preso sem controle algum, apenas observando. E essa observação passiva, essa falta de agência, pode ser tão (ou mais) aterrorizante quanto ser controlado.

A Prisão Mental e Outras Referências em ‘Black Mirror’

O final de “USS Callister: Into Infinity” nos deixa com uma pergunta inquietante: a tripulação digital está condenada a viver para sempre na mente da Nanette? Pelo que o episódio sugere, sim. Eles escaparam do jogo, mas não para corpos físicos próprios. O refúgio encontrado foi o espaço neural da Nanette real.

Essa ideia de consciências presas não é novidade para os fãs de ‘Black Mirror’. A série já explorou o conceito de “cookies” ou cópias digitais de mentes humanas que são mantidas em cativeiro ou usadas para propósitos questionáveis. O episódio “White Christmas”, por exemplo, mostra um “cookie” sendo torturado com isolamento por anos em segundos. E o já mencionado “Black Museum” é praticamente uma galeria de horrores de tecnologias que aprisionam ou manipulam a consciência, incluindo uma cópia digital de uma pessoa presa em um boneco de pelúcia, condenada a reviver o momento de sua morte.

A situação da tripulação do Callister na mente da Nanette lembra um pouco essas outras formas de aprisionamento digital, mas com a particularidade de estarem dentro de uma mente viva. A ‘Conexão Black Mirror Filme’ com ‘Malkovich’ destaca a invasão, mas a comparação com “Black Museum” ressalta o cativeiro. Eles estão presos, vendo o mundo, mas sem poder interagir diretamente, a não ser que a Nanette permita.

Por mais que a Nanette seja uma pessoa boa e paciente (e ela se mostra incrivelmente calma diante da situação bizarra), ter vozes na sua cabeça o tempo todo, dividindo seus pensamentos, comentando suas ações… isso tem tudo para se tornar um inferno pessoal ao longo do tempo. A privacidade dela simplesmente deixou de existir. A sanidade de ambos os lados (Nanette e tripulação) seria testada ao extremo.

Será que os criadores de ‘Black Mirror’ planejam uma terceira parte para a saga “USS Callister”? Se sim, como eles poderiam resolver essa situação? Uma possível saída seria encontrar uma tecnologia (claro, em ‘Black Mirror’ sempre tem uma tecnologia nova e perturbadora) para transferir as consciências da tripulação para corpos artificiais ou até mesmo para o mundo digital de uma forma mais livre e segura. Ou talvez o destino deles seja mesmo a prisão eterna na mente da Nanette, um final sombrio e bem ao estilo da série.

A beleza (e o terror) de ‘Black Mirror’ reside justamente nessas perguntas sem resposta, nessas projeções sombrias do futuro. E a ‘Conexão Black Mirror Filme’ com ‘Being John Malkovich’ adiciona mais uma camada de profundidade a essa discussão sobre o que significa ter uma mente, um corpo e uma identidade.

Conclusão: Uma Conexão Que Faz Pensar

A sétima temporada de ‘Black Mirror’ continua a nos surpreender com suas narrativas instigantes e, por vezes, aterrorizantes. O final de “USS Callister: Into Infinity”, com sua premissa de consciências vivendo dentro da mente de outra pessoa, não é apenas um choque tecnológico, mas também um eco de ideias exploradas no cinema há mais tempo.

A Conexão Black Mirror Filme com o clássico ‘Being John Malkovich’ é um exemplo perfeito de como a série bebe de fontes variadas para criar seus pesadelos tecnológicos. Ambas as obras nos forçam a pensar sobre o que significa ter controle sobre si mesmo, sobre a invasão da privacidade mais íntima que existe (a própria mente) e sobre as diferentes formas de aprisionamento, sejam elas físicas ou mentais.

Essa similaridade não diminui o impacto de “USS Callister: Into Infinity”, muito pelo contrário. Ela nos mostra como a série consegue pegar conceitos já abordados e dar a eles um novo verniz, uma nova camada de horror e relevância para o nosso tempo digital. E você, já tinha percebido essa bizarra e fascinante ligação entre a tripulação do Callister e o universo de John Malkovich? Conta pra gente nos comentários!

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Perguntas Frequentes sobre a Conexão ‘Black Mirror’ e ‘Being John Malkovich’

Qual a conexão entre ‘Black Mirror’ S7 e ‘Being John Malkovich’?

A principal conexão reside na exploração da ideia de experienciar a realidade através da perspectiva e mente de outra pessoa, um tema central tanto no episódio “USS Callister: Into Infinity” quanto no filme ‘Being John Malkovich’.

Sobre o que é o episódio “USS Callister: Into Infinity”?

A continuação de “USS Callister” segue a tripulação digital após escapar do jogo, lidando com a sobrevivência de uma cópia da consciência de Robert Daly e encontrando um refúgio inesperado na mente da Nanette real após um acidente.

Sobre o que é o filme ‘Being John Malkovich’?

O filme de 1999 narra a história de um marionetista que descobre um portal que leva, por 15 minutos, diretamente para a mente do ator John Malkovich, permitindo vivenciar o mundo pelos olhos dele.

Quais as principais semelhanças entre as duas obras?

Ambas as narrativas compartilham a premissa de personagens habitando ou acessando a mente de outro indivíduo, vendo e experimentando o mundo através dos sentidos desse “hospedeiro”, explorando temas de identidade e perspectiva.

Quais as principais diferenças entre as duas obras?

A principal diferença está no controle: em ‘Being John Malkovich’, os personagens podem eventualmente controlar o corpo do hospedeiro; em “USS Callister: Into Infinity”, a tripulação está aprisionada na mente da Nanette, dependendo da permissão dela para qualquer interação com o mundo exterior.

A série ‘Black Mirror’ já explorou temas semelhantes antes?

Sim, ‘Black Mirror’ frequentemente aborda o tema de consciências digitais aprisionadas ou manipuladas, como visto nos episódios “White Christmas” e “Black Museum”, embora a situação na mente de uma pessoa viva em “USS Callister” S7 apresente uma particularidade única.

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