Ariana Grande e Jonathan Bailey, a dupla de ‘Wicked’, estão em negociações para estrelar ‘Sunday in the Park With George’, clássico de Sondheim vencedor do Pulitzer. Entenda por que essa escolha é tão ambiciosa — e o que precisam provar.
Existe um tipo de notícia que faz fãs de teatro musical pararem o que estão fazendo. A confirmação de que Ariana Grande e Jonathan Bailey estão em negociações para protagonizar um revival de ‘Sunday in the Park With George’ é exatamente isso — e o motivo vai além da química que os dois demonstraram em ‘Wicked’.
Segundo o Deadline, a dupla está em “estágios iniciais de planejamento” para a produção, que teria estreia prevista para 2027 no Barbican Theatre, em Londres. A direção ficaria com Marianne Elliott, vencedora de múltiplos Tony e Olivier Awards. Se você não reconhece o nome, deveria: foi ela quem dirigiu a versão gender-swapped de ‘Company’ em 2018, na qual Bailey ganhou um Olivier. Não é coincidência — é reunião de time que já provou que funciona.
Por que ‘Sunday in the Park With George’ não é escolha óbvia
‘Sunday in the Park With George’ ganhou o Pulitzer Prize de Drama em 1985 — um dos poucos musicais a conquistar esse reconhecimento. A obra de Stephen Sondheim e James Lapine parte da pintura ‘Uma Tarde de Domingo na Ilha de Grande Jatte’, de Georges Seurat, e acompanha uma versão ficcionalizada do artista enquanto ele cria sua obra-prima. O segundo ato salta para o bisneto de George, também artista, também atormentado pela tensão entre arte e vida.
Não há vilões verdes, sapatos de rubi ou números de ensemble que explodem em confete. É um musical sobre o processo criativo, sobre obsessão artística, sobre o custo de dedicar sua vida a algo que talvez ninguém entenda. Sondheim no seu modo mais introspectivo e exigente.
A produção original de 1984 tinha Mandy Patinkin e Bernadette Peters nos papéis de George e Dot. Assumir esses papéis é declarar que você está pronto para ser comparado a lendas.
O que Grande e Bailey precisam provar — e por que podem conseguir
Ariana Grande passou anos sendo subestimada como atriz. Quem a conhecia apenas das sitcoms da Nickelodeon ou dos palcos de arena não esperava a performance contida e tecnicamente impecável que ela entregou como Glinda. A indicação ao Oscar não foi cortesia — foi reconhecimento de que ela fez algo que poucos artistas pop conseguem: desaparecer dentro de um personagem.
Mas Glinda, por mais icônica que seja, é um papel que permite certa exuberância. Dot é diferente. É uma mulher que ama um homem incapaz de priorizá-la sobre sua arte. É frustração, é desejo, é escolha difícil. Exige nuance em cada frase cantada. Se Grande conseguir trazer para Dot a mesma disciplina que mostrou em ‘Wicked’, sem os momentos de alívio cômico que Glinda oferece, será a confirmação definitiva de que sua carreira como atriz de teatro musical está apenas começando.
Bailey, por outro lado, já provou repetidamente que pertence ao palco. Ele atua em musicais e peças desde a infância, muito antes de ‘Bridgerton’ transformá-lo em fenômeno global. O Olivier que ganhou por ‘Company’ não foi acidente — foi resultado de décadas de trabalho. George é o tipo de papel que parece feito para ele: um homem intenso, obcecado, que expressa através da arte o que não consegue expressar em palavras.
O Deadline reporta que “todos os envolvidos estão cautelosamente otimistas” e que Grande e Bailey “se destacaram nos papéis em leituras iniciais”. Leituras iniciais são onde musicais de Sondheim separam quem aguenta de quem não aguenta. O fato de terem impressionado nessa fase diz muito.
Marianne Elliott completa o quebra-cabeça
Não subestime a importância da direção. Elliott tem um histórico de pegar material clássico e encontrar novas camadas sem desrespeitar a obra original. Sua versão de ‘Company’ não apenas trocou o gênero do protagonista — ela fez a peça falar diretamente sobre ansiedade contemporânea, sobre a pressão de ter tudo resolvido aos 35 anos.
Com ‘Sunday in the Park With George’, ela terá a oportunidade de fazer algo semelhante: manter a reverência que Sondheim merece enquanto encontra o que essa história tem a dizer para 2027. E ter dois atores que já conhece e confia — Bailey de ‘Company’, Grande de seu trabalho em ‘Wicked’ — facilita esse processo.
O que esperar até 2027
Ainda estamos em “estágios iniciais de planejamento”, o que em linguagem de teatro significa que muita coisa pode mudar. Agendas precisam ser coordenadas, contratos precisam ser assinados, e a indústria do entretenimento é famosa por projetos promissores que nunca se materializam.
Mas se tudo der certo, teremos algo raro: dois artistas no auge de sua visibilidade escolhendo um projeto que não é o caminho fácil. Grande poderia fazer outro blockbuster musical de franquia. Bailey poderia continuar acumulando papéis em produções de grande orçamento. Em vez disso, estão mirando em Sondheim — o compositor que nunca facilitou nada para ninguém.
Isso, por si só, já merece atenção.
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Perguntas Frequentes sobre o Musical de Ariana Grande e Jonathan Bailey
Quando estreia o musical de Ariana Grande e Jonathan Bailey?
A previsão é 2027, no Barbican Theatre em Londres. O projeto ainda está em estágios iniciais de planejamento, então a data pode mudar.
O que é ‘Sunday in the Park With George’?
É um musical de Stephen Sondheim e James Lapine de 1984, inspirado na pintura ‘Uma Tarde de Domingo na Ilha de Grande Jatte’ de Georges Seurat. Ganhou o Pulitzer Prize de Drama em 1985 e é considerado uma das obras mais complexas do teatro musical.
Quem vai dirigir o revival com Ariana Grande?
Marianne Elliott, diretora vencedora de múltiplos Tony e Olivier Awards. Ela já trabalhou com Jonathan Bailey na versão aclamada de ‘Company’ em 2018.
Ariana Grande e Jonathan Bailey vão cantar juntos no musical?
Sim. Os dois interpretariam George e Dot, os protagonistas de ‘Sunday in the Park With George’, que têm diversos duetos ao longo da peça. A química vocal entre eles foi um dos destaques de ‘Wicked’.
Onde será possível assistir ao musical?
A estreia está prevista para o Barbican Theatre, em Londres. Ainda não há confirmação sobre transferência para a Broadway ou outras cidades.

