10 filmes de Natal na Netflix que fogem do óbvio em 2025

De ‘Klaus’ (a animação que deveria ter vencido o Oscar) a ‘Bagagem de Risco’ (para quem acha ‘Duro de Matar’ filme natalino): selecionamos 10 filmes de Natal Netflix que fogem das fórmulas batidas sem abandonar o aconchego da época.

Dezembro chegou e, com ele, a inevitável pergunta: o que assistir enquanto a árvore pisca no canto da sala? A Netflix despeja dezenas de opções natalinas todo ano, mas sejamos honestos — a maioria segue a mesma fórmula: protagonista workaholic redescobre o espírito natalino em cidade pequena, beija alguém embaixo do visgo, créditos. Se você está cansado do óbvio, preparei uma seleção de filmes de Natal Netflix que fogem do padrão sem abandonar o aconchego que a época pede.

O critério aqui foi simples: originalidade acima de tudo. Alguns são produções originais da plataforma, outros chegaram via licenciamento, mas todos compartilham algo em comum — oferecem uma experiência que você não encontra em qualquer lista genérica de “melhores filmes natalinos”. De animação premiada a thriller de aeroporto, de comédia LGBTQ+ a musical fantástico, tem de tudo. Vamos lá.

1. ‘Klaus’ — A animação que deveria ter ganhado o Oscar

Vou começar pelo que considero o melhor filme de Natal que a Netflix já produziu. ‘Klaus’ (2019) é uma obra-prima da animação que foi injustamente derrotada por ‘Toy Story 4’ no Oscar — não que Pixar não mereça reconhecimento, mas o que o diretor Sergio Pablos fez aqui é extraordinário.

A premissa é engenhosamente simples: um carteiro mimado é enviado para uma cidade hostil no Ártico como punição. Lá, ele conhece um fabricante de brinquedos recluso chamado Klaus. O que se desenvolve é, essencialmente, uma história de origem do Papai Noel — mas contada de forma que você nunca viu antes.

O estilo visual é hipnotizante. A equipe desenvolveu uma técnica chamada KLaS (Klaus Light and Shadow) que faz animação 2D parecer ter profundidade de 3D, criando imagens que parecem ilustrações de livro infantil ganhando vida. É um processo que envolve iluminação volumétrica aplicada quadro a quadro — algo que nenhum outro estúdio havia tentado nessa escala. Jason Schwartzman dá voz ao protagonista com o cinismo perfeito, enquanto J.K. Simmons empresta gravidade emocional a Klaus. O filme ganhou sete Annie Awards e o BAFTA de Melhor Animação.

Se você só assistir um filme desta lista, que seja este.

2. ‘Bagagem de Risco’ — Para quem acha que ‘Duro de Matar’ é filme de Natal

Existe um debate eterno: ‘Duro de Matar’ é ou não é filme de Natal? Não vou entrar nessa discussão, mas se você está no time que defende John McClane como herói natalino, ‘Bagagem de Risco’ (2024) foi feito para você.

O filme se passa na véspera de Natal no aeroporto de Los Angeles. Taron Egerton interpreta Ethan Kopek, um agente da TSA que é chantageado por um terrorista (Jason Bateman, numa virada de tipo deliciosa) para permitir que um agente nervoso seja embarcado em um voo com 250 passageiros. O que se segue são duas horas de tensão que não dão espaço para respirar.

O diretor Jaume Collet-Serra — o mesmo de ‘Sem Escalas’ com Liam Neeson — sabe construir suspense em espaços confinados. Há uma sequência envolvendo um scanner de bagagem que é puro cinema de tensão, com a câmera acompanhando objetos em tempo real enquanto Egerton sua frio. ‘Bagagem de Risco’ foi o filme mais assistido da Netflix em sua semana de estreia em 2024, e o sucesso é merecido. É o tipo de thriller de alta competência que Hollywood costumava fazer regularmente nos anos 90 — premissa clara, execução impecável, ritmo implacável.

3. ‘Um Crush para o Natal’ — Comédia romântica LGBTQ+ sem drama de aceitação

Quando ‘Um Crush para o Natal’ (2021) foi anunciado como o primeiro filme natalino gay original da Netflix, havia uma expectativa (e um temor) de que seria uma história sobre coming out ou preconceito familiar. O filme faz algo mais interessante: simplesmente conta uma comédia romântica onde os protagonistas são gays.

Peter (Michael Urie) convence seu amigo Nick (Philemon Chambers) a fingir ser seu namorado durante as festas de fim de ano. Chegando em casa, descobre que sua mãe (Kathy Najimy, perfeita como matriarca bem-intencionada) já arranjou um pretendente para ele — o personal trainer James (Luke Macfarlane). É a premissa mais clássica possível de rom-com — e é exatamente isso que a torna especial.

A química entre Urie e Chambers carrega o filme. Há uma cena de karaokê de ‘Fantasy’ da Mariah Carey que funciona tanto como momento de comédia quanto como turning point emocional — algo difícil de equilibrar. Sim, os tropos são familiares (o relacionamento falso que vira real, a família intrometida, o rival romântico), mas há algo genuinamente refrescante em ver esses clichês aplicados a um casal gay sem que a sexualidade seja tratada como conflito. É só… uma comédia romântica de Natal. Como deveria ser.

4. ‘Uma Invenção de Natal’ — Musical negro que mereceu mais atenção

‘Uma Invenção de Natal’ (2020) chegou com pouca fanfarra mas saiu com 10 indicações ao NAACP Image Awards e 89% no Rotten Tomatoes. É um musical fantástico sobre Jeronicus Jangle (Forest Whitaker), um inventor de brinquedos excêntrico que redescobre a magia da criação através da neta Journey (Madalen Mills).

O que diferencia este filme é a ambição visual do diretor David E. Talbert. Os números musicais são elaborados — “This Day” tem coreografia que lembra os grandes musicais da MGM —, os figurinos de Michael Wilkinson (de ‘Homem de Aço’ e ‘La La Land’) são exuberantes, e há uma qualidade teatral que evoca os grandes musicais da era de ouro de Hollywood, mas com um elenco predominantemente negro e sensibilidade contemporânea. Keegan-Michael Key aparece como o vilão traiçoeiro Gustafson, e a jovem Madalen Mills é uma revelação como a neta protagonista.

As músicas originais de John Legend e Philip Lawrence são genuinamente memoráveis — “Make It Work” ficou na minha cabeça por dias. Se você tem crianças em casa (ou apenas aprecia um bom musical), ‘Uma Invenção de Natal’ é aquele tipo de filme que funciona para todas as idades sem ser condescendente com nenhuma delas.

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5. ‘Um Match Surpresa’ — Rom-com que sabe exatamente o que é

O título original em inglês é ‘Love Hard’ — uma piada que combina ‘Love Actually’ (Simplesmente Amor) com ‘Die Hard’ (Duro de Matar). E embora o filme não chegue nem perto da qualidade de nenhum dos dois, ‘Um Match Surpresa’ (2021) tem consciência suficiente de sua própria natureza para ser divertido.

Nina Dobrev interpreta Natalie, uma colunista de relacionamentos de Los Angeles que viaja a Lake Placid, Nova York, para conhecer seu crush de aplicativo, só para descobrir que foi vítima de catfish. O cara das fotos (Darren Barnet) existe, mora na mesma cidade, e o que se segue é uma série de confusões envolvendo famílias, identidades trocadas e neve demais.

Dobrev é carismática o suficiente para segurar o filme mesmo quando o roteiro vacila. Jimmy O. Yang, como Josh — o catfisher arrependido —, entrega timing cômico preciso e consegue tornar seu personagem simpático apesar da premissa moralmente questionável. Não é cinema de arte, mas também não pretende ser — é comfort food natalina, e cumpre essa função bem.

6. ‘Amor com Data Marcada’ — O filme de Natal que serve para o ano inteiro

Aqui está uma proposta interessante: e se um filme de Natal também funcionasse para Dia dos Namorados, Páscoa, 4 de Julho e Ação de Graças? ‘Amor com Data Marcada’ (2020) acompanha Sloane (Emma Roberts) e Jackson (Luke Bracey), dois solteiros cansados da pressão familiar que fazem um pacto para serem acompanhantes um do outro em todas as festas do ano.

Emma Roberts e Luke Bracey têm o tipo de química que faz você torcer pelo casal mesmo sabendo exatamente como a história vai terminar. O roteiro de Tiffany Paulsen é esperto ao usar cada feriado como oportunidade para desenvolver o relacionamento — e para criar situações constrangedoras que vão de laxantes acidentais a encontros com ex-namorados. A cena do Quatro de Julho, com uma competição de hot-dogs que sai do controle, é comédia física bem executada.

O Natal é apenas uma parada na jornada, mas o filme funciona perfeitamente bem se você quiser assistir em dezembro. Ou em qualquer outro mês, na verdade.

7. ‘Deixe a Neve Cair’ — Ensemble jovem que realmente funciona

Baseado no livro homônimo de John Green, Maureen Johnson e Lauren Myracle, ‘Deixe a Neve Cair’ (2019) abandona a estrutura de casal único para seguir múltiplos adolescentes em uma véspera de Natal em Gracetown, Illinois. Uma tempestade de neve prende todos na cidade, e suas histórias se cruzam de formas previsíveis e surpreendentes.

O elenco é o grande trunfo aqui: Isabela Merced, Kiernan Shipka, Odeya Rush, Jacob Batalon (o Ned de ‘Homem-Aranha’), Shameik Moore (voz do Miles Morales em ‘Aranhaverso’). São jovens atores que já provaram seu valor em outros projetos, e a energia coletiva deles eleva o material. A direção de Luke Snellin mantém as múltiplas linhas narrativas equilibradas sem perder ritmo.

Se você cresceu assistindo filmes como ‘Se Eu Fosse Você’ ou ‘O Clube dos Cinco’ e sente falta desse tipo de comédia adolescente com coração, ‘Deixe a Neve Cair’ entrega exatamente isso. O filme tem 85% no Rotten Tomatoes, o que é notável para o gênero.

8. ‘Feliz Assalto!’ — Heist movie com decoração natalina

A adição mais recente desta lista, ‘Feliz Assalto!’ (2025) mistura comédia romântica com filme de assalto — uma combinação que não deveria funcionar mas funciona. Olivia Holt interpreta Mary, uma mulher sobrecarregada de empregos que cuida da mãe doente. Connor Swindells é Robbie, um ex-presidiário tentando recomeçar. Juntos, eles planejam roubar uma joalheria.

O que poderia ser apenas premissa para ação se torna algo mais graças à química entre os protagonistas. Holt e Swindells transformam cenas que seriam expositivas em momentos genuinamente envolventes. O assalto em si é bem construído — há um uso inteligente de decorações natalinas como ferramentas do crime —, e há coração suficiente na história para justificar o cenário festivo.

As primeiras críticas têm sido positivas, e é fácil entender por quê — é o tipo de filme que sabe equilibrar tons diferentes sem parecer esquizofrênico.

9. ‘A Princesa e a Plebeia’ — Vanessa Hudgens ao cubo

Inspirado em ‘O Príncipe e o Mendigo’ de Mark Twain, ‘A Princesa e a Plebeia’ (2018) coloca Vanessa Hudgens em papel duplo: Stacy, uma confeiteira americana de Chicago, e Lady Margaret, uma duquesa do fictício reino de Belgravia, que são idênticas. Elas se encontram por acaso, trocam de lugar, confusão e romance acontecem.

O filme foi bem-sucedido o suficiente para gerar duas sequências. ‘A Princesa e a Plebeia: Novas Aventuras’ (2020) adiciona uma terceira personagem Hudgens — a prima Fiona, vilã da história. ‘A Princesa e a Plebeia 3: Caçando a Estrela’ (2021) vira um filme de assalto com as três. A franquia inteira funciona como uma maratona natalina se você estiver disposto a abraçar o absurdo.

Hudgens claramente se diverte com os papéis múltiplos, e esse entusiasmo é contagiante. Não é cinema sofisticado, mas é entretenimento competente que sabe exatamente o que seu público quer.

10. Bônus: ‘A Nonsense Christmas with Sabrina Carpenter’

Tecnicamente não é um filme, mas o especial de variedades de Sabrina Carpenter merece menção. Com participações de Quinta Brunson, Shania Twain, Chappell Roan e Sean Astin como Papai Noel (sim, o Samwise de ‘Senhor dos Anéis’), é uma hora de música, humor e carisma que evoca os especiais de Natal clássicos de Bing Crosby e Andy Williams.

Carpenter canta versões de clássicos natalinos com seu estilo característico — “White Christmas” ganha um arranjo jazzy, “Last Christmas” vira dueto com Chappell Roan. O especial foi assistido mais de 2 milhões de vezes em dois dias e ficou no top 10 da plataforma. Se você é fã de Carpenter ou apenas quer algo diferente do formato tradicional de filme, vale conferir.

Qual filme de Natal Netflix escolher?

Depende do humor. Quer algo para a família inteira? ‘Klaus’ ou ‘Uma Invenção de Natal’. Quer romance? ‘Um Crush para o Natal’ ou ‘Amor com Data Marcada’. Quer adrenalina? ‘Bagagem de Risco’ sem pensar duas vezes. Quer abraçar o absurdo? Maratona ‘A Princesa e a Plebeia’.

O que todos esses filmes de Natal Netflix têm em comum é que tentam fazer algo além do mínimo necessário. Nem todos conseguem com a mesma eficácia, mas a tentativa já os coloca acima da maioria do conteúdo natalino genérico que inunda as plataformas todo dezembro.

Feliz maratona.

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