Além dos filmes: 5 séries de Natal curtas para ver em um dia

Fugindo dos clichês de 90 minutos, analisamos 5 séries de Natal curtas que podem ser devoradas em um único dia. Do terror vitoriano de Steven Knight ao charme veneziano de ‘Eu Odeio o Natal’, descubra produções que usam o clima festivo para entregar suspense, drama e romance de alta qualidade técnica.

Dezembro costuma ser um campo minado de repetições cinematográficas. Se você já decorou as falas de ‘Simplesmente Amor’ ou não aguenta mais a estética pasteurizada dos novos originais da Netflix, o cansaço é compreensível. No entanto, o formato de minissérie oferece um respiro: a profundidade de um arco longo com o compromisso de tempo de apenas uma tarde chuvosa. Selecionei cinco séries de Natal para maratonar que subvertem o gênero, fugindo do óbvio através de estéticas que vão do terror vitoriano ao naturalismo nórdico.

‘Dash & Lily’: o triunfo da cenografia afetiva em Nova York

'Dash & Lily': o triunfo da cenografia afetiva em Nova York

Embora pareça apenas mais um romance teen, ‘Dash & Lily’ se destaca pelo uso narrativo da cidade. A Nova York aqui não é apenas um fundo; é uma personagem viva, capturada com uma saturação de cores que remete ao otimismo clássico de Nora Ephron. A série utiliza o conceito do ‘caderno de desafios’ para forçar o espectador a explorar locais icônicos, como a livraria Strand, sob uma ótica de caça ao tesouro.

O grande mérito técnico está na montagem paralela. Dash (o cínico) e Lily (a entusiasta) raramente dividem a tela, mas o ritmo da edição cria uma conexão química palpável através de objetos e espaços compartilhados. Com apenas 3 horas e 21 minutos, é uma aula de como construir tensão romântica sem o recurso do contato físico constante.

‘A Christmas Carol’: o niilismo de Steven Knight reconstrói Dickens

Esqueça a redenção açucarada. Esta minissérie produzida por Tom Hardy e escrita por Steven Knight (criador de ‘Peaky Blinders’) transforma o conto de Dickens em um thriller psicológico gótico. Guy Pearce entrega um Ebenezer Scrooge que não é apenas um velho ranzinza, mas um predador corporativo cujas cicatrizes morais são expostas através de uma fotografia gélida e dessaturada.

A direção de arte substitui o brilho natalino por lama, fuligem e sombras profundas, aproximando a obra do horror existencial. Com 2 horas e 52 minutos, é a maratona mais densa da lista. O design de som, focado em sussurros e ruídos industriais, amplifica o desconforto de uma história que questiona se alguns homens realmente merecem o perdão.

‘Eu Odeio o Natal’: Veneza como refúgio do clichê romântico

Remake da excelente norueguesa ‘Namorado de Natal’ (Hjem til jul), a versão italiana ‘Eu Odeio o Natal’ ganha pontos pela ambientação. Veneza no inverno, longe do sol turístico, oferece uma textura visual melancólica e elegante que serve de contraponto perfeito para a busca frenética da protagonista Gianna por um parceiro.

O diferencial aqui é o roteiro que, apesar de usar o tropo do ‘namorado falso’, foca muito mais na pressão social sobre a mulher solteira na casa dos 30 anos do que no romance em si. A atuação de Pilar Fogliati é magnética, equilibrando o timing cômico com momentos de vulnerabilidade real. São duas temporadas curtas que somam pouco mais de 6 horas, ideais para quem busca um humor mais ácido e menos higienizado.

‘Mistletoe Murders’: a estética do ‘Cozy Crime’ em alta definição

Para quem prefere o espírito natalino temperado com um pouco de sangue, ‘Mistletoe Murders’ é o exemplar perfeito do cozy crime. A série opera naquela zona de conforto onde o crime é o motor da trama, mas o ambiente — uma loja de artigos natalinos em uma cidadezinha pitoresca — garante que o espectador nunca se sinta verdadeiramente ameaçado.

A iluminação é quente, focada em tons de âmbar e vermelho, criando uma atmosfera de segurança que contrasta com os mistérios semanais. O desenvolvimento da relação entre a dona da loja, Emily, e o detetive local segue o ritmo clássico das séries de investigação dos anos 90, mas com uma roupagem moderna. É a maratona mais longa (8 horas), mas sua estrutura episódica permite pausas sem perder o fio da meada.

‘A Storm for Christmas’: o naturalismo nórdico no caos do aeroporto

Se você busca algo que fuja completamente da estrutura de ‘comédia romântica’, a minissérie norueguesa ‘A Storm for Christmas’ é a escolha definitiva. Ambientada inteiramente no aeroporto de Oslo durante uma nevasca, a obra de Per-Olav Sørensen utiliza o confinamento forçado para realizar um estudo de personagens multifacetado.

Diferente de ‘Simplesmente Amor’, que busca o clímax emocional constante, esta série aposta no silêncio e na espera. A fotografia utiliza a arquitetura fria e metálica do aeroporto para destacar a solidão dos passageiros, tornando os momentos de conexão humana muito mais potentes por serem raros. Com 3 horas e 32 minutos, é uma experiência contemplativa que entende que o Natal, para muitos, é apenas um dia de logística complicada e reflexões indesejadas.

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Perguntas Frequentes sobre Séries de Natal Curtas

Qual é a série de Natal mais curta para maratonar?

A minissérie ‘A Christmas Carol’ (Um Conto de Natal) da BBC/FX é a mais curta, com apenas 2 horas e 52 minutos de duração total, dividida em três capítulos.

Onde posso assistir ‘Dash & Lily’ e ‘A Storm for Christmas’?

Ambas as produções são originais da Netflix e estão disponíveis exclusivamente na plataforma de streaming.

A série ‘A Christmas Carol’ de 2019 é apropriada para crianças?

Não recomendada. Esta versão de Steven Knight tem um tom muito sombrio, elementos de terror e temas adultos, sendo classificada para maiores de 16 anos no Brasil.

O que é o gênero ‘Cozy Crime’ mencionado em ‘Mistletoe Murders’?

É um subgênero de mistério onde a violência e o sexo são minimizados, e o crime ocorre em uma comunidade pequena e pitoresca, focando na solução do enigma em um ambiente acolhedor.

‘Eu Odeio o Natal’ é uma história original?

Não, é um remake italiano da série norueguesa ‘Namorado de Natal’ (Hjem til jul), também disponível na Netflix. Ambas seguem a mesma premissa básica.

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Marina Souza
Marina Souza
Oi! Eu sou a Marina, redatora aqui do Cinepoca. Desde os tempos de criança, quando as tardes eram preenchidas por maratonas de clássicos da Disney em VHS e as noites por filmes de terror que me faziam espiar por entre os dedos, o cinema se tornou um portal para incontáveis realidades. Não importa o gênero, o que sempre me atraiu foi a capacidade de um filme de transportar, provocar e, acima de tudo, contar algo.No Cinepoca, busco compartilhar essa paixão, destrinchando o que há de mais interessante no cinema, seja um blockbuster que domina as bilheterias ou um filme independente que mal chegou aos circuitos.Minhas expertises são vastas, mas tenho um carinho especial por filmes que exploram a complexidade da mente humana, como os suspenses psicológicos que te prendem do início ao fim. Meu objetivo é te levar em uma viagem cinematográfica, apresentando filmes que talvez você nunca tenha visto, mas que definitivamente merecem sua atenção.

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