O retorno de Chris Evans como Steve Rogers em ‘Vingadores: Doutor Destino’ promete abalar as estruturas do MCU. Analisamos se a volta do herói enriquece a narrativa multiversal ou se ameaça destruir o desfecho perfeito de ‘Ultimato’.
Há uma cena em ‘Vingadores: Ultimato’ que reverbera mais do que qualquer estalo de dedos: o momento em que um Steve Rogers envelhecido entrega o escudo a Sam Wilson. Não houve fanfarra, apenas o silêncio de um homem que finalmente se permitiu viver. Era o encerramento definitivo de um arco de dez anos. Mas, como o multiverso se tornou a zona de conforto da Marvel, o ‘definitivo’ agora tem data de validade.
O trailer de ‘Vingadores: Doutor Destino’ trouxe a confirmação que divide o fandom: Chris Evans está de volta. A imagem dele nos anos 1950, sorrindo para um bebê enquanto o uniforme de Capitão América repousa em uma mala aberta, é visualmente potente, mas carrega um peso perigoso. A Marvel está prestes a mexer em uma das poucas conclusões perfeitas do gênero, e o risco de transformar o legado em apenas mais um produto de prateleira é real.
O ‘felizes para sempre’ que se tornou um problema narrativo
O final de Steve em 2019 foi uma escolha audaciosa dos irmãos Russo. O soldado que ‘não conseguia viver sem uma guerra’ finalmente escolheu a paz, mesmo que isso gerasse furos na lógica temporal que discutimos até hoje. Ao retornar, a Marvel não apenas traz um ator de volta; ela reabre uma ferida emocional que já estava cicatrizada.
A ambiguidade de ‘Falcão e o Soldado Invernal’ — onde o destino de Steve era tratado com um respeito quase místico — funcionava porque permitia que o legado de Sam Wilson (Anthony Mackie) respirasse. Trazer Rogers fisicamente para a tela, especialmente em um contexto que parece ser a sua vida ‘aposentada’ nos anos 50, exige uma justificativa que vá além do fan service nostálgico.
Variante ou o ‘nosso’ Steve? O dilema da Linha Temporal Sagrada
As teorias já inundam as redes, mas a estética do trailer sugere algo específico. A paleta de cores saturada e o design de produção que remete ao subúrbio americano do pós-guerra indicam que não estamos vendo uma variante aleatória de ‘What If…?’, mas sim o preenchimento das lacunas do Steve que ficou no passado.
Se ‘Vingadores: Doutor Destino’ seguir por esse caminho, a Marvel entra em um terreno perigoso. Se a felicidade de Steve foi a causa de uma incursão ou se ele foi o ‘ponto de nexo’ que permitiu a ascensão de Victor von Doom (Robert Downey Jr.), o sacrifício final de ‘Ultimato’ deixa de ser um ato de amor e passa a ser o erro que condenou o multiverso. É uma subversão interessante, mas que pode alienar quem investiu emocionalmente na redenção do herói.
A estratégia do ‘Modo de Emergência’ da Marvel Studios
É impossível analisar esse retorno sem olhar para o quadro corporativo. Após tropeços críticos e de bilheteria, a Marvel Studios parece ter ativado o protocolo de segurança máxima: reunir a ‘Santíssima Trindade’ original. Com Robert Downey Jr. como o vilão principal e Evans retornando, o estúdio tenta recapturar a magia de 2012.
O perigo é a nostalgia se tornar uma muleta. Em ‘Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa’, o retorno de rostos antigos serviu ao crescimento de Peter Parker. Em ‘Doutor Destino’, Steve Rogers precisa ser mais do que um guia moral para a nova geração; ele precisa ter uma função técnica na trama. Se a participação se resumir a um cameo de luxo para vender ingressos, o impacto da sua ‘aposentadoria’ será permanentemente diluído.
O que ‘Doutor Destino’ precisa entregar para honrar o escudo
Para que este retorno não seja um erro histórico, o roteiro precisa respeitar três pilares fundamentais:
- Respeito ao manto de Sam Wilson: Steve não pode reassumir o escudo. Ele deve atuar como uma figura histórica ou um estrategista, deixando claro que o tempo de Sam como Capitão América é soberano.
- Consequência Emocional: Se Steve sair da sua vida pacífica com Peggy, isso deve ser um sacrifício doloroso. A volta à ação deve custar a ele a paz que ele tanto lutou para conquistar.
- Conexão com o Vilão: O reencontro visual entre o Steve de Evans e o Destino de Downey Jr. será o momento mais forte do filme. A Marvel precisa explorar a estranheza de Steve olhando para o rosto do seu melhor amigo e encontrando um monstro.
Steve Rogers com um bebê nos braços é a imagem da paz que todos queriam para ele. Se a Marvel vai tirar essa criança dos seus braços para colocá-lo em uma nova guerra, é bom que a história seja épica o suficiente para justificar o fim do descanso do soldado. O otimismo é cauteloso, mas a curiosidade, inevitavelmente, venceu.
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Perguntas Frequentes sobre Steve Rogers em Vingadores: Doutor Destino
Chris Evans voltará a ser o Capitão América principal?
Não. Embora Chris Evans retorne como Steve Rogers, o título e o escudo de Capitão América permanecem com Sam Wilson (Anthony Mackie), conforme estabelecido em ‘Vingadores: Ultimato’ e ‘Capitão América: Admirável Mundo Novo’.
O Steve Rogers de ‘Doutor Destino’ é o mesmo de ‘Ultimato’?
O trailer sugere que sim, mostrando Steve nos anos 1950, o que coincide com a linha do tempo onde ele decidiu envelhecer ao lado de Peggy Carter. No entanto, a possibilidade de ser uma variante multiversal ainda não foi totalmente descartada.
Como Steve Rogers pode aparecer se ele estava velho em ‘Ultimato’?
A trama de ‘Vingadores: Doutor Destino’ envolve o Multiverso e viagens temporais. O filme pode mostrar Steve em diferentes momentos de sua vida no passado ou utilizar tecnologias de rejuvenescimento digital e variantes para justificar sua presença física em cena.
Quando estreia ‘Vingadores: Doutor Destino’?
O filme tem previsão de estreia nos cinemas brasileiros para maio de 2026, marcando o início do clímax da Saga do Multiverso.

