6 filmes de super-heróis que funcionam como entretenimento natalino

De ‘Shazam!’ a ‘Homem-Aranha no Aranhaverso’, selecionamos seis filmes de super-heróis que capturam o espírito natalino através de temas como família encontrada, redenção e pertencimento — não apenas decorações de fundo.

Existe um tipo específico de filme que funciona perfeitamente no Natal: aquele que você pode assistir com a família inteira sem precisar explicar contexto, que tem ação suficiente para manter todo mundo acordado depois da ceia, e que — de alguma forma — captura aquela sensação de união que a data pede. Filmes de super-heróis não são a escolha óbvia para o Natal, mas talvez devessem ser.

Não estou falando de qualquer filme com capa e poderes. Estou falando daqueles que, intencionalmente ou não, incorporam o espírito natalino de verdade — seja pela ambientação, pelos temas de família e redenção, ou simplesmente por criarem aquela atmosfera aconchegante que combina com luzes piscando e chocolate quente.

Separei seis produções que funcionam surpreendentemente bem como entretenimento natalino. Algumas são óbvias, outras vão te fazer pensar “nunca tinha considerado isso”. Todas merecem um lugar na sua programação de dezembro.

‘Shazam!’ e a família que a gente escolhe

À primeira vista, ‘Shazam!’ não parece um filme de Natal. A premissa — garoto órfão ganha poderes de um mago e vira adulto musculoso — soa mais como fantasia juvenil do que especial de fim de ano. Mas presta atenção no que o filme realmente está dizendo.

Billy Batson passa a vida inteira procurando a mãe biológica que o abandonou. Quando finalmente a encontra, descobre que ela o deixou de propósito. É devastador. Mas o arco não termina aí — termina com ele percebendo que a família de verdade são aquelas pessoas imperfeitas do lar adotivo que o acolheram sem pedir nada em troca.

A sequência climática acontece em frente a uma instalação gigante de luzes de Natal, e não é coincidência. O diretor David F. Sandberg usa a estética natalina para sublinhar exatamente o momento em que Billy aceita sua família escolhida. Quando os irmãos adotivos ganham poderes e lutam juntos, é puro espírito natalino traduzido em pancadaria colorida.

Se você tem crianças em casa — ou adultos que ainda acreditam em magia —, ‘Shazam!’ entrega diversão e uma mensagem sobre pertencimento que ressoa forte em dezembro.

‘Guardiões da Galáxia: Especial de Festas’ — 45 minutos de caos natalino perfeito

James Gunn entendeu algo que poucos diretores de super-heróis entendem: às vezes, menos é mais. Com apenas 45 minutos, o ‘Guardiões da Galáxia: Especial de Festas’ entrega mais coração do que muitos filmes de duas horas.

A premissa é absurda no melhor sentido: Mantis e Drax decidem animar Peter Quill sequestrando Kevin Bacon — o ator, interpretando a si mesmo — porque Quill cresceu idolatrando o cara. O que poderia ser apenas uma piada prolongada vira algo genuinamente tocante quando descobrimos que Mantis e Quill são irmãos.

Drax e Mantis são a dupla perfeita para esse tipo de história. Ele, brutalmente literal. Ela, emocionalmente desajeitada. Os dois vagando por Hollywood tentando “capturar” Kevin Bacon gera o tipo de comédia física que funciona para qualquer idade. Mas quando Mantis finalmente revela seu segredo para Quill, o especial encontra seu centro emocional.

É Natal sobre família encontrada, sobre gestos desastrados de amor, sobre pessoas tentando fazer o certo da forma mais errada possível. Se isso não é o espírito natalino, não sei o que é.

‘O Natal do Pequeno Batman’ — animação que adultos também vão curtir

A Prime Video acertou em cheio com ‘O Natal do Pequeno Batman’. A premissa parece de desenho infantil — Batman sai em missão e deixa o filho Damian protegendo Gotham —, mas a execução tem camadas que funcionam para todas as idades.

Damian Wayne é um personagem complicado nos quadrinhos: arrogante, violento, criado por assassinos. Essa versão animada suaviza as arestas sem perder a essência. Ele ainda é um pirralho convencido, mas um pirralho convencido tentando provar que merece o manto do pai. É uma história de amadurecimento embrulhada em papel de presente.

O Coringa como vilão natalino funciona melhor do que deveria. A estética do filme mistura o gótico de Gotham com decorações de Natal de forma que lembra ‘O Estranho Mundo de Jack’ — não surpreende, considerando a influência que Tim Burton teve na iconografia do Batman. Alfred como figura paterna substituta adiciona aquela camada de “família improvável” que todo bom filme de Natal precisa.

Se você gostou, a série derivada ‘Bat-Família’ continua no mesmo tom e vale a maratona.

Ver agora...

‘Homem de Ferro 3’ e a assinatura natalina de Shane Black

Shane Black tem uma obsessão com Natal. ‘Máquina Mortífera’, ‘Beijos e Tiros’, ‘Dois Caras Legais’ — todos se passam durante as festas. Quando ele assumiu ‘Homem de Ferro 3’, era inevitável que Tony Stark ganharia um cenário natalino.

O filme começa em Malibu, onde Natal parece abstrato (sol, praia, mansão), mas quando Tony cai no Tennessee, a ambientação muda completamente. Neve, luzes, aquela atmosfera de cidade pequena americana que Hollywood adora em dezembro. É um contraste visual intencional: o bilionário arrancado do conforto, forçado a depender de um garoto local e de sua própria engenhosidade.

‘Homem de Ferro 3’ não é sobre família no sentido tradicional, mas é sobre Tony aprendendo que ele não é a armadura — que seu valor está em quem ele é, não no que ele veste. É uma jornada de autodescoberta que culmina nele destruindo todas as armaduras como presente de Natal para Pepper. Romântico? Talvez. Simbólico? Definitivamente.

Esse é um dos filmes mais subestimados do MCU, e dezembro é a época perfeita para reavaliá-lo.

‘Batman: O Retorno’ — gótico natalino que definiu uma estética

Tim Burton fazendo um filme de Natal com Batman não deveria funcionar. O diretor de ‘Os Fantasmas se Divertem’ e ‘Edward Mãos de Tesoura’ misturando sua estética sombria com a festividade de dezembro? Parece receita para desastre tonal.

Funciona absurdamente bem.

‘Batman: O Retorno’ transforma Gotham City em um pesadelo natalino — e eu digo isso como elogio. A cerimônia de acendimento da árvore de Natal que vira caos, o Pinguim emergindo dos esgotos como uma criatura de conto de fadas distorcido, Mulher-Gato nascendo em meio a neve e neon. Cada frame respira inverno.

O filme trabalha com temas de isolamento e rejeição que, honestamente, não são muito natalinos. Mas é exatamente esse contraste que o torna tão memorável. É Natal para quem se sente deslocado nas festas, para quem olha as reuniões familiares de fora. Pinguim e Mulher-Gato são vilões, sim, mas também são pessoas quebradas buscando pertencimento — e isso ressoa de forma inesperada em dezembro.

Michelle Pfeiffer como Selina Kyle continua sendo uma das melhores performances em filme de super-herói. Ponto.

‘Homem-Aranha no Aranhaverso’ — o melhor filme de super-herói que também é de Natal

Vou ser direto: ‘Homem-Aranha no Aranhaverso’ é, possivelmente, o melhor filme de super-herói já feito. A animação revolucionária, a trilha sonora impecável, a história de origem de Miles Morales contada com precisão emocional — tudo funciona em níveis que outros filmes do gênero raramente alcançam.

E acontece no Natal.

Não é o foco central, mas está em todo lugar: neve caindo sobre o Brooklyn, decorações nas ruas, aquela luz dourada de fim de ano permeando as cenas mais íntimas. A primeira cena divulgada do filme mostrava exatamente isso — Miles caminhando por uma Nova York natalina antes de sua vida virar de cabeça para baixo.

O que faz ‘No Aranhaverso’ funcionar como filme de Natal é o mesmo que faz funcionar como filme, ponto: é sobre família, sobre legado, sobre aceitar responsabilidade mesmo quando você não se sente pronto. Miles perde uma figura paterna e ganha várias outras versões de si mesmo de universos paralelos. É encontrar família nos lugares mais improváveis — tema natalino por excelência.

Detalhe que pouca gente sabe: a produção lançou um álbum de Natal real, ‘A Very Spidey Christmas’, baseado em uma piada do filme. Shameik Moore e Jake Johnson cantando músicas natalinas como seus personagens. Existe. É bizarro. É maravilhoso.

O padrão por trás da lista

Olhando para essa seleção, o padrão fica claro: os melhores filmes de super-heróis natalinos não são sobre Natal — são sobre os temas que associamos ao Natal. Família encontrada. Redenção. Pessoas imperfeitas tentando fazer a coisa certa. Pertencimento.

A ambientação natalina funciona como amplificador emocional. Quando Billy Batson aceita seus irmãos adotivos em frente às luzes de Natal, o momento ganha peso extra. Quando Tony Stark destrói suas armaduras como presente, o gesto significa mais por ser dezembro. O cenário não é acidental — é ferramenta narrativa.

Se você está procurando algo diferente para assistir nas festas, qualquer um desses seis funciona. ‘Shazam!’ para famílias com crianças. ‘Guardiões’ para algo rápido e divertido. ‘Batman: O Retorno’ para quem curte Natal com uma dose de melancolia gótica. ‘No Aranhaverso’ para impressionar qualquer pessoa que ainda não viu.

Super-heróis e Natal combinam mais do que parece. Ambos são sobre acreditar em algo maior que você mesmo.

Para ficar por dentro de tudo que acontece no universo dos filmes, séries e streamings, acompanhe o Cinepoca também pelo Facebook e Instagram!