‘A Qualquer Custo’: 3 motivos para o filme ser o melhor faroeste de Taylor Sheridan

Considerado o melhor faroeste moderno de Taylor Sheridan antes mesmo de ‘Yellowstone’, o filme ‘A Qualquer Custo’ (Hell or High Water) reimagina os clássicos tropos do Velho Oeste para a América contemporânea. Com atuações brilhantes e uma trama envolvente sobre a luta pela terra e a moralidade ambígua, este thriller de 2016 é uma joia cinematográfica que explora temas profundos e relevantes, consolidando o estilo único do autor.

Se você é daqueles que adora um bom faroeste, mas também não abre mão de uma história com o pé no presente, prepare-se para descobrir por que ‘A Qualquer Custo’ é, na nossa humilde opinião, o melhor faroeste moderno de Taylor Sheridan. Sim, a gente sabe que ‘Yellowstone’ é o queridinho da galera e transformou Sheridan num ícone do gênero na TV, mas antes mesmo de John Dutton dominar nossas telas, teve um filme que já mostrava todo o potencial desse gênio para redefinir o Velho Oeste. Esqueça o gado e os dramas de rancho por um instante e venha entender por que este longa de 2016 é uma verdadeira joia que você precisa assistir agora!

1. ‘A Qualquer Custo’ Redefine os Tropos do Faroeste para a América Atual

Imagina só: dois irmãos, uma série de assaltos a banco e um Texas Ranger implacável na cola deles. Parece a sinopse de um faroeste clássico, não é? Pois é exatamente essa a base de ‘A Qualquer Custo’, mas com um toque que só Taylor Sheridan conseguiria dar. O filme, dirigido por David Mackenzie e com atuações brilhantes de Chris Pine, Ben Foster e Jeff Bridges, pega esses elementos tradicionais e os joga de cabeça no século XXI, mostrando que o espírito do Velho Oeste ainda pulsa, mas de uma forma bem diferente.

No coração da trama, temos Toby (Chris Pine) e Tanner (Ben Foster), dois irmãos que embarcam numa onda de crimes. Mas, calma, eles não são bandidos por pura maldade ou sede de aventura. A motivação aqui é profunda e dolorosamente real: salvar a fazenda da família da execução hipotecária. É a velha história da terra, do legado e da luta contra um sistema que parece querer esmagar os pequenos proprietários. Essa é uma sacada genial de Sheridan, que transforma assaltantes de banco em uma espécie de heróis populares modernos, lutando contra o gigante financeiro que ameaça suas raízes.

Os protagonistas de ‘A Qualquer Custo’ são complexos, cheios de falhas, assim como os lendários foras da lei do passado. Toby é o irmão mais sensato, movido pelo amor à família e pela necessidade de garantir um futuro para seus filhos. Já Tanner, o mais impulsivo, busca a adrenalina, mas também é leal e protetor. Essa dualidade entre o “bem” e o “mal”, que no faroeste clássico era tão clara, aqui se mistura em tons de cinza, refletindo a complexidade da vida real. Eles são “bandidos” que roubam dos bancos para pagar os próprios bancos, criando um paradoxo que faz a gente torcer por eles, mesmo sabendo que estão do lado errado da lei.

Sheridan usa esses tropos familiares do faroeste – a busca por justiça, a luta pela terra, o confronto entre a lei e o indivíduo – para fazer um comentário afiado sobre a América contemporânea. O filme aborda as dificuldades enfrentadas por aqueles que tentam manter um modo de vida tradicional, rural, diante do avanço impiedoso de corporações e instituições financeiras. É uma crítica social poderosa, embalada em um thriller eletrizante. E quando a gente chega ao clímax, com um tiroteio moderno que ecoa os duelos clássicos, percebemos que ‘A Qualquer Custo’ não é apenas um filme de assalto, mas uma ode melancólica e visceral a um estilo de vida que se recusa a morrer.

2. Temas Profundos que Conectam ‘A Qualquer Custo’ ao Universo ‘Yellowstone’

Se você é fã do universo ‘Yellowstone’ e se pergunta por que deveria assistir a um filme de assalto a banco, a resposta é simples: ‘A Qualquer Custo’ é a semente de muitas das ideias que Sheridan viria a explorar em sua aclamada série. O filme é um verdadeiro laboratório para os temas que se tornariam a marca registrada do autor, especialmente a luta incansável pela terra e a preservação de um legado familiar.

No centro de ‘A Qualquer Custo’ está a saga de um homem (Toby) que fará de tudo para não perder o rancho de sua família, para que possa passá-lo para a próxima geração. Isso soa familiar, não é? É a mesma batalha épica travada por John Dutton em ‘Yellowstone’. Ambos os protagonistas são movidos por um senso de dever e pertencimento à terra, dispostos a cruzar limites morais e legais para proteger o que consideram seu. Essa ambiguidade moral dos heróis e anti-heróis é algo que Sheridan domina como poucos, mostrando que no faroeste moderno, o certo e o errado nem sempre são tão claros.

Além disso, Sheridan tem um olhar muito particular para a história dos povos indígenas, e isso já estava presente de forma significativa em ‘A Qualquer Custo’. O Texas Ranger Marcus Hamilton (Jeff Bridges) tem como parceiro Alberto Parker (Gil Birmingham), um homem de ascendência nativo-americana. Apesar das brincadeiras racistas de Marcus (que, no fundo, parecem esconder um respeito relutante), Alberto tem um dos momentos mais impactantes do filme. Ele explica como, séculos atrás, sua gente teve as terras tomadas pelos ancestrais dos texanos e, agora, seus próprios descendentes estão tendo as terras tomadas pelos bancos.

Essa cena é um nó na garganta e uma ponte direta para a forma como ‘Yellowstone’ aborda a complexa relação entre os Duttons e a Reserva Indígena de Broken Rock. Gil Birmingham, inclusive, é uma figura constante no elenco de ‘Yellowstone’, interpretando o chefe Thomas Rainwater, o que sugere que seu papel em ‘A Qualquer Custo’ pode ter sido uma inspiração para a escalação. Sheridan mostra sua sensibilidade ao trazer à tona as feridas históricas e a persistência da luta pela terra, não apenas para os brancos, mas para todas as comunidades afetadas.

E tem mais! O próprio Taylor Sheridan faz uma pequena aparição em ‘A Qualquer Custo’, como um vaqueiro que lamenta as dificuldades da vida no campo. Ele diz uma frase que ecoa profundamente no universo ‘Yellowstone’: “E eu me pergunto por que meus filhos não vão fazer essa m**** para viver.” Essa fala encapsula a dura realidade de passar um estilo de vida árduo e em extinção para as próximas gerações, um tema central na saga dos Duttons. É a prova de que ‘A Qualquer Custo’ não é apenas um filme isolado, mas uma peça fundamental no quebra-cabeça do faroeste moderno de Taylor Sheridan.

3. Por Que ‘A Qualquer Custo’ é o Verdadeiro Coração do Faroeste Moderno de Sheridan

Ok, ‘Yellowstone’ é um fenômeno e transformou Taylor Sheridan em um gigante da televisão, mas ‘A Qualquer Custo’ merece um lugar especial no panteão dos faroestes modernos. Este filme não é apenas um thriller de roubo a banco, é uma obra que pulsa com a alma do Velho Oeste, mas com o coração na América do século XXI. É a prova de que Sheridan não apenas entende o gênero, ele o reinventa.

Enquanto ‘Yellowstone’ se desdobra em uma saga épica, com múltiplas temporadas e spin-offs, ‘A Qualquer Custo’ entrega uma experiência mais concisa e intensa. Ele pega as ideias centrais de Sheridan – a luta pela terra, a falência do sonho americano, a moralidade ambígua dos “heróis” – e as condensa em duas horas de pura tensão e emoção. É como um tiro certeiro, sem desperdício de bala. A narrativa é tão bem amarrada que cada cena, cada diálogo, cada olhar dos personagens contribui para a construção de um universo crível e impactante.

O filme consegue ser ao mesmo tempo um drama familiar comovente, um thriller de ação de tirar o fôlego e um faroeste existencialista. A direção de David Mackenzie é impecável, capturando a beleza árida do Texas e a desesperança de seus habitantes. A trilha sonora, com toques de country e blues, eleva ainda mais a atmosfera. E as atuações… Ah, as atuações! Jeff Bridges entrega um dos seus melhores papéis como o velho Texas Ranger, cansado, mas ainda com um faro aguçado para a justiça. Chris Pine e Ben Foster formam uma dupla de irmãos crível e magnética, com uma química que eleva a trama.

‘A Qualquer Custo’ é um filme que te faz pensar muito depois que os créditos sobem. Ele te convida a refletir sobre o preço da sobrevivência, sobre o que significa ser um “homem de bem” quando o sistema te empurra para o limite. Ele questiona a própria ideia de justiça e quem realmente se beneficia dela. É um faroeste que não glorifica a violência, mas a apresenta como uma consequência inevitável de um sistema falho. E é exatamente essa profundidade, essa capacidade de usar um gênero clássico para falar de problemas urgentes, que faz de ‘A Qualquer Custo’ um marco na carreira de Taylor Sheridan.

Se você ainda não deu uma chance para ‘A Qualquer Custo’, está perdendo uma das experiências cinematográficas mais ricas e autênticas dos últimos anos. É um faroeste moderno que honra suas raízes enquanto aponta para o futuro do gênero, e que mostra Taylor Sheridan em sua melhor forma, antes mesmo de se tornar o gigante que é hoje. Prepare a pipoca, chame a galera e se jogue nessa aventura texana que vai te prender do início ao fim!

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