Bear McCreary reescreveu o tema de ‘Percy Jackson’ – e funcionou

Bear McCreary reescreveu o tema de abertura de ‘Percy Jackson’ para a segunda temporada — uma decisão que “assustou todo mundo”. O compositor vencedor do Emmy explica como está construindo o tema de Kronos ao longo de cinco temporadas e revela detalhes sobre a trilha da terceira.

Quando um compositor ganha múltiplos Emmys e tem no currículo trabalhos como ‘O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder’ e ‘Fundação’, você esperaria que ele jogasse pelo seguro na segunda temporada de uma série de sucesso. Bear McCreary fez o oposto: reescreveu o tema principal de ‘Percy Jackson e os Olimpianos’ — e, segundo ele mesmo, “assustou todo mundo” no processo.

A trilha sonora de Percy Jackson na segunda temporada, lançada digitalmente em 19 de dezembro, representa uma evolução deliberada do trabalho que McCreary e sua equipe Sparks & Shadows entregaram em 2023. Não é apenas uma continuação; é uma declaração de intenções sobre como a música pode amadurecer junto com seus protagonistas.

Por que mexer no que estava funcionando?

Por que mexer no que estava funcionando?

A resposta de McCreary é desarmantemente honesta: o elenco cresceu. Walker Scobell e companhia não são mais as crianças que embarcaram naquela “divertida aventura de road trip” na primeira temporada. O Mar de Monstros exige peso, e a música precisava acompanhar.

O compositor conta que a conversa começou quando o produtor executivo Dan Shotz ligou para discutir mudanças visuais na abertura. McCreary não esperou: “Dan, precisamos fazer uma nova abertura. Não pode ser a mesma música que associamos ao nosso elenco muito mais jovem.” A reação inicial foi de nervosismo — ninguém quer mexer em tema de abertura que funcionou — mas bastou ouvir a primeira amostra para a equipe embarcar na ideia.

O resultado é uma abertura que mantém as linhas melódicas centrais enquanto transforma praticamente todo o resto. Mais sinfônico. Harmonicamente mais denso. Percussão maior, instrumentos mais inusitados. McCreary descreve o efeito como “vestir seu moletom favorito” — o conforto do familiar com a novidade do novo.

A construção de Kronos: cinco temporadas de evolução musical

Se a reescrita do tema principal mostra McCreary pensando no presente, seu trabalho com Kronos revela um compositor jogando xadrez em cinco dimensões. O Senhor dos Titãs, introduzido na primeira temporada através de sequências de sonho e agora descansando em um sarcófago enquanto seu corpo se reconstitui, está recebendo o mesmo tratamento que McCreary deu a Sauron em ‘Os Anéis de Poder’.

Em ‘Os Anéis de Poder’, o tema de Sauron é uma inversão do tema principal da série — um truque que recompensa quem reassiste com ouvidos atentos. Para Kronos, McCreary está construindo algo ainda mais gradual.

Na primeira temporada, Kronos era representado por uma textura ambiente que se destacava de todo o resto: mais inspirada em horror, com sintetizadores e cores modernas que contrastam drasticamente com a orquestra sinfônica dos outros personagens. “É como se esse cara viesse de outro mundo musicalmente”, explica McCreary. “Ele é literalmente de outro gênero.”

Na segunda temporada, Kronos começa a “escorrer” para a trilha sonora. Uma melodia emerge, mas nunca completa. É um jogo longo, deliberadamente lento, que McCreary espera que se monte organicamente ao longo de várias temporadas. O objetivo final? Que, ao reassistir a primeira temporada, o espectador reconheça aquela textura inicial e pense: “Ah, eu sei o que isso vai se tornar.”

As faixas que definiram a segunda temporada

As faixas que definiram a segunda temporada

McCreary admite ter um “viés de recência”, mas defende que a trilha da segunda temporada é simplesmente melhor que a primeira. Todos os temas retornam, mas com camadas adicionais que justificam a jornada pelo Mar de Monstros.

Duas faixas se destacam para o compositor: “The Chariot Race” e “The Sirens”. A corrida de bigas era uma preocupação desde antes da produção começar — o tipo de sequência de ação que exige música à altura da adrenalina visual. Já as Sereias representavam algo diferente: um rito de passagem.

“Compor para sereias é um rito de passagem para um compositor”, diz McCreary. Mas em vez de seguir a tradição, ele quis deixar sua marca, tornando o som “um pouco mais abertamente perigoso e estranho”. A faixa, que conta com a participação de Dayna Ambrosio nos vocais, é um dos pontos altos de uma trilha que não tem medo de experimentar.

O que vem pela frente: Atlas e os deuses da terceira temporada

McCreary já está conceitualizando a terceira temporada, que trará Ártemis, Apolo e Afrodite em live-action, além do primeiro titã a ganhar vida na tela: Atlas. “Atlas é definitivamente uma daquelas coisas que pesam”, admite o compositor. “É um personagem tão poderoso na nossa história cultural e nos livros.”

Curiosamente, parte do trabalho já começou — mas não da forma que você esperaria. McCreary revela que escreveu música para “coisas de produção”, especificamente instrumentos que personagens tocarão em cena. “Instrumentos que você esperaria que personagens daquela parte da mitologia grega tocassem”, diz ele, sugerindo que talvez um dos protagonistas vá empunhar um instrumento na próxima temporada.

A trilha completa da segunda temporada inclui 20 faixas, desde o tema de abertura reimaginado até peças como “Voice of Kronos” e “The Battle for Half-Blood Hill”. É um trabalho que funciona tanto como acompanhamento para a série quanto como experiência musical independente — algo que nem toda trilha sonora de TV consegue alcançar.

O risco calculado que definiu a temporada

Reescrever um tema de abertura é um risco. Séries constroem identidade através dessas melodias; mexer nelas pode alienar fãs que criaram conexão emocional com o original. McCreary sabia disso — e fez mesmo assim.

A aposta funcionou porque o compositor entendeu algo fundamental: fidelidade não significa repetição. Os fãs de Percy Jackson querem ver os personagens crescerem; a música que os acompanha precisa crescer junto. Manter as linhas melódicas centrais enquanto transformava a textura ao redor foi a solução elegante que permitiu evolução sem ruptura.

Para quem acompanha a série, a trilha da segunda temporada é uma demonstração de como música pode elevar narrativa. Para quem estuda composição para mídia, é um estudo de caso em evolução controlada. E para McCreary, é mais um capítulo em uma carreira que continua provando que televisão pode — e deve — ter ambição sinfônica.

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Perguntas Frequentes sobre a Trilha Sonora de Percy Jackson

Quem compôs a trilha sonora de ‘Percy Jackson e os Olimpianos’?

Bear McCreary, compositor vencedor de múltiplos Emmys conhecido por seus trabalhos em ‘O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder’, ‘Fundação’ e ‘Battlestar Galactica’. Ele trabalha com sua equipe Sparks & Shadows na série.

Onde ouvir a trilha sonora de Percy Jackson 2ª temporada?

A trilha completa da segunda temporada foi lançada digitalmente em 19 de dezembro de 2024, disponível nas principais plataformas de streaming de música como Spotify, Apple Music e Amazon Music.

Por que o tema de abertura de Percy Jackson mudou na 2ª temporada?

Bear McCreary decidiu reescrever o tema porque o elenco cresceu e a história ficou mais pesada. O compositor quis que a música amadurecesse junto com os personagens, mantendo as melodias centrais mas tornando a composição mais sinfônica e harmonicamente densa.

Quantas faixas tem a trilha sonora da 2ª temporada de Percy Jackson?

A trilha completa inclui 20 faixas, desde o tema de abertura reimaginado até peças como “The Chariot Race”, “The Sirens”, “Voice of Kronos” e “The Battle for Half-Blood Hill”.

Bear McCreary vai compor a trilha da 3ª temporada de Percy Jackson?

Sim. McCreary já está conceitualizando a terceira temporada e revelou que já escreveu música para instrumentos que personagens tocarão em cena, sugerindo que um dos protagonistas pode empunhar um instrumento musical.

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Lucas Lobinco
Lucas Lobinco
Sou o Lucas, e minha paixão pelo cinema começou com as aventuras épicas e os clássicos de ficção científica que moldaram minha infância. Para mim, cada filme é uma nova oportunidade de explorar mundos e ideias, uma janela para a criatividade humana. Minha jornada não foi nos bastidores da produção, mas sim na arte de desvendar as camadas de uma boa história e compartilhar essa descoberta. Sou movido pela curiosidade de entender o que torna um filme inesquecível, seja a complexidade de um personagem, a inovação visual ou a mensagem atemporal. No Cinepoca, meu foco é trazer uma perspectiva única, mergulhando fundo nos detalhes que fazem um filme valer a pena, e incentivando você a ver a sétima arte com novos olhos.Tenho um apreço especial por filmes de ação e aventura, com suas narrativas grandiosas e sequências de tirar o fôlego. A comédia de humor negro e os thrillers psicológicos também me atraem, pela forma como subvertem expectativas e exploram o lado mais sombrio da psique humana. Além disso, estou sempre atento às novas vozes e tendências que surgem na indústria, buscando os próximos grandes talentos e as histórias que definirão o futuro do cinema.

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