‘Kingdom’: por que o épico coreano é a série de zumbi definitiva da Netflix

Analisamos por que ‘Kingdom’ é a série de zumbi definitiva da Netflix ao fundir intriga política da era Joseon com um horror biológico inovador. Entenda como a produção sul-coreana superou os clichês do gênero com roteiro impecável e excelência técnica.

Existe um momento em ‘Kingdom’, logo no terceiro episódio, que redefine o peso de uma Kingdom série Netflix no catálogo de streaming. O príncipe herdeiro Lee Chang está encurralado em uma vila isolada enquanto a noite cai; o terror não vem apenas dos mortos que despertam, mas da constatação de que os nobres trancaram os portões por dentro. Naquele instante, a série deixa de ser apenas um ‘horror de época’ para se tornar um estudo brutal sobre como o poder sacrifica a base para proteger o topo.

Com 98% de aprovação no Rotten Tomatoes, ‘Kingdom’ não é apenas um sucesso de nicho. A produção sul-coreana alcançou o que parecia impossível após anos de saturação do gênero: transformou zumbis em uma metáfora política sem perder o impacto do terror visceral. É, sem dúvida, a obra definitiva sobre mortos-vivos da última década.

A biologia do medo: O que torna os infectados de ‘Kingdom’ únicos

Diferente dos zumbis errantes de ‘The Walking Dead’, os infectados de ‘Kingdom’ operam sob uma lógica interna rigorosa. Eles são rápidos, ferozes e — o detalhe mais brilhante — dependentes da temperatura. A mecânica de ficarem dormentes durante o dia e despertarem com o frio ou a escuridão dita o ritmo da narrativa. Isso transforma cada pôr do sol em um gatilho de ansiedade pura.

O que torna o horror aqui mais palpável é a limitação tecnológica da era Joseon (século XVII). Sem armas de fogo modernas, comunicações instantâneas ou medicina avançada, a sobrevivência depende de espadas, barricadas de madeira e estratégia pura. O roteiro de Kim Eun-hee usa o cenário histórico não como adereço, mas como um amplificador de vulnerabilidade que o gênero raramente explora no ocidente.

A política como o verdadeiro vírus da era Joseon

Seria reducionista chamar ‘Kingdom’ de ‘Game of Thrones com zumbis’. A série é mais cirúrgica. Aqui, a praga não é um desastre natural fortuito, mas uma consequência direta da corrupção. A origem da infecção está intrinsecamente ligada à ambição do clã Haewon Cho de manter o trono a qualquer custo, mesmo que isso signifique desafiar as leis da natureza.

A médica Seo-bi (interpretada por uma Bae Doona contida e magnética) serve como a bússola moral e científica. Enquanto a corte discute linhagens e sucessão, ela investiga a ‘planta da ressurreição’. Essa dualidade entre a superstição da época e a busca racional por uma cura fundamenta o sobrenatural, dando à série uma profundidade que ‘All of Us Are Dead’, por exemplo, troca por adrenalina juvenil.

Excelência técnica: Por que o visual de ‘Kingdom’ não envelhece

Assisti à série no lançamento em 2019 e reassisti recentemente após o especial ‘Ashin of the North’. A qualidade técnica permanece impecável. A direção de fotografia de Kim Sung-hoon aproveita a arquitetura simétrica dos palácios coreanos para criar uma sensação de ordem que é constantemente estilhaçada pelo caos do sangue. O contraste entre os hanboks de seda colorida dos nobres e a textura suja e cinzenta dos mortos é um deleite visual macabro.

O design de som merece um destaque à parte. Esqueça os grunhidos genéricos de Hollywood; os zumbis de ‘Kingdom’ emitem estalidos ósseos e sons guturais que parecem animais. Em sequências de cerco noturno, o som ambiente — o ranger da madeira e o silêncio que precede o ataque — é tão aterrorizante quanto a própria imagem.

Veredito: Onde ‘Kingdom’ vence a concorrência

Comparada a outras produções da Netflix, a vantagem de ‘Kingdom’ reside na sua concisão. Em duas temporadas enxutas e um filme prequela, a história se desenvolve sem os ‘fillers’ que arrastaram produções ocidentais por anos. Cada episódio tem uma função clara na trama política ou no desenvolvimento do Príncipe Lee Chang, que evolui de um herdeiro alienado a um líder forjado no sacrifício.

Se você busca apenas sustos rápidos, talvez o início focado em intrigas palacianas exija paciência. Mas para quem aprecia um worldbuilding sólido, onde a tensão é construída tijolo por tijolo até explodir em sequências de ação magistrais, ‘Kingdom’ é insuperável. É o raro caso de uma série que respeita a inteligência do espectador tanto quanto seu desejo por adrenalina.

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Perguntas Frequentes sobre ‘Kingdom’

Qual a ordem correta para assistir ‘Kingdom’ na Netflix?

A ordem recomendada é: 1ª Temporada, 2ª Temporada e, por fim, o filme especial ‘Kingdom: Ashin of the North’. Embora o filme seja uma prequela, ele contém revelações que fazem mais sentido após as duas primeiras temporadas.

‘Kingdom’ terá uma 3ª temporada?

Até o momento, a Netflix não confirmou oficialmente a 3ª temporada. No entanto, o final da 2ª temporada e o especial ‘Ashin of the North’ deixaram ganchos claros para a continuação da história.

A série é baseada em fatos reais?

O cenário da Dinastia Joseon e as tensões políticas entre clãs são baseados na história real da Coreia, mas a praga zumbi e a ‘planta da ressurreição’ são elementos de ficção criados para a webtoon ‘The Kingdom of the Gods’.

Quantos episódios tem a série ‘Kingdom’?

A série possui 12 episódios no total (6 por temporada), além do filme especial de 92 minutos focado na origem da praga.

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Lucas Lobinco
Lucas Lobinco
Sou o Lucas, e minha paixão pelo cinema começou com as aventuras épicas e os clássicos de ficção científica que moldaram minha infância. Para mim, cada filme é uma nova oportunidade de explorar mundos e ideias, uma janela para a criatividade humana. Minha jornada não foi nos bastidores da produção, mas sim na arte de desvendar as camadas de uma boa história e compartilhar essa descoberta. Sou movido pela curiosidade de entender o que torna um filme inesquecível, seja a complexidade de um personagem, a inovação visual ou a mensagem atemporal. No Cinepoca, meu foco é trazer uma perspectiva única, mergulhando fundo nos detalhes que fazem um filme valer a pena, e incentivando você a ver a sétima arte com novos olhos.Tenho um apreço especial por filmes de ação e aventura, com suas narrativas grandiosas e sequências de tirar o fôlego. A comédia de humor negro e os thrillers psicológicos também me atraem, pela forma como subvertem expectativas e exploram o lado mais sombrio da psique humana. Além disso, estou sempre atento às novas vozes e tendências que surgem na indústria, buscando os próximos grandes talentos e as histórias que definirão o futuro do cinema.

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