Como ‘Thunderbolts’ virou a lição do ‘Homem-Aranha’ de cabeça para baixo

‘Thunderbolts*’ apresenta um contraponto sombrio à famosa lição do ‘Homem-Aranha’ sobre poder e responsabilidade. Através da filosofia de Val, o filme questiona o que acontece quando a busca por controle e força ignora o senso moral. Descubra como essa inversão filosófica enriquece o Universo Marvel e contrasta a visão de Peter Parker.

E aí, galera do Cinepoca! Preparados para mergulhar em uma discussão que vai virar sua cabeça (e talvez seu senso de moral) do avesso? A gente sempre ouviu aquela frase icônica do nosso querido lançador de teias, né? “Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”. É quase o mantra do universo Marvel. Mas, preparem-se, porque ‘Thunderbolts*’ chegou chutando a porta e mostrando que essa lição pode ganhar um significado… digamos, bem mais sombrio. Vamos falar sobre como Thunderbolts Homem-Aranha se conectam de uma forma inesperada e perturbadora.

Aquele Mantra Aranha Que a Gente Ama

Não tem jeito, essa frase é colada na identidade do ‘Homem-Aranha’. Seja nos quadrinhos, desenhos, games ou filmes, a ideia é a mesma: se você tem a capacidade de fazer algo incrível, tem o dever de usar isso para o bem. No MCU, a gente sabe que o Tio Ben, mesmo sem aparecer na tela, plantou essa sementinha na cabeça do Peter Parker. Lembra quando ele fala pro Tony Stark em ‘Capitão América: Guerra Civil’? Ele explica que se ele pode fazer as coisas que faz e não faz, e algo ruim acontece, a culpa é dele.

Essa ideia de que ter superpoderes é um fardo, uma obrigação de ajudar, sempre acompanhou o Peter. Ele tenta, se sacrifica, e nem sempre consegue salvar todo mundo. Mas a intenção e a luta estão sempre lá.

E a gente viu essa lição de novo, de um jeito super emocionante, em ‘Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa’. A Tia May, antes de… bem, vocês sabem. Ela entrega uma versão da frase que, para muitos, é a mais pura e direta de todas. Ela diz: “Com grandes poderes deve também vir grande responsabilidade”. Essa fala marcou o Peter (e a gente!) e reforçou o peso do caminho que ele escolheu.

Val Chega Chegando e Bagunça Tudo

Agora, vamos para o outro lado da moeda. Conheçam Valentina Allegra de Fontaine, a Val. Se o Nick Fury montou os Vingadores para proteger o mundo de ameaças que ninguém mais conseguiria enfrentar, a Val tem um plano diferente. Ela quer montar o ‘Thunderbolts*’ com um objetivo bem mais egoísta: limpar a própria imagem e, de quebra, ter controle sobre os próximos super-heróis poderosos que surgirem por aí.

Enquanto a maioria dos filmes do MCU se conecta com um monte de outras histórias, ‘Thunderbolts*’ parece mais focado em si mesmo, nos seus anti-heróis e nos conflitos internos deles, tipo o do Robert Reynolds (Sentry). Mas, mesmo assim, o filme deixa a gente pensando: onde estão os outros heróis de Nova York? Tipo o ‘Homem-Aranha’ ou o Wong? Eles não notaram o ataque do Sentry na Watchtower? É uma conexão sutil, mas que nos lembra do resto do universo.

E é nessa que a Val entra com sua filosofia que é o oposto do nosso amigo aracnídeo. Ela não tá nem aí para a responsabilidade que vem com o poder. Pelo contrário, ela acredita que o poder é o que *permite* a “justiça” ou o que quer que ela chame de certo. É aqui que a conexão Thunderbolts Homem-Aranha fica chocante.

“Justiça Sem Poder é Só Uma Opinião”

Essa é a frase da Val que vira a lição do ‘Homem-Aranha’ de cabeça para baixo. Em ‘Thunderbolts*’, ela tá desesperada pra encontrar um substituto para os Vingadores e provar que ela pode liderar a próxima era de super-heroísmo. Ela quer apagar os rastros dos erros dela, sumir com quem ela considera “pontas soltas” (tipo os assassinos que ela usou) e apresentar o Sentry como o super-soldado perfeito, “tudo-em-um”.

A justificativa dela para toda essa manipulação e falta de ética? A tal frase: “righteousness without power is just an opinion”. Para a Val, não importa se você tem boas intenções ou quer fazer a coisa certa. Se você não tem o poder para *fazer* isso acontecer, suas ideias não valem nada. É um pensamento frio, calculista e que ignora completamente a ideia de que a capacidade de agir traz consigo a obrigação de agir *corretamente*.

Ela acha que qualquer um pode *tentar* ser herói, mas só gente poderosa como ela (ou um super-soldado quase um deus como o Sentry) pode realmente fazer a diferença. Essa visão distorcida do poder é o que a diferencia totalmente do Peter Parker, que entende que o poder não é só a capacidade de fazer, mas também a responsabilidade de *escolher* fazer o bem.

O Que Move Essa Sede Por Poder?

Por que a Val é tão implacável e obcecada por poder e controle? ‘Thunderbolts*’ dá uma pista pesada. A gente descobre que, quando criança, a Val viu um cara matar o pai dela, aparentemente por causa de uma dívida não paga. Imagina a sensação de impotência que uma criança sentiria numa situação dessas.

Essa experiência traumática parece ter moldado a Val, levando-a a buscar poder a qualquer custo ao longo da vida. Faz sentido, né? Se ela se sentiu fraca e incapaz de proteger o pai, ela faria de tudo para nunca mais se sentir assim. Isso explicaria por que ela parece tão invejosa do vibranium de Wakanda em ‘Pantera Negra: Wakanda para Sempre’ e por que ela quer tanto ser reconhecida como a criadora do programa Sentry em ‘Thunderbolts*’.

Para a Val, poder não é sinônimo de responsabilidade, mas sim de controle. É a sensação de ter tudo sob controle, de não ser vulnerável, que acalma o medo dela da incerteza e da fraqueza. Ela vê o poder como uma armadura contra o mundo, não como uma ferramenta para ajudar os outros. E é exatamente essa diferença fundamental na forma como ela e o ‘Homem-Aranha’ encaram o poder que torna a dinâmica Thunderbolts Homem-Aranha tão fascinante.

As Consequências (ou a Falta Delas)

O irônico é que, assim como o ‘Homem-Aranha’, mesmo tentando muito, não consegue proteger todas as pessoas que ama, os planos da Val também dão errado. A tentativa dela de sumir com os assassinos só faz eles se unirem. E a ideia de criar um super-soldado invencível acaba despertando uma entidade sinistra que quase devora Nova York de vez.

Mas, ao contrário do Peter, que vive com o peso das suas perdas e responsabilidades, a Val tem uma sorte danada (ou é muito manipuladora). O Sentry não a mata, os ‘Thunderbolts*’ conseguem parar o Void, e no final do filme, em vez de fazê-la responder por todas as suas ações duvidosas, os heróis (ou anti-heróis?) decidem cooperar com ela como os “New Avengers”. A cena pós-créditos de ‘Thunderbolts*’ mostra que, quatorze meses depois, a equipe ainda tá junta, e a Val conseguiu virar a situação a seu favor.

Ela reivindica a vitória da equipe como se fosse dela, transforma o grupo bagunçado em algo que ela pode apresentar como os “Novos Vingadores”. Em ‘Thunderbolts*’, a Val consegue o que queria: grande poder (ou pelo menos a aparência dele e o controle sobre um time poderoso) com zero responsabilidade imediata pelas suas maquinações. Mas a pergunta que fica é: será que ela vai conseguir escapar das consequências das suas ações questionáveis para sempre?

Um Espelho Sombrio

‘Thunderbolts*’ nos força a olhar para a filosofia do ‘Homem-Aranha’ de um ângulo completamente diferente e desconfortável. Através da Val, o filme explora o que acontece quando alguém com sede de controle e poder rejeita a ideia de responsabilidade. É um lembrete de que o poder, sem um senso moral forte por trás, pode ser incrivelmente perigoso e destrutivo.

Enquanto o Peter Parker nos inspira a usar nossas habilidades (grandes ou pequenas) para ajudar, a Val nos mostra o lado sombrio: a busca egoísta por poder como forma de compensar fraquezas internas e a crença de que só quem tem força pode ditar o que é certo. A conexão Thunderbolts Homem-Aranha não é sobre um crossover direto, mas sobre um contraste filosófico profundo que enriquece o universo Marvel e nos faz pensar.

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Perguntas Frequentes sobre Thunderbolts e Homem-Aranha

Qual é a famosa frase associada ao Homem-Aranha?

A frase mais icônica associada ao ‘Homem-Aranha’ é “Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”.

Como a filosofia de Val em ‘Thunderbolts*’ se compara à do Homem-Aranha?

Enquanto o ‘Homem-Aranha’ acredita que o poder traz a responsabilidade de fazer o bem, Val, em ‘Thunderbolts*’, vê o poder como a *única* coisa que permite que a “justiça” ou suas ideias se concretizem, ignorando a responsabilidade moral.

Qual é a frase de Val que resume sua visão sobre poder?

Val afirma: “Justiça sem poder é só uma opinião” (“righteousness without power is just an opinion”), sugerindo que intenções sem a capacidade de agir são inúteis.

Por que Val busca tanto poder e controle?

O artigo sugere que uma experiência traumática na infância, onde ela se sentiu impotente, moldou sua busca por poder como uma forma de controle e proteção contra a vulnerabilidade.

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