Nolan ‘The Odyssey’: 3 razões por que Homero não curtiria o filme

Homero, o poeta épico da Grécia Antiga, provavelmente não apreciaria ‘Nolan The Odyssey’. Três razões principais incluem o figurino historicamente impreciso, que utiliza armaduras do século VIII a.C. em vez das do século XIII a.C. da história original; a ausência de canto e música, elementos centrais na narrativa homérica oral; e a própria incerteza sobre a existência de Homero como indivíduo histórico, tornando qualquer opinião atribuída a ele especulativa.

Se você está contando os dias para Nolan ‘The Odyssey’, prepare-se para uma reflexão: será que Homero, o lendário poeta grego que criou a ‘Odisseia’, realmente aprovaria a visão de Christopher Nolan para sua obra-prima? Recentemente, um executivo da Universal Pictures causou polêmica ao afirmar que Homero provavelmente se orgulharia do filme. Mas será que é mesmo assim? Mergulhamos no assunto para entender por que o pai da literatura ocidental talvez não fosse o maior fã dessa adaptação.

Figurino Furado? Por que as Armaduras de ‘Nolan The Odyssey’ Irritariam Homero

Imagine só: você é um poeta que viveu há uns 2800 anos, contando histórias de heróis e deuses da Grécia Antiga. De repente, surge um filme baseado em uma de suas maiores obras, ‘The Odyssey’. Até aí tudo bem, certo? Mas aí você assiste e percebe que os guerreiros, em vez de usarem as armaduras da época em que a história se passa, no século XIII a.C., estão vestidos com roupas que lembram mais o século VIII a.C., justamente a sua época! Para Homero, que provavelmente se preocupava em transmitir a essência da sua era, essa “licença poética” no figurino talvez pegasse um pouco mal.

A polêmica começou quando estudiosos de civilizações clássicas e arqueólogos, que manjam tudo sobre a Grécia Micênica da Idade do Bronze (cenário original da ‘Odisseia’), viram as primeiras imagens de Matt Damon com a armadura do filme. Acontece que a galera daquela época usava um negócio chamado armadura de Dendra, super diferente, com um capacete de madeira oblongo que, convenhamos, não era lá muito estiloso para os padrões de Hollywood. Já a armadura de Damon no filme? Essa sim, tem toda a pinta da armadura hoplita grega do século VIII a.C., a era de Homero!

É como se, em um filme sobre os anos 1600, os soldados aparecessem com uniformes do exército moderno. Meio estranho, né? Claro, Homero não tinha como saber exatamente como eram as armaduras micênicas de 1250 a.C. – não existiam registros históricos detalhados na época dele. Mas, para um cara que se esforçava para recriar um mundo épico, essa anacronia cinematográfica talvez soasse como um pequeno deslize. Ainda assim, vale lembrar que o filme é para o público de hoje, e não para historiadores xiitas do figurino antigo!

Cadê a Música? A Falta de Canto em ‘Nolan The Odyssey’ Decepcionaria Homero

Se tem uma coisa que deixaria Homero completamente bugado em ‘Nolan The Odyssey’, seria a ausência de música – ou melhor, de canto! Para começar, o conceito de “filme” como conhecemos hoje, com imagens em movimento, simplesmente não existia na Grécia Antiga. Cinema? Só uns 2700 anos depois, no século XIX! E Christopher Nolan, que nunca dirigiu um musical, provavelmente não vai começar agora, justo com uma épica histórica.

Na época de Homero, a principal forma de arte narrativa era a poesia, que era cantada! Os bardos, como o próprio Homero, declamavam versos de memória em encontros sociais, como se fossem verdadeiros shows de histórias. Naquela época, a poesia homérica não era só arte, era também um jeito de registrar a história e passar os feitos dos antepassados de geração em geração. A música, o ritmo e a rima eram ferramentas práticas para ajudar os bardos a memorizar longas narrativas, já que não existia escrita como a gente conhece hoje – ou pelo menos, não para o grande público.

É claro que, nessa transmissão oral, as histórias iam ganhando uns “temperos”, uns exageros, e nem tudo era 100% fiel aos fatos. Duvida-se até se a Guerra de Troia, que é o pano de fundo tanto da ‘Ilíada’ quanto da ‘Odisseia’, aconteceu exatamente como Homero conta. Mas o que importa é que a forma como ele contava, com versos cantados, era essencial para a experiência da época. Imagina o choque de Homero ao ver ‘Nolan The Odyssey’ e perceber que a música épica virou trilha sonora instrumental, e os versos sumiram da tela? Talvez ele achasse tudo muito… silencioso e sem graça!

Comparando com ‘Troia’, aquele filme de 2004 com Brad Pitt, é provável que Homero ficasse impressionado (e talvez até um pouco assustado) com o realismo visual das duas produções. Para um cara acostumado com a força da narrativa em versos vívidos, ver tudo aquilo em imagens seria uma baita novidade. Ainda assim, se ele tivesse que escolher entre ‘Nolan The Odyssey’ e ‘Troia’, é possível que pendesse para o lado de Nolan, considerando que o filme de Wolfgang Petersen, apesar do elenco estelar, pecou um pouco na substância da história.

Quem Era Homero Afinal? A Existência do Poeta e sua Possível Cegueira Contam Contra ‘Nolan The Odyssey’

E se, no fim das contas, Homero nem sequer existiu? Essa é uma pulga atrás da orelha que também pesa na balança da “aprovação” do poeta a ‘Nolan The Odyssey’. Afinal, qualquer palpite sobre o que Homero acharia do filme de Christopher Nolan depende da premissa de que ele foi uma pessoa real. Existem indícios de que bardos como Homero realmente existiram na época em que ele supostamente viveu, e que um deles pode ter recitado a ‘Ilíada’ e a ‘Odisseia’ que foram transcritas usando o alfabeto grego arcaico.

Mas a verdade é que “Homero, o indivíduo” só aparece em referências históricas escritas pelo menos 300 anos depois de sua suposta época. Não há nenhuma prova contemporânea da existência dele. É mais provável que a ‘Ilíada’ e a ‘Odisseia’ tenham sido construídas ao longo de gerações, parte de ciclos de mitos transmitidos oralmente na Grécia Antiga, e só foram “oficializadas” no século VIII a.C. por vários autores – uma espécie de “obra coletiva” turbinada ao longo do tempo.

Além disso, alguns poemas menores, conhecidos como Hinos e Epigramas Homéricos, sugerem que Homero era cego, uma característica comum entre os bardos da época. Se ele realmente não enxergava, toda a discussão sobre a precisão histórica da armadura de Matt Damon em ‘Nolan The Odyssey’ iria por água abaixo, certo? Talvez ele se importasse mais com a mixagem de som dos filmes de Nolan, que volta e meia gera reclamações entre o público moderno!

Em resumo: é bem provável que Homero, se é que ele existiu, não fosse o maior fã de ‘Nolan The Odyssey’. Mas, como já dissemos, o filme não é para poetas da Grécia Antiga. É para nós, o público global de hoje. E se o filme for metade do que os primeiros comentários prometem, Nolan pode ter certeza de que fez um trabalho do qual qualquer diretor se orgulharia. E no final das contas, é isso que realmente importa, não é?

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Perguntas Frequentes sobre a Reação de Homero a ‘Nolan The Odyssey’

Por que o figurino de ‘Nolan The Odyssey’ incomodaria Homero?

Homero provavelmente se incomodaria com o figurino de ‘Nolan The Odyssey’ porque o filme parece usar armaduras do século VIII a.C., a era de Homero, em vez das armaduras micênicas do século XIII a.C., período em que a ‘Odisseia’ é ambientada. Essa imprecisão histórica seria como usar uniformes modernos em um filme sobre o século XVII.

Qual a importância da música para Homero e por que a falta dela no filme seria um problema?

Na época de Homero, as histórias eram contadas oralmente e cantadas por bardos. A música e o canto eram essenciais para a narrativa épica e para ajudar na memorização e transmissão das histórias. Um filme sem esses elementos seria fundamentalmente diferente da experiência original homérica, parecendo “silencioso e sem graça” para ele.

Afinal, Homero realmente existiu?

A existência de Homero como um indivíduo histórico é incerta. É possível que ‘Ilíada’ e ‘Odisseia’ sejam obras coletivas construídas ao longo de gerações. Se Homero não existiu como um único autor, questionar sua opinião sobre o filme se torna ainda mais especulativo.

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