‘Lanterns’: Como o DCU já superou o erro de vilão que afundou o filme de 2011

Analisamos como a nova série ‘Lanterns’ da HBO corrige o erro fatal de vilão do filme de 2011. Entenda por que a abordagem noir e a decisão de James Gunn de pular a história de origem são as chaves para o sucesso do Lanterna Verde DCU.

Ryan Reynolds fez muita coisa certa na carreira, mas ‘Lanterna Verde’ (2011) continua sendo a mancha que nem o Multiverso de ‘Deadpool’ conseguiu apagar totalmente. O filme não foi apenas um fracasso comercial; foi um erro tático de construção de universo. Agora, sob o comando de James Gunn e Peter Safran, o Lanterna Verde DCU se prepara para um recomeço que ataca diretamente a ferida que matou a versão anterior: a escala do conflito e a escolha do antagonista.

O trauma do ‘vilão fumaça’ e o erro de escala

Escolher Parallax como o primeiro grande vilão de Hal Jordan foi o equivalente cinematográfico a tentar correr uma maratona antes de aprender a engatinhar. Parallax é uma entidade cósmica, o avatar do medo, cuja força narrativa depende de o público já entender o espectro emocional e a política de Oa. No filme de 2011, ele foi reduzido a uma nuvem de fumaça digital amarela — um clichê visual que assombrou blockbusters daquela década.

O roteiro ainda tentou ancorar a ameaça em Hector Hammond (Peter Sarsgaard), mas a dualidade só diluiu o impacto. Enquanto isso, o vilão que realmente importava — Sinestro, interpretado com precisão cirúrgica por Mark Strong — foi relegado a um papel de mentor para uma sequência que nunca existiu. A lógica de ‘guardar o melhor para depois’ foi o que impediu o primeiro filme de ter um agora.

‘Lanterns’: A abordagem ‘True Detective’ de James Gunn

A grande virada para o Lanterna Verde DCU está na escolha da equipe criativa. Ao trazer Chris Mundy (‘Ozark’), Damon Lindelof (‘Watchmen’) e o mestre dos quadrinhos Tom King para o projeto, Gunn sinaliza uma mudança drástica de tom. A série da HBO, intitulada ‘Lanterns’, não será uma ópera espacial genérica, mas um thriller de investigação noir ambientado na Terra.

Essa decisão resolve o problema do vilão de forma elegante. Ao focar em um mistério terrestre, a série retira a pressão de apresentar uma ‘ameaça ao universo’ logo no primeiro episódio. Em vez de enfrentar uma nuvem espacial, Hal Jordan (como um veterano experiente) e John Stewart (o recruta) estarão investigando um crime que, embora tenha ramificações cósmicas, é palpável e humano.

Por que pular a origem é o maior acerto do DCU

James Gunn confirmou que Hal Jordan já será um Lanterna estabelecido. Isso é fundamental. O erro de 2011 perdeu tempo demais com o treinamento em Oa e o estranhamento de Hal com o anel — tropos de origem que o público moderno já conhece de cor. No novo DCU, a existência dos Lanternas é um fato consumado.

Vimos isso com a introdução de Guy Gardner (Nathan Fillion) em ‘Superman’ (2025). O herói já existe, já usa o uniforme e já faz parte do ecossistema. Quando ‘Lanterns’ estrear, não precisaremos de 40 minutos de exposição sobre como a bateria funciona. Isso libera espaço para o que realmente importa: a dinâmica entre Hal e John e a construção de um antagonista que seja um personagem, não um efeito especial.

O futuro: Sinestro e o medo como ferramenta narrativa

Se a série seguir a lógica de ‘Ozark’ ou ‘Watchmen’, o ‘vilão’ de ‘Lanterns’ pode ser algo muito mais insidioso do que um monstro gigante. Pode ser uma conspiração política ou a própria corrupção dentro da Tropa. Isso prepara o terreno para que, quando Sinestro finalmente fizer sua transição para o lado sombrio, o impacto seja emocional e não apenas visual.

James Gunn entendeu que para o Lanterna Verde DCU voar alto, ele primeiro precisa colocar os pés no chão. Ao trocar o espetáculo vazio de Parallax por um mistério denso na Terra, a DC finalmente parece pronta para dar ao Lanterna Verde o respeito que o personagem merece desde 2011.

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