3 Lições da Franquia ‘Train to Busan’: Por que o prequel é superior à sequência?

A Franquia Train to Busan revolucionou o gênero zumbi com seu drama humano intenso, mas a recepção de suas continuações foi mista. Este artigo analisa por que o prequel animado ‘Seoul Station’ superou a sequência live-action ‘Peninsula’, destacando as lições cruciais sobre narrativa, personagens e o verdadeiro terror apocalíptico para o futuro da saga.

Se você é fã de adrenalina e um bom apocalipse zumbi, com certeza já ouviu falar da Franquia Train to Busan. Essa saga sul-coreana chegou para revolucionar o gênero, mas nem tudo foi um mar de rosas. Enquanto o filme original e seu prequel animado conquistaram corações, a sequência deixou muita gente com um gosto amargo. Mas afinal, por que ‘Seoul Station’ brilhou mais que ‘Peninsula’ e o que isso nos ensina sobre o futuro da Franquia Train to Busan?

O Renascimento Zumbi: O Impacto de ‘Train to Busan’

Por meados dos anos 2010, o cinema de zumbis parecia estar meio… morto, ou pelo menos, bem desgastado. Franquias como ‘The Walking Dead’ já haviam explorado quase tudo, e os fãs do gênero sentiam falta de originalidade e adrenalina. Foi exatamente nesse cenário que, em 2016, a Coreia do Sul nos presenteou com ‘Train to Busan’ – e olha, o impacto foi um divisor de águas para a Franquia Train to Busan!

O filme não era apenas mais um filme de mortos-vivos, daqueles que já se sabia o que esperar. Ele trouxe uma combinação explosiva e inovadora: zumbis super rápidos, quase frenéticos, que adicionavam uma camada de terror e urgência nunca antes vista. Mas o verdadeiro trunfo, o segredo que o catapultou ao estrelato, foi a trama dramática que te prendia do início ao fim, focada nas relações humanas e na luta pela sobrevivência, sim, mas também pela dignidade. Essa saga, a Franquia Train to Busan, mostrou que mesmo com zumbis velozes, a humanidade é o verdadeiro centro.

O diretor Yeon Sang-ho entendeu perfeitamente que os melhores filmes de zumbi não são, na verdade, sobre os monstros em si, mas sobre como os humanos reagem à loucura do apocalipse. A história de Seok-woo, um pai workaholic e distante, e sua filha Su-an, é o coração pulsante do filme. A jornada dele para protegê-la vai muito além da simples sobrevivência física; é uma busca por redenção, sobre provar que ele pode ser um pai presente e amoroso, apesar de todo o tempo perdido. É uma transformação que acontece sob pressão extrema, e é isso que nos conecta profundamente com a narrativa.

Cada personagem no trem, desde o casal de idosos até o homem durão e sua esposa grávida, contribui para essa tapeçaria emocional. Suas pequenas histórias de sacrifício, egoísmo e altruísmo se entrelaçam, mostrando as diferentes facetas da humanidade em crise. Essa profundidade emocional, focada nas relações e nas escolhas morais, foi o que fez de ‘Train to Busan’ um fenômeno internacional, solidificando a base da Franquia Train to Busan no cenário global e provando a força do cinema coreano.

‘Peninsula’: A Tentativa de Expansão que Deu Errado

Com o sucesso estrondoso do original, era natural que uma sequência viesse. ‘Train to Busan Presents: Peninsula’ chegou em 2020 com a promessa de expandir o universo pós-apocalíptico da Franquia Train to Busan. O diretor Yeon Sang-ho, que também assinou o primeiro filme, decidiu mudar a rota, o que nem sempre é negativo para uma sequência. Afinal, ninguém quer ver uma cópia carbono, certo? A ideia era explorar um mundo mais aberto, quatro anos após o surto inicial, o que parecia uma premissa interessante.

No entanto, ‘Peninsula’ acabou se distanciando demais da fórmula mágica que fez ‘Train to Busan’ um sucesso. Ele trocou o drama humano intenso e a claustrofobia do trem por uma pegada mais focada em ação, explosões e elementos de “filme de assalto” em um cenário de wasteland. Essa guinada na Franquia Train to Busan visava um público mais amplo, mas acabou diluindo a essência do que a tornava especial. O problema é que, ao fazer isso, o filme perdeu quase todo o impacto emocional e a tensão psicológica que eram as marcas registradas da Franquia Train to Busan.

Os personagens de ‘Peninsula’, embora estivessem em uma missão perigosa, simplesmente não tinham a mesma riqueza, profundidade ou motivações convincentes que Seok-woo e Su-an. No filme original, cada escolha, cada sacrifício, carregava um peso imenso porque nos importávamos com aqueles indivíduos. Em ‘Peninsula’, a correria e a ação desenfreada ofuscaram qualquer tentativa de desenvolvimento de laços ou dilemas morais que nos prendessem à tela. Os zumbis, que no primeiro filme eram uma ferramenta para explorar a humanidade, aqui pareciam ainda menos importantes, quase um obstáculo genérico para a próxima cena de perseguição.

Além disso, o filme abusou do CGI de uma forma que se tornou um ponto fraco notável. Enquanto ‘Train to Busan’ tinha seus momentos de efeitos visuais menos polidos, a força da sua narrativa e a intensidade do drama humano compensavam qualquer inadequação técnica. ‘Peninsula’ não teve essa “válvula de escape”. Seus efeitos computadorizados, em muitas cenas, foram distrativos e de qualidade inferior, quebrando a imersão e evidenciando a falta de uma história igualmente cativante para sustentar a experiência. Embora tenha sido um sucesso de bilheteria na Coreia do Sul, a crítica e o público em geral consideraram a sequência bem inferior, um lembrete de que mais ação e um escopo maior nem sempre significam um filme melhor para a Franquia Train to Busan.

‘Seoul Station’: A Joia Animada da Franquia

No mesmo ano em que ‘Train to Busan’ chegou aos cinemas e conquistou o mundo, um prequel animado chamado ‘Seoul Station’ também foi lançado, sob a batuta do mesmo diretor, Yeon Sang-ho. E acredite, essa joia é um capítulo absolutamente digno da Franquia Train to Busan, com uma trama tão emocionante e impactante quanto o filme original, talvez até mais sombria em alguns aspectos. Ambientado no início do surto zumbi, ‘Seoul Station’ joga o horror explícito para o segundo plano, dando espaço para a história dramática e, por vezes, dolorosa de seus três personagens principais brilhar em meio ao caos urbano.

O que realmente eleva ‘Seoul Station’ é sua corajosa exploração de temas sociais super importantes e desconfortáveis. O filme mergulha na ideia de pessoas “descartáveis” na sociedade, focando em personagens marginalizados, como moradores de rua e jovens em situações vulneráveis. Ele critica duramente como a sociedade e as autoridades muitas vezes ignoram quem mais precisa de ajuda, mostrando a indiferença das estruturas em face de uma catástrofe iminente. Não se prende em explicar a origem do vírus zumbi de forma científica, mas oferece pistas suficientes e um senso de urgência que mantém a gente intrigado, tanto pelo drama humano quanto pelo avanço da infecção. Para os verdadeiros fãs da Franquia Train to Busan, ‘Seoul Station’ é uma experiência imperdível que complementa o universo de forma brilhante.

A animação, com seu estilo cru e realista, adiciona uma camada extra de desolação e urgência à narrativa. Ela permite que a história explore cenários e situações que talvez fossem logisticamente difíceis ou caras demais em um filme live-action, como a rápida desintegração social e a violência generalizada nas ruas de Seul. É um drama forte, com a história de zumbis servindo como pano de fundo para uma crítica social poderosa e um espelho para as nossas próprias falhas como sociedade. A forma como o filme retrata o pânico coletivo e a falha das instituições em proteger os mais fracos é de arrepiar.

Infelizmente, por ser uma animação adulta e com um tom mais pesado, ‘Seoul Station’ não alcançou tantos espectadores ocidentais quanto merecia, já que o público pode não estar acostumado com esse formato para temas tão sérios. Mas se fosse um filme live-action, não há dúvidas de que estaria lado a lado com os maiores clássicos do gênero zumbi. É um filme que prova que uma história bem contada, focada na essência humana e na crítica social, pode ser assustadora e impactante ao mesmo tempo, mesmo sem o glamour dos grandes orçamentos ou a necessidade de mostrar cada pedacinho de carne sendo devorado. Ele é a prova de que a profundidade emocional e temática é o que realmente importa para a Franquia Train to Busan.

O Futuro da Franquia Train to Busan: Aprendendo com o Sucesso de ‘Seoul Station’

Com a notícia de que um quarto filme da Franquia Train to Busan está em desenvolvimento – rumores apontam para o título ‘Peninsula: The Next Chapter’ ou algo similar, embora nada seja oficial – a esperança é que os criadores aprendam as lições certas, e não apenas tentem replicar o sucesso do original. E a maior delas, sem dúvida, vem de ‘Seoul Station’, não de ‘Peninsula’. O próximo filme, mesmo que não seja animado e volte ao formato live-action, precisa ter uma trama humana envolvente e um foco nos personagens como prioridade máxima, mais do que qualquer espetáculo visual.

‘Peninsula’ pecou exatamente por ser grande demais, ambicioso em seu escopo, com uma história que se esticou por um cenário vasto e desolado, mas sem ter uma base sólida de personagens ou emoções para sustentar tudo. Essa tentativa de “ir além” acabou diluindo a tensão e o impacto. O que a Franquia Train to Busan precisa agora é de um retorno às suas raízes, valorizando a narrativa humana acima de tudo. Tanto ‘Train to Busan’ quanto ‘Seoul Station’ mostraram que um escopo menor e mais contido pode ser muito mais eficaz para o gênero. Essa limitação de escala, seja em um trem ou nas ruas caóticas de uma cidade em colapso, ajuda a concentrar o drama, a manter o suspense e o medo em alta, sem que a história se perca em explosões e perseguições sem sentido que não levam a lugar nenhum emocionalmente.

Pense bem: o terror de ‘Train to Busan’ não vinha apenas dos zumbis, mas da claustrofobia, da corrida contra o tempo em um espaço confinado, e das difíceis escolhas morais que os passageiros eram forçados a fazer. ‘Seoul Station’ nos jogou no início do pânico, mostrando como as pessoas, e não os monstros, eram capazes das maiores atrocidades. O próximo capítulo da Franquia Train to Busan deveria buscar essa essência: explorar as complexidades da natureza humana quando confrontada com o fim do mundo, seja através de laços familiares, de sacrifícios pela comunidade ou da dura realidade da sobrevivência.

A chave para o sucesso de qualquer filme de zumbi, e da próxima aventura da franquia, é lembrar que os mortos-vivos são apenas o catalisador para o drama humano. O verdadeiro terror e a verdadeira emoção vêm das escolhas que os vivos fazem diante da adversidade, da esperança que se mantém acesa ou da escuridão que consome. Que a próxima fase da Franquia Train to Busan nos traga mais histórias de coração, de personagens com quem realmente nos importamos, e menos de pura correria e CGI excessivo. É assim que o gênero se mantém relevante e impactante!

A Franquia Train to Busan nos deu altos e baixos, mas uma coisa é certa: ela provou que o gênero zumbi ainda tem muito a oferecer quando a história e os personagens vêm em primeiro lugar. O original nos mostrou o poder da redenção paterna, e ‘Seoul Station’ nos fez refletir sobre a sociedade em meio ao caos. Já ‘Peninsula’ serviu como um lembrete de que nem toda expansão é benéfica.

Esperamos que o futuro da franquia abrace a profundidade e o impacto emocional que a tornaram tão especial. Afinal, no fim das contas, o que nos assusta e nos comove de verdade não são os monstros, mas a resiliência (ou a falta dela) da própria humanidade. E você, qual seu filme favorito da Franquia Train to Busan?

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Perguntas Frequentes sobre a Franquia Train to Busan

Qual o impacto de ‘Train to Busan’ no gênero zumbi?

‘Train to Busan’ revitalizou o gênero zumbi ao combinar zumbis frenéticos com uma trama dramática profunda, focada nas relações humanas e na busca por dignidade em meio ao apocalipse.

Por que ‘Peninsula’ não foi tão bem recebido quanto o original?

‘Peninsula’ se distanciou da fórmula de sucesso do original, priorizando ação e CGI excessivo em detrimento do drama humano e da tensão psicológica. Seus personagens careciam de profundidade e as escolhas narrativas diluíram a essência da franquia.

Qual a importância de ‘Seoul Station’ para a franquia ‘Train to Busan’?

‘Seoul Station’, o prequel animado, é considerado uma joia da franquia por sua exploração corajosa de temas sociais, focando em personagens marginalizados e na indiferença das autoridades. Ele aprofunda o universo com uma história dramática e sombria.

O que o futuro da franquia ‘Train to Busan’ deve aprender com ‘Seoul Station’?

O futuro da franquia deve priorizar a trama humana envolvente e o foco nos personagens, como visto em ‘Seoul Station’ e no filme original. Um escopo mais contido e a exploração das complexidades da natureza humana são mais eficazes do que ação e CGI excessivos.

Qual o principal diferencial do filme ‘Train to Busan’?

O principal diferencial de ‘Train to Busan’ foi sua capacidade de usar os zumbis como catalisador para explorar a natureza humana, focando na jornada de redenção de um pai e nas escolhas morais dos personagens em um ambiente claustrofóbico.

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Lucas Lobinco
Lucas Lobinco
Sou o Lucas, e minha paixão pelo cinema começou com as aventuras épicas e os clássicos de ficção científica que moldaram minha infância. Para mim, cada filme é uma nova oportunidade de explorar mundos e ideias, uma janela para a criatividade humana. Minha jornada não foi nos bastidores da produção, mas sim na arte de desvendar as camadas de uma boa história e compartilhar essa descoberta. Sou movido pela curiosidade de entender o que torna um filme inesquecível, seja a complexidade de um personagem, a inovação visual ou a mensagem atemporal. No Cinepoca, meu foco é trazer uma perspectiva única, mergulhando fundo nos detalhes que fazem um filme valer a pena, e incentivando você a ver a sétima arte com novos olhos.Tenho um apreço especial por filmes de ação e aventura, com suas narrativas grandiosas e sequências de tirar o fôlego. A comédia de humor negro e os thrillers psicológicos também me atraem, pela forma como subvertem expectativas e exploram o lado mais sombrio da psique humana. Além disso, estou sempre atento às novas vozes e tendências que surgem na indústria, buscando os próximos grandes talentos e as histórias que definirão o futuro do cinema.

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