‘Euphoria’: a 3ª temporada pode salvar Sam Levinson após o fiasco de ‘The Idol’?

A 3ª temporada de ‘Euphoria’ é o teste definitivo para Sam Levinson após o fracasso de ‘The Idol’. Analisamos como o salto temporal planejado e a influência de Zendaya podem salvar a série, ou se o estilo excessivo do diretor levará a produção ao declínio definitivo em 2026.

Existe um tipo de fracasso em Hollywood que não apenas enterra um projeto — ele coloca em xeque a autoralidade de quem está no comando. ‘Euphoria’ 3ª temporada, prevista para 2026, carrega um fardo que vai além da narrativa: a missão de provar que Sam Levinson não perdeu a mão após o desastre estético e moral de ‘The Idol’.

O fantasma de ‘The Idol’ e a crise de identidade da HBO

Para entender a pressão sobre o retorno de Rue Bennett, precisamos olhar para a cratera deixada por ‘The Idol’. A série, que ostenta uma das piores avaliações da história da HBO, não foi apenas um erro de percurso; foi um sinal de alerta sobre o que acontece quando o estilo de Levinson — focado no excesso e no choque — perde a substância. A saída da diretora original Amy Seimetz para dar lugar à visão ‘reimaginada’ de Levinson resultou em uma obra que muitos críticos chamaram de ‘torture porn’ disfarçado de sátira.

O silêncio de Levinson desde então é estratégico. Ele sabe que a indústria tem memória curta para o sucesso, mas implacável para o desperdício de prestígio. Em ‘Euphoria’, ele tem a chance de provar que sua sensibilidade para o trauma geracional ainda é relevante, e não apenas uma desculpa para estilizá-lo sob a luz de neon de Marcell Rév.

O salto temporal e o desafio de envelhecer com o elenco

Um dos pontos mais críticos para a 3ª temporada é o rumor (quase confirmado) de um salto temporal de cinco anos. Esta é uma escolha brilhante e necessária. Manter atores como Jacob Elordi e Sydney Sweeney — agora estrelas de cinema de primeira grandeza — interpretando adolescentes de 17 anos seria um erro que romperia a suspensão de descrença.

Ao mover a trama para a vida pós-graduação, Levinson pode explorar temas de desilusão adulta que ‘The Idol’ tentou, mas falhou miseravelmente em capturar. A questão é: ele conseguirá manter a crueza sem cair no cinismo vazio? A ausência de Barbie Ferreira (Kat) e, tragicamente, de Angus Cloud (Fezco), deixa lacunas emocionais que exigirão uma escrita muito mais madura do que a vista na temporada anterior.

Zendaya e a blindagem contra o ‘efeito The Weeknd’

Diferente de ‘The Idol’, que parecia um projeto de vaidade para The Weeknd, ‘Euphoria’ possui um contrapeso de ouro: Zendaya. Como produtora executiva e protagonista, ela tem demonstrado um controle rigoroso sobre o arco de Rue. Sua atuação é o que ancora o virtuosismo técnico da série na realidade emocional.

As adições de elenco, como Natasha Lyonne, sugerem que Levinson está buscando cercar-se de veteranos que tragam uma gravidade diferente à produção. O perigo mora na sua tendência ao ‘one-man show’. Se ele permitir que a produção seja um diálogo entre criador e elenco, e não um monólogo autoindulgente, a série tem tudo para recuperar o posto de fenômeno cultural.

Veredito: Redenção ou confirmação do declínio?

Abril de 2026 será o mês do acerto de contas. ‘Euphoria’ não pode se dar ao luxo de ser apenas ‘bonita’. Ela precisa ser urgente novamente. O público da Geração Z, que transformou a maquiagem de Donni Davy em tendência global, amadureceu. Se Levinson entregar mais do mesmo — ou pior, se repetir os vícios misóginos de seu projeto anterior — ‘Euphoria’ não será lembrada como uma obra-prima geracional, mas como um brilho passageiro que se apagou na própria arrogância.

A Rue de Zendaya sobreviveu a overdoses e recaídas; agora, resta saber se ela sobreviverá à crise de imagem de seu próprio criador.

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