‘Cortina de Fumaça’: o thriller que muda tudo no episódio 5

‘Cortina de Fumaça’ na Apple TV+ começa como procedural arrastado, mas uma virada no episódio 5 transforma tudo. Explicamos por que vale persistir — e por que você não deve pesquisar o caso real antes de assistir.

Existe um tipo específico de frustração que só quem consome muito true crime conhece: você começa uma série, os primeiros episódios arrastam, e quando finalmente fica bom… já acabou. ‘Cortina de Fumaça’, o novo thriller da Apple TV+, quase cai nessa armadilha. Quase.

A série estrelada por Taron Egerton e Jurnee Smollett chegou em junho de 2025 com recepção morna da crítica. Pacing estranho, estrutura narrativa questionável, revelação tardia demais. As reclamações são válidas. Mas aqui está o problema: quem desistiu antes do episódio 5 perdeu uma das viradas mais eficientes do ano em televisão.

O que é ‘Cortina de Fumaça’ (e por que você não deve pesquisar no Google)

O que é 'Cortina de Fumaça' (e por que você não deve pesquisar no Google)

Baseada no podcast de true crime Firebug, a série acompanha a detetive Michelle Calderone (Smollett) e o investigador de incêndios criminosos Dave Gudsen (Egerton) enquanto investigam uma série de ataques violentos no noroeste do Pacífico americano. Até aqui, parece procedural padrão — e é exatamente assim que os primeiros episódios se comportam.

Faço um pedido sincero: não Google o caso real. Sei que é tentador. Sei que a curiosidade coça. Mas ‘Cortina de Fumaça’ depende fundamentalmente de você não saber o que está por vir. A série constrói uma narrativa que parece relativamente direta até que simplesmente não é mais.

Os quatro primeiros episódios: procedural competente, nada revolucionário

Vou ser honesto: se você me perguntasse no episódio 3 se valeria continuar, eu hesitaria. A investigação avança em ritmo deliberadamente lento. Egerton e Smollett carregam a série nas costas com performances sólidas, mas o material que recebem não exige muito deles — ainda.

O elenco de apoio, que inclui Rafe Spall, Ntare Guma Mbaho Mwine e Hannah Emily Anderson, faz o trabalho necessário sem grandes momentos de destaque. A fotografia captura bem a atmosfera cinzenta do noroeste americano — aquele tom permanentemente nublado que parece sugar a cor de tudo. A trilha sonora cumpre função sem chamar atenção para si mesma. Tudo funciona. Nada brilha.

E então chega o episódio 5.

A virada do episódio 5 transforma ‘Cortina de Fumaça’ em outra série

A virada do episódio 5 transforma 'Cortina de Fumaça' em outra série

Não vou revelar o twist. Seria criminoso. Mas posso descrever o efeito: é como se os quatro episódios anteriores fossem um prólogo elaborado para a história real que a série quer contar. O que parecia procedural lento se revela construção meticulosa de contexto.

A revelação da identidade do incendiário não é apenas um plot twist — é uma reconfiguração completa do que você estava assistindo. De repente, cenas que pareciam arrastadas ganham novo peso. Personagens que pareciam secundários assumem importância central. O thriller psicológico que estava escondido sob a superfície do procedural finalmente emerge.

A crítica de que a série “enterrou o lead” é tecnicamente correta. Sim, a revelação poderia ter vindo antes. Sim, qualquer um pode descobrir a verdade com uma busca rápida. Mas há algo a ser dito sobre a escolha narrativa de fazer o espectador investir na investigação antes de virar a mesa. É uma aposta que divide opiniões — e entendo quem acha que não funciona.

Por que o formato de binge favorece ‘Cortina de Fumaça’

Aqui está minha teoria sobre por que as reviews foram tão mistas: críticos assistem em screeners, muitas vezes com intervalos entre episódios, sob pressão de deadline. Nesse contexto, quatro episódios de setup lento testam a paciência de qualquer um.

Mas em binge? A experiência muda. Você atravessa a fase mais arrastada em uma tarde e chega à virada com o contexto fresco na memória. O payoff funciona melhor quando você acabou de passar pelo setup. As performances de Egerton e Smollett, que crescem exponencialmente após a revelação, atingem com mais força quando você viu a contenção dos episódios iniciais.

Não é coincidência que o boca a boca da série melhorou semanas após o lançamento, quando espectadores comuns começaram a maratonar.

Onde ‘Cortina de Fumaça’ se encaixa no cenário de true crime de 2025

Onde 'Cortina de Fumaça' se encaixa no cenário de true crime de 2025

2025 tem sido um ano irregular para o gênero. De um lado, temos trabalhos competentes que respeitam os casos que adaptam. Do outro, produções que transformam tragédias reais em entretenimento descartável sem nenhum cuidado ético.

‘Cortina de Fumaça’ ocupa um território intermediário interessante. Não é a melhor série de true crime do ano, mas também não é mais um produto genérico de streaming. Há uma ambição narrativa aqui — a escolha de estruturar a revelação como o faz é arriscada e, para mim, funciona. A série parece genuinamente interessada no “porquê” por trás dos crimes, não apenas no espetáculo.

Veredito: vale a paciência?

Se você curte true crime e tem tolerância para ritmo deliberado, sim. Os primeiros episódios não são ruins — são funcionais, bem atuados, competentes. Mas o motivo real para assistir é o que vem depois.

‘Cortina de Fumaça’ na Apple TV+ é uma série que recompensa quem persiste. O twist do episódio 5 não é apenas uma surpresa — é uma transformação. O procedural vira thriller psicológico. A investigação ganha urgência. As performances encontram material à altura.

Minha recomendação: reserve uma tarde, não pesquise nada sobre o caso real, e atravesse os primeiros episódios sabendo que a série está guardando algo. Quando a revelação chegar, você vai entender por que valeu a espera.

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Perguntas Frequentes sobre ‘Cortina de Fumaça’

Onde assistir ‘Cortina de Fumaça’?

‘Cortina de Fumaça’ está disponível exclusivamente na Apple TV+. Todos os episódios da primeira temporada foram lançados em junho de 2025.

Quantos episódios tem ‘Cortina de Fumaça’?

A primeira temporada tem 8 episódios, com duração média de 45 a 55 minutos cada. É possível maratonar a série completa em uma tarde.

‘Cortina de Fumaça’ é baseada em história real?

Sim. A série é adaptada do podcast de true crime ‘Firebug’, que investiga uma série real de incêndios criminosos no noroeste dos Estados Unidos. Recomendamos não pesquisar o caso antes de assistir para preservar as revelações.

‘Cortina de Fumaça’ vai ter segunda temporada?

Até o momento, a Apple TV+ não confirmou uma segunda temporada. A primeira temporada funciona como história completa, então não há cliffhanger caso a série não seja renovada.

Vale a pena assistir ‘Cortina de Fumaça’ se os primeiros episódios são lentos?

Sim, se você tiver paciência. Os quatro primeiros episódios funcionam como setup para uma virada significativa no episódio 5. O formato de binge ajuda — maratonando, você atravessa a parte mais lenta rapidamente e chega ao payoff com o contexto fresco.

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Marina Souza
Marina Souza
Oi! Eu sou a Marina, redatora aqui do Cinepoca. Desde os tempos de criança, quando as tardes eram preenchidas por maratonas de clássicos da Disney em VHS e as noites por filmes de terror que me faziam espiar por entre os dedos, o cinema se tornou um portal para incontáveis realidades. Não importa o gênero, o que sempre me atraiu foi a capacidade de um filme de transportar, provocar e, acima de tudo, contar algo.No Cinepoca, busco compartilhar essa paixão, destrinchando o que há de mais interessante no cinema, seja um blockbuster que domina as bilheterias ou um filme independente que mal chegou aos circuitos.Minhas expertises são vastas, mas tenho um carinho especial por filmes que exploram a complexidade da mente humana, como os suspenses psicológicos que te prendem do início ao fim. Meu objetivo é te levar em uma viagem cinematográfica, apresentando filmes que talvez você nunca tenha visto, mas que definitivamente merecem sua atenção.

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